Construção do Perfil do Solo: Como Aumentar a Produtividade
Construção do perfil do solo: saiba quais práticas favorecem a fertilidade e como contornar os principais desafios relacionados
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A acidez do solo é uma condição química caracterizada pela alta concentração de íons de hidrogênio (H+) e, frequentemente, de alumínio tóxico (Al+3) na solução do solo, resultando em um pH abaixo de 7. No contexto do agronegócio brasileiro, esta é uma característica natural e predominante na maioria das regiões agricultáveis, especialmente nos solos de Cerrado. Isso ocorre devido aos intensos processos de intemperismo e lixiviação causados pelas chuvas tropicais, que ao longo dos anos “lavam” as bases trocáveis (cálcio, magnésio e potássio) para camadas mais profundas, deixando para trás os elementos ácidos.
Para o produtor rural, a acidez representa um dos principais fatores limitantes da produtividade agrícola. Ela afeta diretamente o desenvolvimento do sistema radicular e a disponibilidade de nutrientes essenciais. Quando o solo está ácido, elementos vitais como o fósforo tendem a ficar fixados e indisponíveis para as plantas, enquanto o alumínio se torna solúvel e tóxico, impedindo que as raízes cresçam em profundidade. Isso resulta em plantas com sistema radicular superficial, menor capacidade de absorção de água e nutrientes, e maior suscetibilidade a períodos de seca (veranicos).
O manejo dessa condição é realizado através da correção do perfil do solo, sendo a calagem a prática mais comum para neutralizar a acidez superficial. O objetivo não é apenas elevar o pH, mas também eliminar o alumínio tóxico e elevar a saturação por bases (V%), fornecendo cálcio e magnésio. Sem o controle adequado da acidez, a eficiência dos fertilizantes aplicados é drasticamente reduzida, o que compromete o retorno sobre o investimento e a rentabilidade final da safra.
Presença de Alumínio Tóxico (Al+3): Em pH baixo, o alumínio torna-se solúvel na solução do solo, causando toxicidade direta às raízes, inibindo seu crescimento e deixando-as grossas e curtas, o que limita a exploração do solo pela planta.
Baixa Disponibilidade de Nutrientes: A acidez interfere na química do solo, reduzindo a disponibilidade de macronutrientes essenciais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, mesmo que estes estejam presentes no solo.
Fixação de Fósforo: Solos ácidos tendem a fixar o fósforo de maneira muito intensa, ligando-o a óxidos de ferro e alumínio, tornando-o indisponível para absorção pelas plantas, o que exige doses maiores de adubação fosfatada.
Baixa Saturação por Bases (V%): Solos ácidos apresentam uma baixa porcentagem de saturação por bases, indicando um desequilíbrio entre os cátions básicos (nutrientes) e os cátions ácidos (H+ e Al+3) na capacidade de troca catiônica (CTC) do solo.
Redução da Atividade Biológica: O ambiente ácido é desfavorável para a maioria dos microrganismos benéficos do solo, como as bactérias fixadoras de nitrogênio e decompositores de matéria orgânica, prejudicando a ciclagem de nutrientes.
Diagnóstico via Análise de Solo: A única forma precisa de determinar a necessidade de correção é através da análise química do solo, observando indicadores como o pH (acidez ativa) e a saturação por bases (V%), para calcular a dose correta de calcário.
Diferença entre Calagem e Gessagem: Enquanto a calagem corrige a acidez nas camadas superficiais (0-20 cm) e fornece Ca e Mg, a gessagem é utilizada como condicionador de solo para reduzir a toxicidade do alumínio e levar cálcio para as camadas mais profundas (subsuperfície), melhorando o perfil do solo.
Impacto na Eficiência dos Fertilizantes: Aplicar adubos em solos não corrigidos é desperdício de recursos. Em solos com pH muito ácido, o aproveitamento dos fertilizantes pelas plantas pode cair drasticamente; a correção do pH potencializa o investimento em nutrição.
Reacidificação Natural e Contínua: A correção da acidez não é definitiva. A extração de nutrientes pelas colheitas, a lixiviação natural e o uso de certos fertilizantes nitrogenados tendem a reacidificar o solo ao longo do tempo, exigindo monitoramento e reaplicações periódicas.
Riscos da Supercalagem: O excesso de calcário, que eleva o pH acima do ideal (geralmente acima de 6,5 ou 7,0), pode causar o efeito inverso, insolubilizando micronutrientes importantes como manganês, zinco, ferro e boro, causando deficiências nas culturas.
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