Artigos sobre Besourinho Marrom Pequeno

O que é Besourinho Marrom Pequeno

Embora o termo “besourinho” seja coloquialmente utilizado por muitos produtores rurais para descrever pequenos insetos de carapaça dura encontrados na lavoura, no contexto das grandes culturas de grãos como soja e milho, esta designação refere-se frequentemente ao Percevejo-marrom (Euschistus heros). Apesar da confusão visual devido ao seu corpo em formato de escudo e coloração escura, este inseto não é biologicamente um besouro (ordem Coleoptera), mas sim um percevejo da ordem Hemiptera, pertencente à família Pentatomidae.

Esta praga é considerada atualmente uma das maiores ameaças à produtividade agrícola no Brasil, especialmente nas regiões de clima tropical e subtropical. O “besourinho marrom” ou percevejo-marrom é um inseto fitófago, ou seja, alimenta-se de plantas. Ele possui um aparelho bucal sugador (estilete) que perfura os tecidos vegetais para extrair a seiva, causando danos diretos aos grãos e sementes, além de injetar toxinas que podem provocar distúrbios fisiológicos na planta, como a retenção foliar (soja louca) e o abortamento de vagens.

A sua prevalência aumentou significativamente com a adoção do sistema de plantio direto e das culturas de sucessão (como soja-milho), pois o inseto consegue sobreviver na entressafra abrigado na palhada ou alimentando-se de plantas daninhas e hospedeiros alternativos. Sua capacidade de adaptação e resistência a diversos inseticidas torna o manejo desta praga um desafio constante para o agronegócio brasileiro.

Principais Características

• Morfologia e Aparência: Os adultos possuem coloração marrom-escura e um corpo com formato de escudo ou triangular na parte superior. Uma característica distintiva são os dois espinhos laterais no tórax (pronoto) que se projetam para os lados.
• Tamanho: Em média, os adultos medem cerca de 7 mm a 11 mm de comprimento, o que contribui para a denominação popular de “pequeno”.
• Aparelho Bucal: Possuem um estilete longo e fino, adaptado para perfurar as vagens e atingir os grãos em formação, sugando os nutrientes essenciais.
• Ciclo de Vida: O desenvolvimento passa pelas fases de ovo, ninfa e adulto. As ninfas, nos primeiros estágios, tendem a se alimentar em grupos (gregarismo) para facilitar a perfuração dos tecidos vegetais.
• Comportamento de Hibernação: Em períodos de temperaturas mais baixas ou falta de alimento (entressafra), entram em um estado de dormência (oligopausa) sob a palhada ou em fendas no solo, aguardando condições favoráveis.

Importante Saber

• Danos Irreversíveis: O ataque durante a fase de enchimento de grãos (R5 na soja) é o mais crítico, pois a sucção direta reduz o peso, o teor de óleo e a qualidade da semente, além de favorecer a entrada de fungos patogênicos.
• Monitoramento Constante: A identificação correta deve ser feita através do pano de batida, diferenciando o percevejo-marrom de outros insetos ou predadores naturais que não causam danos econômicos.
• Mobilidade: É uma praga com alta capacidade de voo e dispersão, migrando rapidamente de áreas colhidas ou de vegetação nativa para lavouras em estágios reprodutivos.
• Resistência: O uso repetitivo dos mesmos princípios ativos químicos tem selecionado populações resistentes; portanto, a rotação de mecanismos de ação é fundamental para a eficácia do controle.
• Manejo na Entressafra: O controle não deve se limitar apenas ao período da safra; o manejo de plantas daninhas e a dessecação antecipada são estratégias vitais para reduzir a população inicial que sai da hibernação.