Artigos sobre Adubo Ureia

O que é Adubo Ureia

A ureia agrícola é o fertilizante nitrogenado sólido mais utilizado na agricultura brasileira, caracterizando-se por apresentar a maior concentração de nitrogênio (N) entre as fontes sólidas convencionais, contendo tipicamente 46% deste nutriente. Apresenta-se na forma de grânulos ou pérolas brancas e, embora seja um composto orgânico quimicamente, é sintetizada industrialmente para aplicação no campo. Sua popularidade deve-se ao menor custo por unidade de nitrogênio entregue e à facilidade de manuseio e transporte, fatores cruciais para a logística do agronegócio nacional.

No solo, a ureia passa por um processo de hidrólise mediado pela enzima urease, transformando-se inicialmente em amônio e, posteriormente, em nitrato, formas que as plantas conseguem absorver. O nitrogênio fornecido é essencial para o desenvolvimento vegetativo, atuando diretamente na formação de clorofila, proteínas e aminoácidos, o que resulta em plantas com coloração verde intensa e alto vigor de crescimento. É amplamente demandada em culturas de alta resposta, como milho (especialmente na safrinha), trigo, pastagens, cana-de-açúcar e café.

Apesar de sua eficiência, o uso da ureia no clima tropical brasileiro exige manejo técnico apurado. Devido às altas temperaturas e condições variáveis de umidade, este fertilizante está sujeito a perdas significativas por volatilização (perda na forma de gás amônia) se não for incorporado ao solo ou se não houver precipitação logo após a aplicação. Portanto, entender a dinâmica da ureia é fundamental para garantir o retorno sobre o investimento na adubação e evitar prejuízos ambientais e econômicos.

Principais Características

• Alta Concentração de Nitrogênio: Com 46% de N, permite a aplicação de grandes quantidades de nutriente com menor volume físico de produto, otimizando o transporte e o abastecimento das plantadeiras ou distribuidores.
• Alta Solubilidade: É um fertilizante extremamente solúvel em água, o que facilita sua rápida disponibilização para as raízes, mas também exige cautela para evitar perdas por lixiviação em solos arenosos sob chuvas intensas.
• Suscetibilidade à Volatilização: Em contato com a umidade do ar ou do solo e sob ação da urease, a ureia pode se converter em gás amônia (NH3) e perder-se para a atmosfera, especialmente em aplicações superficiais sem chuva subsequente.
• Higroscopicidade Elevada: Possui grande capacidade de absorver umidade do ar, o que demanda cuidados rigorosos no armazenamento para evitar o “empedramento” (caking) e garantir a fluidez na aplicação mecanizada.
• Reação Acidificante: A longo prazo, o uso contínuo de ureia contribui para a acidificação do solo, exigindo monitoramento constante do pH e eventuais correções com calagem.

Importante Saber

• Condições Ideais de Aplicação: Para maximizar a eficiência e reduzir perdas por volatilização, a aplicação em cobertura deve ser feita preferencialmente antes de uma chuva prevista ou seguida de irrigação, garantindo que o nitrogênio penetre no perfil do solo.
• Tecnologias de Proteção: Existem no mercado ureias tratadas com inibidores de urease (como o NBPT). Essas tecnologias retardam a hidrólise do grânulo, oferecendo uma janela de tempo maior (geralmente de 7 a 14 dias) para que ocorra a chuva necessária para incorporação, reduzindo as perdas gasosas.
• Interação com a Palhada: Em sistemas de Plantio Direto, a aplicação de ureia sobre a palhada de plantas de cobertura (como braquiária ou milheto) exige atenção. A alta atividade biológica na palha pode acelerar a volatilização; por outro lado, a ureia pode ser usada estrategicamente para acelerar a decomposição de palhadas com alta relação C/N.
• Riscos de Fitotoxidez: Devido à liberação de amônia durante a hidrólise, a ureia não deve ser aplicada em contato direto com as sementes ou muito próxima às raízes de plântulas jovens, pois pode causar queima dos tecidos e comprometer a germinação ou o estande inicial.
• Manejo de Parcelamento: Devido à sua alta solubilidade e mobilidade no solo, recomenda-se o parcelamento da dose de ureia (especialmente em culturas anuais e solos arenosos) para fornecer nitrogênio conforme a demanda da planta e minimizar perdas por lixiviação.