Índice
- O que são micronutrientes e por que são tão importantes?
- Importância do boro no cafeeiro
- Importância do zinco no cafeeiro
- Manejo correto de boro e zinco
- Conclusão
- Glossário
- Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
- Perguntas Frequentes
- Artigos Relevantes
A nutrição das plantas, junto com o clima e a atividade dos microrganismos no solo, é um dos pilares para uma boa produção agrícola. Micronutrientes como o boro e o zinco desempenham um papel fundamental nesse processo.
Cada tipo de nutriente possui suas próprias características, como as fontes onde é encontrado, a forma como a planta o absorve, os níveis recomendados, sua movimentação no solo e na planta, e o pH ideal para sua absorção.
Por isso, fazer o manejo correto de micronutrientes é um passo fundamental que pode ajudar você a garantir a produtividade do seu cafezal.
Neste artigo, vamos detalhar a importância de dois micronutrientes específicos, o boro e o zinco, para a cultura do café, e mostrar as melhores formas de corrigir suas deficiências na lavoura. Acompanhe!
O que são micronutrientes e por que são tão importantes?
Os nutrientes minerais que as plantas precisam são divididos em dois grupos: macro e micronutrientes. A diferença entre eles está na quantidade que a planta necessita para se desenvolver bem.
Apesar de serem necessários em pequenas quantidades, os micronutrientes podem limitar a produtividade tanto quanto os macronutrientes se estiverem em falta.
Isso é explicado pela Lei do Mínimo, que diz que a produção de uma lavoura é definida pelo elemento que está mais escasso no solo, não importa se ele é um macro ou um micronutriente.
Para um nutriente ser considerado essencial, ele precisa cumprir três critérios:
- Fazer parte de um composto vital para a planta (como uma enzima ou clorofila).
- Ser indispensável para que a planta complete todo o seu ciclo de vida (crescer, florescer e produzir sementes).
- Não poder ser substituído por nenhum outro elemento para exercer sua função.
Os micronutrientes essenciais para as plantas são: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e zinco (Zn).

Cada um deles tem funções específicas no metabolismo da planta. No Brasil, as deficiências de boro e zinco são bastante comuns na agricultura.
Importância do boro no cafeeiro
Funções do Boro
O boro é um micronutriente essencial que desempenha múltiplas funções na planta, como:
- Germinação do grão de pólen e crescimento do tubo polínico: Essa é uma função crucial. Em outras palavras, o boro é fundamental para o pegamento da florada, influenciando diretamente o potencial de produção de frutos.
- Divisão celular e formação da parede celular: Ele participa da síntese de celulose e lignina, que são componentes da estrutura da planta. Isso aumenta a resistência do cafeeiro ao ataque de pragas e doenças.
- Transporte de açúcares: Ajuda a mover os açúcares produzidos nas folhas para outras partes da planta, como frutos e raízes.
- Crescimento dos meristemas: Atua nas pontas dos ramos e raízes, onde o crescimento acontece.
Sintomas da Deficiência de Boro
A deficiência de boro é comum no campo porque ele se move facilmente no solo e pode ser “lavado” pela chuva (processo chamado de lixiviação).
Os principais sintomas dessa deficiência no cafezal aparecem nas folhas novas e nas regiões de crescimento. Fique atento a estes sinais:
- Folhas novas menores, de cor verde-clara e com deformações.
- Diminuição do crescimento das raízes.
- Morte da gema apical (o “olho” na ponta do ramo) e surgimento de muitos brotos laterais (superbrotação).
- Baixo pegamento de florada, resultando em menos “chumbinhos”.
Como Corrigir a Falta de Boro
O boro se move com facilidade no solo, mas tem baixa mobilidade dentro da planta (é imóvel no floema, o sistema que transporta nutrientes). Por isso, a recomendação principal é fazer a correção de boro via solo.
Os teores ideais são de 40-80 ppm na análise foliar, ou acima de 0.5 mg/dm³ na análise de solo. Se seus resultados estiverem abaixo desses valores, a correção é recomendada.
As principais fontes de boro para aplicação no solo são o ácido bórico, o Boráx e a ulexita. Os dois primeiros se dissolvem bem em água. A solubilidade da ulexita varia dependendo da sua composição.
- Recomendação base:
6,5 gramasde Boro (B) por saca de café produzida. - Exemplo prático: Para uma lavoura com produtividade de
30 sacas/ha, seriam necessários cerca de200 g/hade B, o que representa aproximadamente1 kg/hade ácido bórico.
Contudo, como o boro é facilmente perdido pela lixiviação, não é raro que os agrônomos recomendem doses maiores, variando de 2 a 6 kg/ha de boro, para garantir que a planta receba o suficiente.
Cuidado com a Toxidez
A diferença entre a dose certa e o excesso é pequena. Níveis de boro próximos de 100 ppm na análise foliar já são considerados tóxicos. Os sintomas de excesso são folhas com manchas amarelas e verdes (rajadas) e com as bordas deformadas.
Importância do zinco no cafeeiro
Funções do Zinco
O zinco também é um micronutriente essencial com múltiplas funções na planta, incluindo:
- Componente de enzimas: Ele faz parte de enzimas importantes que atuam como “ferramentas” nas reações da fotossíntese, processo em que a planta produz seu próprio alimento (glicose).
- Síntese de triptofano: Este aminoácido é o precursor da auxina, um hormônio vegetal fundamental que atua como regulador do crescimento da planta.
- Importante na síntese de proteínas: Ajuda na formação de proteínas essenciais para o desenvolvimento do cafeeiro.
Sintomas da Deficiência de Zinco
A deficiência de zinco é comum em cafezais. Assim como o boro, o zinco tem baixa mobilidade na planta, e por isso os sintomas aparecem primeiro nas folhas novas. Os sinais mais comuns são:
- Folhas alongadas, finas (“folha de zinco”) e com as bordas enroladas.
- Nervuras que permanecem verdes, enquanto o resto da folha (limbo foliar) fica amarelado.
- Encurtamento dos internódios nas pontas dos ramos, fazendo com que as folhas fiquem amontoadas (formação de roseta).
- Redução no tamanho dos frutos.
Atenção: Os sintomas de deficiência de zinco são muito semelhantes aos sintomas de intoxicação por glifosato. É fundamental investigar a origem do problema para decidir o manejo correto.
Como Corrigir a Falta de Zinco
A correção de zinco no cafeeiro pode ser feita tanto via solo quanto via foliar. Os teores ideais são de 8 a 20 ppm na análise de folhas e em torno de 3 mg/dm³ na análise de solo.
Para a adubação via solo, uma recomendação comum é de 6 kg/ha de zinco. Ao aplicar no solo, fique atento a alguns fatores que podem diminuir a disponibilidade de zinco para a planta:
- Presença de fósforo (P) em excesso.
- Solos com textura mais arenosa.
- Aumento do pH do solo (solos muito corrigidos).
Cuidado com a Toxidez
Os níveis de toxidez por zinco podem variar com a fase da cultura, mas valores acima de 20 ppm nas folhas já são considerados um sinal de alerta.
O excesso de zinco aplicado durante a florada pode causar abortamento de flores, impactando diretamente a produção. Por isso, o monitoramento das quantidades de zinco no solo e na folha, junto com o acompanhamento das atividades de manejo, é crucial.
Manejo correto de boro e zinco
O manejo cuidadoso dos nutrientes no solo é decisivo para o bom desenvolvimento da lavoura e para que ela atinja seu máximo potencial produtivo.
No caso dos micronutrientes, o cuidado precisa ser redobrado. Como eles são necessários em pequenas quantidades, um erro de cálculo ou uma falha na aplicação pode facilmente causar deficiência ou toxidez.
Isso acontece com frequência com o zinco e o boro. Suas concentrações devem ser bem manejadas e monitoradas através de análises de solo e foliares periódicas.
Abaixo, apresentamos uma tabela com valores de referência para os teores foliares adequados de boro e zinco ao longo do ano, para lavouras de café arábica em produção.
Conclusão
O manejo adequado de nutrientes é um fator primordial para o sucesso do seu cafezal.
Seja no momento de corrigir os teores no solo ou durante a fertilização de rotina, fornecer as quantidades certas de nutrientes viabiliza o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade do cafeeiro.
As recomendações de produtos, doses e épocas de aplicação são especialmente importantes para o manejo de micronutrientes como o zinco e o boro, onde a margem para erro é pequena.
Para garantir os melhores resultados, a consulta com seu engenheiro agrônomo ou técnico de confiança é sempre o procedimento ideal. Ele poderá tirar suas dúvidas e ajudar a definir a melhor estratégia para sua lavoura.

Glossário
Auxina: Hormônio vegetal que regula o crescimento da planta, especialmente o alongamento dos caules. O zinco é essencial para sua produção, e a falta desse nutriente resulta em ramos com internódios curtos e folhas amontoadas (roseta).
Gema apical: Ponto de crescimento localizado na extremidade de um ramo, também conhecido como “olho” do cafeeiro. A morte da gema apical é um sintoma clássico da deficiência de boro, levando à superbotação.
Lei do Mínimo: Princípio que diz que a produtividade de uma lavoura é limitada pelo nutriente em menor disponibilidade, seja ele macro ou micronutriente. É como um barril cuja capacidade é definida pela sua tábua mais curta.
Lixiviação: Processo de “lavagem” de nutrientes do solo pela água da chuva ou irrigação, que os move para camadas mais profundas, fora do alcance das raízes. O boro é um nutriente muito suscetível à lixiviação.
Micronutrientes: Elementos essenciais que as plantas necessitam em pequenas quantidades, como o boro e o zinco. Apesar da baixa exigência, sua falta pode limitar a produtividade tanto quanto a de um macronutriente (NPK).
Pegamento da florada: Processo de fecundação das flores que resulta na formação dos frutos iniciais, conhecidos como “chumbinhos”. O boro é fundamental para esta etapa, influenciando diretamente o potencial produtivo do cafezal.
ppm (partes por milhão): Unidade de medida usada em análises de solo e foliares para indicar a concentração de um elemento. Por exemplo, um resultado de 10 ppm de zinco significa que há 10 partes de zinco para cada 1 milhão de partes de amostra.
Toxidez: Efeito prejudicial causado pelo excesso de um nutriente na planta, que pode ser tão danoso quanto a sua falta. Para micronutrientes como boro e zinco, a diferença entre a dose correta e a dose tóxica é muito pequena.
Veja como o Aegro pode ajudar a superar esses desafios
Garantir que o cafezal receba as doses exatas de boro e zinco, sem pecar pela falta ou pelo excesso, é um desafio complexo. Um simples erro no planejamento da aplicação não só compromete a produtividade, como também gera custos desnecessários com insumos. Um software de gestão agrícola como o Aegro ajuda a resolver isso centralizando o planejamento e o registro de todas as atividades de manejo. Assim, você garante que a dose correta será usada no momento certo, evitando perdas por deficiência ou toxicidade.
Além do controle operacional, a plataforma automatiza o acompanhamento dos custos de produção. Cada aplicação de fertilizante é registrada, permitindo que você saiba exatamente quanto está investindo em nutrição por talhão e tome decisões mais seguras para garantir a lucratividade da safra.
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Perguntas Frequentes
Qual a principal diferença entre macronutrientes e micronutrientes como boro e zinco?
A principal diferença está na quantidade que a planta necessita. Macronutrientes, como Nitrogênio (N) e Fósforo (P), são exigidos em grandes volumes. Já os micronutrientes, como boro (B) e zinco (Zn), são necessários em quantidades muito pequenas, mas sua falta pode limitar a produtividade da mesma forma, conforme explica a Lei do Mínimo.
Como posso identificar a deficiência de boro no meu cafezal?
Os sintomas da falta de boro aparecem nas partes novas da planta. Fique atento a folhas novas menores e deformadas, morte da gema apical (o ‘olho’ do ramo) seguida por uma brotação lateral excessiva (superbrotação) e, principalmente, um baixo pegamento da florada.
As folhas novas do meu café estão finas e amareladas, mas as nervuras continuam verdes. O que pode ser?
Esses são sintomas clássicos da deficiência de zinco, que causa o encurtamento dos internódios (folhas amontoadas) e folhas com o limbo amarelado e nervuras verdes. É crucial, no entanto, investigar se não houve deriva de herbicida, pois esses sinais são muito parecidos com a intoxicação por glifosato.
Por que o manejo de boro e zinco é considerado tão delicado no café?
O manejo é delicado porque a diferença entre a dose ideal e a dose tóxica é muito pequena. Um pequeno erro no cálculo da aplicação pode levar tanto à deficiência, que limita a produção, quanto ao excesso (toxidez), que causa danos à planta, como o abortamento de flores no caso do zinco.
Qual é a melhor forma de corrigir a falta de boro no cafeeiro: via solo ou foliar?
A recomendação principal é a correção de boro via solo. Apesar de ele se mover bem no solo, o boro tem baixa mobilidade dentro da planta. A aplicação no solo garante um fornecimento mais contínuo e eficaz para as áreas de crescimento, onde ele é mais necessário.
Como posso saber com certeza se preciso aplicar boro e zinco na minha lavoura?
A forma mais segura e eficiente é através de análises de solo e foliares periódicas. Esses exames mostram os níveis exatos de cada nutriente disponível para a planta, permitindo que você e seu agrônomo definam a dose correta para a correção, evitando tanto a falta quanto o excesso.
Artigos Relevantes
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![Boro e Zinco no Café: Funções, Deficiência e Como Aplicar [Guia]](/images/blog/geradas/boro-e-zinco-no-cafe-como-evitar-deficiencias-e-aumentar-produtividade.webp)