Índice
- O que é glifosato?
- Você sabia?
- Herbicida sistêmico: como funcionam?
- Como o glifosato funciona?
- Como usar o glifosato corretamente?
- Quanto tempo depois de usar glifosato pode plantar?
- Reavaliação toxicológica do herbicida sistêmico glifosato
- Em quais situações o glifosato pode ser utilizado?
- Quais plantas são resistentes ao glifosato?
- Qual o tipo de mato que o glifosato mata?
- Como aplicar um herbicida sistêmico?
- Como os herbicidas se movem na planta?
- O que acontece quando o herbicida precisa percorrer uma longa distância na planta?
- Para que serve o glifosato e por que é tão usado na agricultura?
- Vantagens e desvantagens do uso do glifosato
- Perguntas frequentes sobre o glifosato
- Uso do glifosato no Brasil
- Glossário
- Comparativo de Herbicidas para Controle de Plantas Daninhas
- Conclusão
O glifosato é um dos herbicidas mais utilizados no Brasil e no mundo, essencial para o controle de plantas daninhas em diferentes culturas. Mas o que é um herbicida e para que serve o glifosato? Ele é um herbicida sistêmico de amplo espectro, capaz de eliminar gramíneas, folhas largas e até plantas perenes, sendo amplamente empregado no plantio direto e em lavouras transgênicas resistentes.
Neste guia, você vai entender o que é glifosato, o que ele mata, quanto tempo depois de usar glifosato pode plantar, além de conhecer a forma certa de aplicar glifosato, os benefícios e desvantagens de seu uso e para quais culturas ele é recomendado.
Também vamos abordar se o glifosato faz mal para animais, sua toxicidade e como utilizá-lo de forma segura e eficiente no contexto do uso do glifosato no Brasil.
Boa leitura!
O que é glifosato?
O glifosato é uma substância química que é ingrediente ativo de vários herbicidas e defensivos agrícolas utilizados no controle de plantas daninhas. Composto por organofosforado, está presente em centenas de formulações comerciais registradas em diferentes países, incluindo o Brasil.
A substância não afeta sementes no solo e é muito usada na agricultura para controlar plantas daninhas anuais, perenes e aquáticas.
Aplicado em pós-emergência, é um herbicida sistêmico, não seletivo e com alta translocação, atingindo diferentes estágios das espécies-alvo.
Sua ação ocorre via pulverização, sendo absorvido pelas folhas e distribuído por toda a planta, onde interfere em sistemas enzimáticos. Após a aplicação, as plantas daninhas morrem lentamente, com efeitos visíveis em dias ou semanas.

Figura 1. Molécula do glifosato. Fonte: molekuul.be (2020).
Você sabia?
“O glifosato foi descoberto na década de 1970 e, desde então, tornou-se o herbicida mais utilizado no mundo. Uma de suas características mais marcantes é que ele atua apenas nas plantas que já emergiram, sem afetar sementes que ainda estão no solo. Além disso, sua ação ocorre por meio de uma rota metabólica presente em plantas, fungos e algumas bactérias, mas ausente nos animais, o que explica sua toxicidade seletiva.”
Herbicida sistêmico: como funcionam?
Os herbicidas podem ser classificados de acordo com a sua translocação na planta. Assim, podem ser de contato ou sistêmicos.
Os herbicidas de contato agem no local de absorção, sem se mover internamente. Exemplos incluem diquat, paraquat e lactofen.
Já os sistêmicos se deslocam pelo xilema, floema ou ambos, atingindo diferentes partes da planta. Com isso, os exemplos de herbicidas sistêmicos incluem:
- Picloram;
- 2,4-D;
- Glifosato;
- Imazethapyr;
- Flazasulfuron;
- Nicosulfuron.
Como o glifosato funciona?
O glifosato é um herbicida sistêmico e não seletivo que atua inibindo a enzima 5-enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs), essencial na rota do ácido chiquímico.
Essa via metabólica é exclusiva de plantas, fungos e algumas bactérias, mas não existe em animais, o que explica sua toxicidade seletiva.
O seu mecanismo de ação funciona em 4 etapas, que são classificados como:
- Absorção: É aplicado via pulverização e absorvido principalmente pelas folhas das plantas;
- Translocação: Após a absorção, se desloca pelo xilema e floema, alcançando diversas partes da planta, incluindo raízes e pontos de crescimento;
- Interferência metabólica: Inibindo a enzima EPSPs, o glifosato impede a síntese de aminoácidos essenciais (fenilalanina, tirosina e triptofano), fundamentais para o crescimento e desenvolvimento vegetal;
- Efeito na planta: Sem esses aminoácidos, a planta não consegue produzir proteínas essenciais, levando à interrupção do crescimento, amarelecimento (clorose) e morte gradual em dias ou semanas.
Figura 2. Detalhes dos mecanismos de ação do glifosato.
Fonte: EMBRAPA (2023).
O glifosato é eficaz contra ervas daninhas anuais, perenes e aquáticas, sendo uma das técnicas mais usadas no manejo agrícola, especialmente em culturas transgênicas resistentes ao glifosato, como soja, milho e algodão.
Como usar o glifosato corretamente?
Para usar o glifosato é preciso estar atento às condições ambientais, como a velocidade do vento, umidade relativa do ar, formação de orvalho e temperatura influenciam na eficiência da pulverização.
Além disso, se chover nas primeiras 6 horas após a aplicação, o processo deve ser refeito. Outras condições também podem influenciar o controle de plantas daninhas, como:
- Qualidade da água
- Pressão do pulverizador
- Uso de adjuvantes
- Tipo de bico e tamanho da gota
Plantas daninhas jovens são mais fáceis de controlar do que adultas. O uso correto do herbicida exige seguir as instruções do rótulo e da bula, além do uso de EPI para segurança.
Após a aplicação, limpe o pulverizador e descarte as embalagens corretamente. Em caso de dúvidas, consulte a NR-31 ou um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).
Quanto ao número de aplicações, na maioria dos casos, uma basta para controlar plantas daninhas. Mas, algumas espécies, como a tiririca (Cyperus rotundus), exigem pulverizações repetidas devido à sua rede de tubérculos.
Após a aplicação, os principais sintomas incluem amarelecimento, murcha e necrose, levando à morte da planta em dias ou semanas, dependendo de fatores como:
- Espécie-alvo;
- Estágio de desenvolvimento;
- Dosagem do herbicida.

Vale ressaltar que qualquer herbicida utilizado de forma equivocada pode levar à seleção de biótipos de plantas resistentes.
Perguntas frequentes sobre o glifosato
Apesar de sua eficácia, ainda gera debates sobre segurança, uso adequado e impactos ambientais, por isso reunimos abaixo respostas para as dúvidas mais comuns.
O que o glifosato mata?
O glifosato mata plantas daninhas de folhas largas, gramíneas daninhas, culturas não transgênicas (que não são resistentes ao glifosato) e rebrote de plantas lenhosas e invasoras.
Isso acontece por ser um herbicida sistêmico de amplo espectro, ou seja, mata principalmente plantas, inibindo a enzima EPSP sintase, envolvida na produção de aminoácidos que as plantas precisam para crescer.
Qual a dosagem do glifosato para 20 litros de água?
A dosagem de glifosato para 20 litros de água varia de acordo com concentração do produto e o tipo de planta daninha que você quer controlar. Neste caso, você pode optar por:
- 100 a 150 mL de glifosato para 20 litros de água, em caso de plantas daninhas de folhas largas ou gramíneas menores;
- 200 a 300 mL para 20 litros de água para plantas daninhas mais resistentes, lenhosas ou em estágio avançado.
Recomendamos que sempre leia o rótulo e a bula do produto comercial que você está usando e que use equipamento de proteção individual (EPI).
Qual a toxicidade do glifosato?
A toxicidade do glifosato é considerada baixa para humanos e animais, mesmo em exposições normais, como no uso agrícola seguindo as recomendações de segurança.
Quanto à toxicidade aguda, sua DL50 oral em ratos é superior a 5.000 mg/kg, o que indica baixa toxicidade (quanto maior a DL50, menor o risco).
Pela via dérmica, o glifosato também apresenta baixa toxicidade, e pela via inalatória, embora a toxicidade continue sendo baixa, pode causar irritação caso haja exposição à névoa ou vapores do produto.
Glifosato faz mal para animais?
O glifosato puro apresenta baixa toxicidade aguda para mamíferos, incluindo animais domésticos e de produção, quando usado conforme a bula.
Entretanto, as formulações comerciais contêm surfactantes e outros adjuvantes que podem causar vômitos, diarreia, letargia, taquicardia e até convulsões em casos de ingestão ou contato direto.
Peixes e anfíbios são mais sensíveis, e a exposição crônica pode afetar reprodução, hormônios e comportamento. Além disso, a toxicidade varia conforme a formulação comercial, já que surfactantes e adjuvantes podem aumentar os riscos. Por isso, recomenda-se sempre evitar que animais tenham acesso a áreas tratadas até a secagem completa da calda.
Qual a diferença entre Roundup e glifosato?
Glifosato é o princípio ativo, ou seja, a substância química responsável por eliminar plantas daninhas. O Roundup é uma marca comercial de herbicida à base de glifosato, desenvolvida pela Monsanto (hoje Bayer).
A principal diferença entre eles é que o glifosato pode estar presente em produtos de diferentes fabricantes, enquanto o Roundup é uma formulação específica que, além do glifosato, contém outras substâncias.
Uso do glifosato no Brasil
O glifosato é o herbicida mais utilizado no Brasil, respondendo por cerca de um terço das vendas de defensivos agrícolas no país, segundo estimativas de relatórios oficiais.. Sua adoção está fortemente ligada a três pilares:
- Plantio direto: essencial no manejo da palhada, permitindo a semeadura de culturas sem revolvimento do solo. Estima-se que mais de 70% das áreas de grãos utilizam glifosato nesse sistema.
- Culturas transgênicas resistentes (RR): soja, milho e algodão ocupam milhões de hectares no território nacional, consolidando o herbicida como ferramenta de primeira escolha.
- Flexibilidade de uso: além das culturas principais, é aplicado em cana-de-açúcar (como maturador), arroz, feijão, café e trigo.
Do ponto de vista regulatório, a Anvisa reavaliou o glifosato em 2019, mantendo sua autorização de uso ao não encontrar evidências conclusivas de carcinogenicidade ou mutagenicidade.

Apesar disso, o produto segue alvo de debates ambientais e sociais, principalmente quanto ao risco de resistência de plantas daninhas e à necessidade de manejo integrado de herbicidas (MIH).
Glossário
Para facilitar a compreensão dos termos técnicos utilizados neste artigo, apresentamos as principais definições:
EPSPs (5-enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase): Enzima essencial para a síntese de aminoácidos aromáticos em plantas, fungos e algumas bactérias. É o alvo específico do glifosato, sendo inibida por este herbicida.
Floema: Tecido vascular das plantas responsável pelo transporte de açúcares, aminoácidos e outros compostos orgânicos das folhas para outras partes da planta, incluindo raízes e pontos de crescimento.
Herbicida sistêmico: Tipo de herbicida que é absorvido pela planta e transportado internamente através dos vasos condutores (xilema e floema), atingindo diferentes partes da planta, incluindo raízes e pontos de crescimento.
Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD): Estratégia que combina diferentes métodos de controle (químico, mecânico, cultural e biológico) para prevenir e controlar plantas daninhas de forma sustentável, reduzindo o risco de resistência.
Pós-emergência: Aplicação de herbicida após a germinação e emergência das plantas daninhas ou da cultura, quando as plantas já estão visíveis acima do solo.
Resistência de plantas daninhas: Capacidade hereditária de uma planta daninha sobreviver e se reproduzir após exposição a uma dose de herbicida que normalmente seria letal para a população da mesma espécie.
Xilema: Tecido vascular das plantas responsável pelo transporte de água e nutrientes minerais das raízes para as folhas, seguindo o fluxo da transpiração.
Comparativo de Herbicidas para Controle de Plantas Daninhas
Para auxiliar na escolha do herbicida mais adequado para cada situação, apresentamos uma tabela comparativa dos principais produtos utilizados no controle de plantas daninhas:
| Herbicida | Tipo | Espectro de Ação | Momento de Aplicação | Principais Vantagens | Limitações |
|---|---|---|---|---|---|
| Glifosato | Sistêmico | Amplo espectro | Pós-emergência | Baixo custo, fácil aplicação, compatível com transgênicos | Não atua no banco de sementes, risco de resistência |
| 2,4-D | Sistêmico | Folhas largas | Pós-emergência | Eficaz contra dicotiledôneas, baixo custo | Fitotoxicidade em culturas sensíveis, deriva |
| Atrazina | Sistêmico | Folhas largas e gramíneas | Pré e pós-emergência | Residual prolongado, controla banco de sementes | Persistência no solo, restrições ambientais |
| Paraquat | Contato | Amplo espectro | Pós-emergência | Ação rápida, não sistêmico | Alta toxicidade, não controla raízes |
| Imazethapyr | Sistêmico | Folhas largas e gramíneas | Pré e pós-emergência | Seletivo para leguminosas, longo residual | Carryover, sensibilidade de culturas subsequentes |
| Clethodim | Sistêmico | Gramíneas | Pós-emergência | Seletivo para folhas largas, eficaz em gramíneas | Espectro limitado, custo mais elevado |
Como o Aegro Otimiza a Gestão de Herbicidas
O Sistema Aegro oferece ferramentas especializadas para maximizar a eficiência do controle de plantas daninhas e reduzir custos operacionais:
Controle de Aplicações
- Registro detalhado de todos os herbicidas aplicados por talhão
- Histórico completo de tratamentos e resultados obtidos
- Monitoramento de eficácia para cada produto utilizado
Gestão de Custos
- Análise de custo por hectare de cada herbicida
- Comparativo de eficiência entre diferentes produtos
- Controle de estoque e previsão de compras
Manejo de Resistência
- Rotação inteligente de princípios ativos
- Alertas automáticos para evitar uso excessivo do mesmo produto
- Relatórios de resistência por área e espécie daninha
Conformidade e Rastreabilidade
- Registro automático de período de carência
- Controle de receituário agronômico integrado
- Relatórios para certificações e auditorias
Planejamento Estratégico
- Cronograma de aplicações baseado no histórico da propriedade
- Previsão de gastos com defensivos por safra
- Análise de ROI para diferentes estratégias de controle
💡 Resultado: Produtores que utilizam o Aegro relatam redução de até 15% nos custos com herbicidas através do manejo mais eficiente e da prevenção de aplicações desnecessárias.
Conheça o Sistema Aegro e descubra como otimizar o controle de plantas daninhas na sua propriedade.
Conclusão
O glifosato segue sendo um dos herbicidas mais importantes da agricultura moderna, principalmente pelo amplo espectro de controle, custo acessível e facilidade de aplicação em diferentes sistemas produtivos. Quando usado de forma técnica e integrada a outras práticas de manejo, ajuda a manter a lavoura livre de plantas daninhas, aumenta a eficiência operacional e preserva o potencial produtivo das culturas.
Apesar de sua baixa toxicidade quando aplicado corretamente, o uso contínuo e sem rotação pode favorecer a resistência de espécies e comprometer a eficácia no médio prazo. Por isso, a recomendação é aliar o glifosato a estratégias de manejo integrado de plantas daninhas (MIPD), com rotação de princípios ativos, controle mecânico e cultural, garantindo sustentabilidade e eficiência no longo prazo.

