O que é Barbeiro Verde

O termo “Barbeiro Verde” é uma denominação popular frequentemente utilizada no campo para se referir ao Percevejo Barriga-Verde (gênero Dichelops, sendo as espécies principais Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus). Trata-se de uma praga de grande importância econômica no sistema produtivo brasileiro, especialmente em áreas que adotam o Sistema de Plantio Direto e a sucessão de culturas Soja-Milho Safrinha. Diferente do “barbeiro” vetor da Doença de Chagas, este inseto é uma praga agrícola sugadora que ataca diretamente as plantas cultivadas.

Historicamente considerado uma praga secundária na cultura da soja, o Barbeiro Verde ganhou status de praga chave com a intensificação da agricultura e a consolidação do milho safrinha. Durante o ciclo da soja, ele se alimenta das vagens e grãos, mas é na cultura do milho, logo nas fases iniciais de desenvolvimento, que seu ataque é mais devastador. O inseto possui um estilete bucal através do qual injeta toxinas na planta ao se alimentar da seiva, causando distúrbios fisiológicos severos.

A relação deste inseto com as plantas de cobertura e a palhada é estreita e exige atenção do produtor. No sistema de Plantio Direto, a palha que protege o solo também serve de abrigo para o percevejo durante a entressafra ou períodos de diapausa. Ele se esconde sob os restos culturais (como a palhada de milheto, braquiária ou da própria soja) para sobreviver a condições adversas e, assim que a nova cultura emerge (principalmente o milho), ele sai do abrigo para atacar o caulículo das plântulas, comprometendo o estande e o vigor da lavoura desde o início.

Principais Características

  • Morfologia: O adulto possui coloração dorsal marrom-acinzentada e o abdômen (ventre) verde, característica que lhe confere o nome mais técnico de “barriga-verde”.
  • Espinhos Pronotais: Apresenta dois “espinhos” pontiagudos na região anterior do tórax (pronoto), o que ajuda a diferenciá-lo de outros percevejos como o Marrom (Euschistus heros).
  • Hábito Críptico: Possui comportamento fotonegativo durante boa parte do dia, preferindo ficar escondido sob a palhada ou torrões de solo, o que dificulta sua visualização em monitoramentos superficiais.
  • Danos no Milho: Causa o “encharutamento” das plantas, onde as folhas novas não conseguem desenrolar, além de perfilhamento excessivo e redução drástica do porte da planta.
  • Polifagia: Alimenta-se de diversas culturas, incluindo soja, milho, trigo e diversas plantas daninhas e de cobertura, o que facilita sua permanência na área durante todo o ano.

Importante Saber

  • Monitoramento da Palhada: Ao inspecionar a área antes do plantio, não olhe apenas a parte aérea das plantas daninhas ou de cobertura; é fundamental revirar a palha para quantificar a população de percevejos abrigados no solo.
  • Ponte Verde: Plantas de cobertura mal manejadas ou dessecadas muito próximas ao plantio da cultura comercial podem servir de “ponte verde”, transferindo a população de pragas diretamente para as plântulas recém-emergidas.
  • Tratamento de Sementes: O uso de tratamento de sementes industrial com inseticidas sistêmicos (como neonicotinoides) é uma das ferramentas mais eficazes para proteger o milho nos estádios iniciais (V1 a V4).
  • Manejo Antecipado: A aplicação de inseticidas na dessecação pré-plantio (manejo de outono/inverno) é crucial para reduzir a população inicial da praga e evitar danos irreversíveis na emergência da cultura.
  • Confusão de Nomes: É vital não confundir o dano deste inseto com deficiências nutricionais ou problemas genéticos; o sintoma de folhas perfuradas transversalmente e plantas dominadas é típico do ataque de Dichelops.
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