O que é Agropecuaria Extensiva
A agropecuária extensiva é um sistema de produção caracterizado pelo baixo uso de insumos tecnológicos, capitais e mão de obra por unidade de área cultivada ou explorada. Diferente dos modelos intensivos, que buscam a maximização da produtividade através de biotecnologia, irrigação e correção de solo rigorosa, o modelo extensivo depende majoritariamente das condições naturais do ambiente, como a fertilidade original do solo e o regime de chuvas. No Brasil, este sistema está historicamente associado à ocupação de grandes latifúndios e à expansão da fronteira agrícola.
No contexto da pecuária brasileira, o sistema extensivo ainda é predominante, onde o gado é criado solto em grandes áreas de pastagem, alimentando-se de forrageiras nativas ou plantadas, sem suplementação alimentar rigorosa ou manejo rotacionado frequente. Na agricultura, o termo aplica-se a cultivos que não utilizam pacotes tecnológicos avançados, resultando em custos operacionais mais baixos, mas também em produtividades inferiores por hectare.
Embora o agronegócio brasileiro de commodities (como soja e milho mencionados na safra 2025/26) seja majoritariamente tecnificado e intensivo, a agropecuária extensiva ainda ocupa uma porção significativa do território nacional. O desafio atual deste modelo reside na necessidade de aumentar a eficiência produtiva sem a necessidade de abertura de novas áreas, promovendo a transição para sistemas mais sustentáveis e rentáveis diante da valorização das terras e dos custos fixos de propriedade.
Principais Características
- Baixo investimento por hectare: Utilização reduzida de fertilizantes, defensivos agrícolas, maquinário de ponta e tecnologias de precisão, resultando em um Custo Operacional Total (COT) menor em comparação ao sistema intensivo.
- Dependência de recursos naturais: A produção fica altamente suscetível às variações edafoclimáticas (solo e clima), pois há pouca intervenção para corrigir deficiências hídricas ou nutricionais severas.
- Grandes extensões de terra: Para compensar a baixa produtividade por unidade de área, o sistema exige grandes superfícies para alcançar um volume de produção comercialmente viável.
- Mão de obra reduzida: A demanda por trabalhadores especializados e a mecanização são menores, o que simplifica a gestão operacional, mas limita a capacidade de intervenção rápida em caso de pragas ou doenças.
- Manejo simplificado: Na pecuária, caracteriza-se pela lotação animal baixa (menos de 1 Unidade Animal por hectare) e pouca divisão de pastos; na agricultura, pelo preparo convencional do solo e menor rotação de culturas.
Importante Saber
- Diferenciação de sistemas: É crucial não confundir “extensivo” com “grande escala”. A produção de soja no Brasil é de grande escala, mas é considerada intensiva devido ao alto pacote tecnológico. O termo extensivo refere-se ao nível de tecnologia aplicada por hectare, não apenas ao tamanho da propriedade.
- Vulnerabilidade climática: Em anos de instabilidade climática, como os previstos para a safra 2025/26 com o fim do El Niño, sistemas extensivos sofrem mais perdas relativas, pois não possuem ferramentas de mitigação (como irrigação ou genética de ponta) para suportar estresses hídricos.
- Degradação de pastagens: Na pecuária, a manutenção prolongada do sistema extensivo sem reposição de nutrientes é a principal causa da degradação de pastagens no Brasil, exigindo a adoção de tecnologias de recuperação para manter a viabilidade econômica.
- Transição tecnológica: A tendência do agronegócio é a conversão de áreas extensivas para sistemas semi-intensivos ou integrados (como a Integração Lavoura-Pecuária - ILP), visando diluir os custos fixos da terra e aumentar a margem líquida.
- Impacto ambiental: Devido à necessidade de grandes áreas para produzir o mesmo volume que sistemas intensivos, o modelo extensivo sofre maior pressão por eficiência no uso da terra, visando evitar o desmatamento e otimizar áreas já abertas.