Área de Refúgio para Milho, Soja e Algodão Bt: O Guia Definitivo
A tecnologia Bt protege sua lavoura, mas a resistência de pragas é um risco real. Entenda por que a área de refúgio é essencial para preservar a tecnologia.
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As Áreas de Refúgio consistem em porções da lavoura semeadas com plantas que não possuem a tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis), ou seja, sementes convencionais ou tolerantes apenas a herbicidas, cultivadas estrategicamente próximas à cultura Bt principal. Essa prática é o pilar fundamental do Manejo de Resistência de Insetos (MRI) e é obrigatória por lei no Brasil, visando garantir a longevidade e a eficácia das tecnologias de proteção contra pragas em culturas de larga escala como milho, soja e algodão.
No contexto do agronegócio brasileiro, onde a adoção de sementes transgênicas é massiva — ultrapassando 90% em culturas como milho e algodão —, o refúgio atua como uma “zona de segurança biológica”. O objetivo técnico é permitir que insetos suscetíveis à proteína Bt sobrevivam nessa área e se acasalem com eventuais insetos resistentes provenientes da lavoura Bt. Esse cruzamento gera descendentes que continuam suscetíveis à tecnologia, diluindo os genes de resistência na população da praga e evitando que o controle biotecnológico perca sua funcionalidade precocemente.
Sem a implementação rigorosa dessas áreas, a pressão de seleção sobre as pragas aumenta drasticamente, o que pode levar à “quebra” da resistência da tecnologia em poucas safras. Portanto, a área de refúgio não deve ser encarada apenas como uma exigência burocrática, mas como uma ferramenta agronômica indispensável para a sustentabilidade econômica da produção, integrando-se diretamente às estratégias do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para reduzir a necessidade de aplicações excessivas de defensivos químicos.
Uso de sementes não-Bt: O plantio deve ser realizado obrigatoriamente com híbridos ou variedades que não expressem a proteína inseticida Bt, preferencialmente isogênicos (geneticamente semelhantes) à cultura principal.
Proximidade física: A área de refúgio deve estar localizada a uma distância máxima específica da lavoura Bt (por exemplo, recomenda-se até 800 metros para o milho), garantindo o encontro e acasalamento entre as mariposas das duas áreas.
Proporção de área: Existe um percentual técnico da área total que deve ser destinado ao refúgio, variando conforme a cultura (geralmente 10% para milho e 20% para soja e algodão no Brasil).
Sincronismo de plantio: A semeadura do refúgio deve ocorrer simultaneamente ou em janela muito próxima à da área Bt para assegurar que o desenvolvimento das plantas e o ciclo das pragas estejam sincronizados.
Manejo diferenciado: Embora o controle químico seja permitido no refúgio, ele deve seguir regras específicas para não eliminar completamente a população de insetos suscetíveis que se deseja preservar.
Proibição de produtos Bt: Jamais aplique inseticidas biológicos à base de Bacillus thuringiensis na área de refúgio, pois isso anularia o propósito de manter vivos os insetos suscetíveis.
Monitoramento rigoroso: A área de refúgio funciona como um “termômetro” da pressão de pragas; ela exige vistorias constantes e controle químico apenas quando os níveis de dano econômico forem atingidos.
Risco de resistência: A falha na adoção do refúgio é a principal causa da perda de eficiência de tecnologias transgênicas no Brasil, resultando no retorno de pragas de difícil controle e aumento de custos.
Planejamento de compra: É essencial planejar a aquisição de sementes convencionais com antecedência, garantindo disponibilidade de híbridos com ciclo e porte compatíveis com a lavoura principal.
Configuração de plantio: O refúgio pode ser plantado em blocos, faixas ou bordaduras, desde que respeite a distância máxima recomendada para permitir a migração dos insetos adultos.
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