Artigos sobre 24d Veneno

O que é 24d Veneno

O termo “24d Veneno” é uma referência popular e coloquial utilizada para descrever o herbicida 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), um dos defensivos agrícolas mais antigos e amplamente empregados na agricultura brasileira. Tecnicamente, trata-se de um herbicida hormonal, mimetizador de auxinas, que atua desregulando o crescimento das plantas. Embora o termo “veneno” denote sua toxicidade, no contexto agronômico ele é uma ferramenta vital para o controle de plantas daninhas de folhas largas (dicotiledôneas), sendo seletivo para gramíneas (monocotiledôneas) como milho, trigo, pastagens e cana-de-açúcar.

Sua importância no cenário nacional cresceu exponencialmente com o aumento de casos de resistência de plantas daninhas ao glifosato, especialmente a buva (Conyza spp.) e a trapoeraba. O 2,4-D é frequentemente utilizado em manejo de dessecação pré-plantio na cultura da soja (respeitando o intervalo de segurança) e na limpeza de pastagens, onde elimina invasoras sem prejudicar o capim. A classificação como “veneno” muitas vezes surge devido aos riscos associados à sua aplicação incorreta, especificamente a deriva, que pode atingir culturas sensíveis vizinhas, como uva, hortaliças e pomares, causando prejuízos severos.

O mecanismo de ação do 2,4-D provoca um crescimento desordenado e rápido dos tecidos da planta, levando ao colapso do sistema vascular e à morte da invasora. Por ser um produto sistêmico, ele é absorvido pelas folhas e translocado para outras partes da planta, incluindo as raízes. No entanto, sua volatilidade — a capacidade de passar do estado líquido para o gasoso — exige condições climáticas e técnicas de aplicação rigorosas para evitar a contaminação ambiental e danos a terceiros, o que reforça a necessidade de conhecimento técnico para seu manuseio seguro.

Principais Características

• Mecanismo de Ação Hormonal: Atua como um mimetizador da auxina (hormônio de crescimento vegetal), causando epinastia (encarquilhamento e torção) de folhas e caules, levando a planta à exaustão metabólica.
• Seletividade: É altamente eficaz contra plantas de folhas largas (dicotiledôneas), mas não afeta gramíneas (monocotiledôneas) quando aplicado nas doses recomendadas, sendo ideal para pastagens e cereais de inverno.
• Sistêmico: Após a absorção foliar, o produto circula através do floema e xilema, atingindo pontos de crescimento e raízes, o que garante o controle eficiente de plantas perenes e de difícil manejo.
• Alta Volatilidade (dependendo da formulação): Formulações à base de éster são historicamente mais voláteis que as formulações à base de sal de amina, exigindo maior cuidado com temperatura e vento durante a aplicação.
• Sinergia com Outros Herbicidas: É frequentemente utilizado em mistura de tanque com outros princípios ativos, como o glifosato, para ampliar o espectro de controle e combater biótipos resistentes.

Importante Saber

• Risco de Deriva: A deriva do 2,4-D é uma das maiores preocupações no campo. A aplicação deve ser feita com pontas de pulverização que gerem gotas grossas a muito grossas e em condições de vento adequadas (3 a 10 km/h) para evitar que o produto atinja culturas sensíveis vizinhas.
• Intervalo de Segurança (Plant-back): Para o plantio de culturas sensíveis como a soja após a dessecação com 2,4-D, é obrigatório respeitar um período de carência (geralmente de 7 a 14 dias, dependendo da dose e formulação) para evitar a fitotoxicidade na cultura recém-plantada.
• Tecnologia de Formulação: O mercado atual oferece novas tecnologias de formulação (como sais de colina ou formulações nano) que reduzem significativamente a volatilidade e o odor, visando mitigar os riscos ambientais e operacionais.
• Uso de EPIs: Devido à sua classificação toxicológica, o uso completo de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é indispensável durante o preparo da calda e a aplicação para evitar intoxicação do operador.
• Legislação Local: Alguns estados e municípios brasileiros possuem restrições específicas ou janelas de proibição para a aplicação de 2,4-D, visando proteger cadeias produtivas sensíveis como a vitivinicultura e a fruticultura.