O que é Arroz Valor
O termo “Arroz Valor” refere-se à composição do preço da saca de arroz no mercado brasileiro, englobando tanto as cotações de mercado físico (baseadas na oferta e demanda) quanto a carga tributária incidente sobre o produto. No contexto do agronegócio, entender o valor do arroz vai além de acompanhar o indicador CEPEA/ESALQ; envolve compreender como os custos de produção, a logística e, fundamentalmente, os impostos formam o preço final pago ao produtor e pelo consumidor. O arroz, sendo um item essencial da dieta brasileira e protagonista da Cesta Básica, possui um tratamento econômico e fiscal diferenciado que impacta diretamente a rentabilidade da lavoura.
Com a introdução da Reforma Tributária e a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), o conceito de valor agregado ganha destaque central. O “valor” do arroz passa a ser analisado sob a ótica do sistema de IVA (Imposto sobre Valor Agregado). Isso significa que a tributação deixará de ser cumulativa em várias etapas e passará a incidir sobre o valor que cada elo da cadeia (produtor, beneficiador, varejo) adiciona ao produto. Para o orizicultor, isso altera a dinâmica de precificação, exigindo uma gestão financeira que considere não apenas o preço de venda da saca, mas o aproveitamento correto de créditos tributários gerados na compra de insumos e maquinários.
Principais Características
- Formação de Preço pelo Mercado: O valor base é determinado pelas bolsas de mercadorias e indicadores regionais, com forte influência da safra do Rio Grande do Sul (maior produtor nacional) e da paridade de exportação/importação.
- Incidência Tributária (IBS e CBS): A transição para o modelo de IVA dual (IBS para estados/municípios e CBS para a União) altera a composição do custo, substituindo impostos antigos como ICMS, PIS e Cofins, visando simplificar a tributação sobre o valor agregado.
- Tratamento na Cesta Básica: Como produto essencial à segurança alimentar, o arroz geralmente recebe tratamento diferenciado, podendo ter alíquotas reduzidas ou zeradas no novo regime tributário, o que é determinante para a competitividade do preço final.
- Não Cumulatividade Plena: No novo sistema, o imposto pago na aquisição de insumos (sementes, fertilizantes, defensivos) gera crédito para abater o imposto devido na venda da produção, impactando o cálculo da margem líquida do produtor.
- Sazonalidade e Estoques: O valor do arroz oscila conforme a entressafra e os níveis de estoque regulador ou privado, sendo que a gestão tributária eficiente pode ajudar a mitigar perdas em momentos de baixa de preços.
Importante Saber
- Atenção à Documentação Fiscal: Com a entrada do IBS e CBS, a emissão correta de notas fiscais eletrônicas (NF-e) torna-se obrigatória e crucial para garantir o direito aos créditos tributários sobre os insumos adquiridos.
- Período de Transição: As mudanças na tributação do arroz não serão imediatas; haverá um período de transição entre 2026 e 2032, onde os sistemas antigo e novo conviverão, exigindo planejamento tributário duplo e cuidadoso.
- Impacto no Fluxo de Caixa: O produtor deve monitorar como o novo sistema de créditos afetará o capital de giro, já que o imposto é pago sobre o valor agregado e o ressarcimento de créditos precisa ser ágil para não comprometer as finanças.
- Rastreabilidade da Cadeia: O novo modelo tributário favorece quem mantém a rastreabilidade da produção, pois a transparência nas operações de compra e venda é o que garante a conformidade fiscal e evita passivos tributários.
- Consultoria Especializada: Devido à complexidade da mudança para o sistema de IVA e as especificidades do arroz na Cesta Básica Nacional, o acompanhamento contábil especializado é indispensável para definir a melhor estratégia de comercialização.