O que é Besourinho Pequeno Marrom
O termo “Besourinho Pequeno Marrom” é uma denominação popular que gera frequente confusão na identificação de pragas agrícolas. No contexto de grãos armazenados, refere-se geralmente a coleópteros como o Cryptolestes ferrugineus ou Tribolium castaneum. No entanto, quando observado diretamente na lavoura de culturas como soja, milho e algodão, e associado ao manejo de percevejos, esta descrição visual é frequentemente atribuída pelos produtores ao Percevejo-Castanho-da-Raiz (Scaptocoris castanea).
Embora pertença à ordem Hemiptera (percevejos) e não Coleoptera (besouros), o Scaptocoris possui características morfológicas que levam a essa confusão: possui um corpo rígido, coloração marrom-escura e pernas dianteiras adaptadas para escavar, assemelhando-se a um pequeno besouro. Diferente dos percevejos da parte aérea, como o Percevejo-Marrom (Euschistus heros), esta praga habita o solo e ataca o sistema radicular das plantas.
A identificação correta é crucial, pois o manejo para “besourinhos” (coleópteros) difere drasticamente do manejo para percevejos de solo. O ataque desta praga ocorre em reboleiras e é favorecido em solos arenosos, causando o definhamento das plantas por sucção da seiva nas raízes, o que muitas vezes é confundido com deficiência nutricional ou estresse hídrico.
Principais Características
- Morfologia enganosa: Possui corpo ovalado e convexo, coloração castanho-escura a negra, medindo entre 5 a 8 mm, o que visualmente o assemelha a um pequeno besouro.
- Pernas fossoriais: As pernas anteriores são dilatadas e adaptadas para escavar o solo, uma característica marcante que o diferencia de outros percevejos comuns na soja.
- Hábito subterrâneo: Passa a maior parte do ciclo de vida enterrado no solo, alimentando-se das raízes, sendo encontrado em profundidades que variam de 10 cm a mais de 1 metro dependendo da umidade.
- Odor característico: Assim como outros percevejos, exala um cheiro forte e desagradável (o “cheiro de percevejo”) quando o solo infestado é revolvido ou quando o inseto é manipulado.
- Mobilidade em revoada: Os adultos realizam voos de dispersão, geralmente no início da estação chuvosa, momento em que são vistos na superfície e frequentemente confundidos com besouros atraídos pela luz.
Importante Saber
- Diferenciação de pragas: É fundamental não confundir esta praga de solo com o Percevejo-Marrom (Euschistus heros), que ataca as vagens e grãos na parte aérea. O controle químico foliar focado no Euschistus tem pouca ou nenhuma eficácia sobre o Scaptocoris enterrado.
- Sintomas na lavoura: O ataque causa amarelamento, subdesenvolvimento e murcha das plantas, ocorrendo tipicamente em reboleiras (manchas circulares na lavoura) que aumentam de tamanho safra após safra se não manejadas.
- Monitoramento específico: A vistoria deve ser feita através da abertura de trincheiras no solo (aprox. 30x30x30 cm) nas áreas com histórico de ataque ou onde as plantas apresentam desenvolvimento irregular, diferentemente do pano de batida usado para percevejos da parte aérea.
- Desafio de controle: O controle químico é complexo devido à localização da praga no perfil do solo. O manejo mais eficiente envolve rotação de culturas, preparo de solo para expor as ninfas à dessecação e uso de controle biológico com fungos entomopatogênicos (como Metarhizium anisopliae) aplicados no sulco de plantio.
- Associação com Plantio Direto: O sistema de plantio direto, embora benéfico para o solo, pode favorecer a sobrevivência desta praga se não houver rotação adequada, pois o não revolvimento do solo protege as colônias subterrâneas.