O que é Besouro Bicudo

O Besouro Bicudo (Anthonomus grandis), popularmente conhecido como bicudo-do-algodoeiro, é considerado a praga mais destrutiva e economicamente impactante da cotonicultura no Brasil e nas Américas. Trata-se de um inseto da ordem Coleoptera que possui um alto potencial de reprodução e disseminação, sendo o principal fator limitante para a produtividade das lavouras de algodão. Sua introdução no país na década de 1980 foi responsável por grandes prejuízos e pela migração das áreas produtivas do Sul e Sudeste para o Cerrado (Mato Grosso e Bahia), onde o clima e as tecnologias de manejo permitiram a convivência com a praga, embora a custos elevados.

O ataque do bicudo ocorre diretamente nas estruturas reprodutivas da planta, especificamente nos botões florais e nas maçãs (frutos do algodoeiro). O inseto utiliza essas estruturas tanto para alimentação quanto para a postura de ovos (oviposição). O desenvolvimento das larvas ocorre no interior do botão ou da maçã, o que protege a praga da ação de muitos inseticidas e dificulta o controle. O dano direto resulta na queda prematura dessas estruturas, impedindo a formação da fibra e reduzindo drasticamente a produtividade final da lavoura se não houver um manejo rigoroso.

No contexto do agronegócio brasileiro, o controle do bicudo representa uma parcela significativa dos custos de produção do algodão, exigindo um número elevado de aplicações de inseticidas por safra. Diferente de outras pragas que são amplamente controladas pela tecnologia Bt (focada principalmente em lagartas/lepidópteros no algodão), o bicudo exige uma estratégia de Manejo Integrado de Pragas (MIP) robusta, que envolve desde o monitoramento constante até práticas culturais rigorosas, como a destruição de soqueiras e o respeito ao vazio sanitário.

Principais Características

  • Morfologia Distinta: O adulto possui um “bico” (rostro) longo e curvo, que corresponde a cerca de metade do comprimento do corpo, utilizado para perfurar as estruturas da planta para alimentação e postura.
  • Hábito Endofítico: As larvas se desenvolvem no interior dos botões florais e maçãs, alimentando-se dos tecidos internos, o que causa a destruição da estrutura reprodutiva e oferece proteção contra intempéries e defensivos de contato.
  • Danos de Oviposição e Alimentação: O inseto realiza orifícios de alimentação (abertos) e de oviposição (fechados com uma substância cerosa), sendo que a postura de ovos induz a planta a abortar a estrutura (queda do botão floral).
  • Alto Potencial Biótico: Uma única fêmea pode colocar centenas de ovos durante seu ciclo de vida, e em condições climáticas favoráveis (quentes e úmidas), o ciclo de ovo a adulto pode se completar em menos de 20 dias, permitindo várias gerações em uma mesma safra.
  • Comportamento de Diapausa: Em condições adversas ou na entressafra, o bicudo entra em um estado de dormência (diapausa) em refúgios de vegetação nativa ou restos culturais, sobrevivendo até a próxima safra para reinfestar a lavoura.

Importante Saber

  • Monitoramento é Crucial: A instalação de armadilhas de feromônio antes mesmo do plantio e o monitoramento visual constante (pano de batida e inspeção de botões) são fundamentais para detectar a chegada da praga e definir o momento exato de entrada com o controle químico.
  • Destruição de Soqueiras: A eliminação completa dos restos culturais (soqueiras e tigueras) logo após a colheita é a prática mais eficiente para quebrar o ciclo da praga, evitando que ela tenha alimento para sobreviver até a próxima safra (ponte verde).
  • Limitações da Tecnologia Bt: Embora a tecnologia Bt seja extremamente eficaz contra lagartas no algodão, as variedades comerciais atuais não oferecem controle completo sobre o bicudo, exigindo que o produtor mantenha o manejo químico específico para este coleóptero.
  • Risco de Resistência: Devido ao alto número de aplicações necessárias para o controle, é vital rotacionar os modos de ação dos inseticidas químicos para evitar a seleção de populações de bicudos resistentes aos defensivos disponíveis.
  • Atenção às Bordaduras: A infestação geralmente começa pelas bordas da lavoura, vindas de áreas de refúgio ou matas adjacentes; por isso, o tratamento de bordadura e o monitoramento intensificado nessas zonas são estratégias preventivas essenciais.
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