Plantio de Cana-de-Açúcar 2024/25: Guia Completo de Produção e Manejo
Cenário da cana 2024/25: produtividade em alta, mas queda do ATR desafia o lucro. Descubra como planejar seu plantio e otimizar a gestão de custos.
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O ATR, sigla para Açúcares Totais Recuperáveis, é o principal indicador de qualidade da matéria-prima no setor sucroenergético brasileiro. Em termos técnicos, ele representa a quantidade total de açúcares (sacarose e açúcares redutores) contida em uma tonelada de cana que pode ser efetivamente recuperada e convertida em produtos finais, como açúcar e etanol, durante o processo industrial. Enquanto o TCH (Toneladas de Cana por Hectare) mede o volume físico e a produtividade agrícola, o ATR mensura a concentração de energia e o rendimento industrial da lavoura.
No Brasil, o sistema de pagamento aos produtores de cana é regido pelo modelo Consecana, que utiliza o valor do ATR como base de cálculo para a remuneração. Isso significa que o produtor não é pago apenas pelo peso da cana entregue na usina, mas sim pela quantidade de açúcar que essa cana contém. Portanto, o ATR é o fiel da balança na rentabilidade do canavial: uma safra pode ter alta produtividade de biomassa, mas se o teor de açúcar for baixo, a margem de lucro do produtor pode ser comprometida, especialmente em cenários de queda no preço do quilograma do ATR no mercado.
A formação do ATR na planta é um processo fisiológico complexo que depende da interação entre a genética da variedade, o manejo nutricional e, fundamentalmente, as condições climáticas. A planta acumula sacarose como reserva de energia quando seu crescimento vegetativo é desacelerado, geralmente induzido por temperaturas mais amenas e restrição hídrica (estresse hídrico controlado) antes da colheita. Por isso, o monitoramento desse índice é vital para definir o momento exato do corte e garantir a máxima eficiência econômica.
Indicador de Qualidade Industrial: Reflete diretamente o rendimento da usina, indicando quantos quilos de açúcar ou litros de etanol serão produzidos por tonelada de cana moída.
Base de Precificação: O valor pago ao produtor é obtido multiplicando-se a quantidade de ATR (kg/t) pelo preço do ATR no mercado, que flutua conforme a oferta e demanda de açúcar e etanol.
Sazonalidade da Maturação: O teor de ATR varia ao longo da safra, sendo geralmente menor no início e no fim da moagem, e atingindo o pico nos meses de inverno e seca (meio de safra).
Composição Técnica: O cálculo do ATR leva em conta a Pol (porcentagem de sacarose aparente), a pureza do caldo e a quantidade de açúcares redutores (glicose e frutose).
Sensibilidade ao Clima: O acúmulo de açúcares é favorecido por dias ensolarados e noites frias, juntamente com a redução da disponibilidade de água no solo próximo à colheita.
Impacto das Impurezas: A presença de impurezas minerais (terra) e vegetais (palha e pontas) no carregamento reduz drasticamente o ATR, pois dificulta a extração do açúcar e aumenta as perdas industriais.
Planejamento de Colheita: É fundamental escalonar o plantio com variedades de ciclos diferentes (precoces, médias e tardias) para manter uma curva de ATR estável e elevada durante toda a janela de corte.
Uso de Maturadores: Em condições climáticas desfavoráveis ou para antecipar a colheita, o uso de maturadores químicos pode ser uma estratégia agronômica eficiente para induzir o acúmulo de sacarose e elevar o ATR.
Monitoramento Pré-Colheita: A realização de análises de pré-maturação no campo é essencial para identificar o ponto ideal de colheita, evitando o corte de cana “verde” (imatura) ou passada (isoporizada).
Correlação com a Rentabilidade: Em anos onde a projeção do preço do ATR é de queda, como observado em tendências de mercado para 2024/25, o produtor deve focar ainda mais na gestão de custos e no aumento da produtividade agrícola (TCH) para compensar a menor remuneração por qualidade.
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