O que é Besouro Pequenininho

O termo “Besouro Pequenininho” é uma designação popular utilizada por produtores rurais e técnicos de campo para identificar um grupo de pequenos coleópteros que atacam lavouras de grãos, especialmente o milho e a soja. Embora o nome possa variar regionalmente, ele refere-se frequentemente a espécies do gênero Carpophilus (família Nitidulidae) e, em alguns casos, ao Astylus variegatus. Estes insetos, historicamente considerados pragas secundárias, têm ganhado relevância econômica no cenário agrícola brasileiro, principalmente em sistemas de produção intensiva como a safrinha de milho.

Diferente das pragas-alvo primárias controladas pela tecnologia Bt (como a Lagarta-do-cartucho ou a Broca-do-colmo), o “besouro pequenininho” muitas vezes não é afetado pelas proteínas inseticidas expressas nas plantas transgênicas atuais. Eles se aproveitam de lesões pré-existentes ou penetram diretamente nas espigas e vagens, alimentando-se de pólen, estigmas e grãos em formação. Sua presença é preocupante não apenas pelo dano físico direto, mas pela sua capacidade de atuar como vetor de patógenos.

A ascensão desses insetos está associada a desequilíbrios no agroecossistema e à redução das aplicações de inseticidas de amplo espectro, uma consequência natural e positiva da adoção da biotecnologia Bt para controle de lagartas. Sem a competição de pragas maiores e com menos pulverizações químicas, esses pequenos besouros encontraram um nicho para se multiplicar, exigindo que o produtor retome estratégias de monitoramento específico e Manejo Integrado de Pragas (MIP) voltado para coleópteros.

Principais Características

  • Morfologia e Tamanho: São insetos diminutos, geralmente medindo entre 3 a 5 milímetros de comprimento. As espécies de Carpophilus possuem coloração escura (preto ou marrom-escuro) e corpo achatado, enquanto o Astylus apresenta manchas amarelas sobre o fundo preto.
  • Hábito Críptico: Possuem comportamento de se esconderem dentro das estruturas reprodutivas das plantas, como nas axilas das folhas, dentro das espigas de milho ou nas flores da soja, o que dificulta o contato com inseticidas pulverizados.
  • Atração Olfativa: São fortemente atraídos por odores de fermentação, pólen e tecidos vegetais em decomposição ou danificados por outras pragas.
  • Danos nos Grãos: Alimentam-se diretamente dos grãos em fase leitosa e pastosa, causando perda de peso e qualidade, além de abrirem porta de entrada para umidade.
  • Associação com Fungos: Uma característica crítica é a associação com fungos produtores de micotoxinas, como Fusarium e Aspergillus, agravando problemas de grãos ardidos e podridões de espiga.

Importante Saber

  • Limitações da Tecnologia Bt: A maioria das tecnologias Bt disponíveis no mercado brasileiro foca no controle de Lepidópteros (lagartas). Portanto, o “besouro pequenininho” é considerado uma praga não-alvo e sobrevive em lavouras transgênicas se não houver manejo complementar.
  • Monitoramento Desafiador: Devido ao seu tamanho reduzido e hábito de ficar protegido dentro da espiga ou sob a palhada, a quantificação populacional é difícil. O monitoramento deve focar na fase de florescimento e enchimento de grãos.
  • Vetor de Doenças: A presença desses besouros está diretamente ligada ao aumento da incidência de podridões. O inseto carrega esporos de fungos em seu corpo, inoculando-os diretamente nos grãos durante a alimentação.
  • Manejo Químico: O controle químico é complexo devido à proteção física que a espiga oferece ao inseto. As aplicações devem ser assertivas, preferencialmente preventivas ou no início da infestação, antes que o inseto penetre profundamente na espiga.
  • Qualidade da Colheita: Altas infestações resultam em descontos significativos na comercialização devido à presença de grãos avariados, ardidos ou com níveis elevados de micotoxinas, impactando a rentabilidade final da lavoura.
💡 Conteúdo útil?

Compartilhe com sua rede

Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Besouro Pequenininho

Veja outros artigos sobre Besouro Pequenininho