Artigos sobre Bicos Pulverizacao

O que é Bicos Pulverizacao

No contexto da agricultura de precisão e da tecnologia de aplicação, os bicos de pulverização (tecnicamente denominados pontas de pulverização quando se refere ao orifício de saída) são os componentes finais do circuito hidráulico de um pulverizador. Eles são responsáveis por transformar a calda (líquido) em gotas, determinando o tamanho destas, a distribuição sobre o alvo e a vazão do produto. Embora muitas vezes tratados como peças simples, a escolha correta do bico é um dos fatores mais críticos para o sucesso da lavoura, podendo influenciar em até 30% a eficácia dos defensivos agrícolas aplicados.

É fundamental distinguir que o “bico” refere-se ao conjunto completo montado na barra, composto pelo corpo, filtro, capa e a ponta propriamente dita. A ponta é a peça de desgaste responsável pela formação do jato. Uma seleção inadequada pode resultar em desperdício de produto (chegando a 40%), falhas no controle fitossanitário, contaminação ambiental por deriva e prejuízos financeiros significativos. Portanto, o bico atua como a ferramenta de precisão que define a quantidade de produto aplicada, a uniformidade da distribuição e a cobertura da planta ou solo.

Principais Características

• Estrutura do Conjunto: O bico de pulverização é um sistema composto por quatro partes essenciais: o corpo (que se fixa na tubulação da barra), o filtro (que impede entupimentos), a capa (que fixa a ponta ao corpo) e a ponta de pulverização (que define o padrão do jato).

• Codificação Universal: As pontas seguem padrões de identificação (geralmente ISO) onde os números indicam características técnicas. Por exemplo, em uma ponta “11002”, os três primeiros dígitos (110) referem-se ao ângulo de abertura do leque em graus, e os dois últimos (02) indicam a vazão nominal em galões por minuto a uma pressão padrão.

• Materiais de Fabricação: A durabilidade e o custo variam conforme o material. Pontas de polímero (plástico) possuem menor custo e durabilidade (100-300 ha), aço inoxidável oferece resistência média, enquanto as de cerâmica apresentam alta durabilidade e resistência à abrasão (1.200-1.500 ha).

• Espectro de Gotas: Cada modelo de bico é projetado para produzir um tamanho específico de gota (muito fina, fina, média, grossa, etc.) sob determinada pressão. Isso é crucial para equilibrar a necessidade de cobertura do alvo com o risco de deriva (perda de produto pelo vento).

• Padrão de Distribuição: Os bicos definem o formato do jato, sendo o tipo “leque” o mais comum em barras de pulverização agrícola, projetado para garantir a sobreposição correta entre os bicos adjacentes e uniformidade na aplicação.

Importante Saber

• Manutenção e Limpeza: Jamais utilize objetos metálicos ou pontiagudos (como arames, canivetes ou agulhas) para desentupir pontas. Isso danifica irreversivelmente o orifício de saída, alterando a vazão e o padrão de gotas. A limpeza deve ser feita apenas com ar comprimido ou escovas de cerdas macias (como escovas de dente).

• Conversão de Vazão: A nomenclatura de vazão na maioria das pontas utiliza a unidade norte-americana de galões por minuto (GPM). Para o contexto brasileiro, é necessário converter para litros por minuto multiplicando o valor nominal por 3,78 (ex: uma ponta 02 tem vazão de 0,2 x 3,78 = 0,75 L/min).

• Monitoramento de Desgaste: As pontas sofrem desgaste natural pelo atrito da calda. Recomenda-se a troca quando a vazão do bico ultrapassa em 10% a vazão nominal de uma ponta nova do mesmo modelo. A verificação periódica com copo calibrador é essencial.

• Pressão de Trabalho: Cada bico possui uma faixa de pressão ideal de trabalho (ex: 15 a 60 psi para modelos de faixa estendida). Operar fora dessa faixa compromete o tamanho da gota, aumentando o risco de deriva (pressão excessiva) ou falha na abertura do leque (pressão insuficiente).

• Impacto Econômico e Ambiental: A escolha errada do bico não afeta apenas o controle da praga ou doença, mas gera riscos jurídicos e ambientais devido à deriva em culturas vizinhas, além de elevar o custo de produção pelo desperdício de insumos.