Artigos sobre Bicudo da Cana

O que é Bicudo Da Cana

O Bicudo-da-cana (Sphenophorus levis) é um inseto da ordem Coleoptera considerado uma das pragas de solo mais severas e de difícil controle na cultura da cana-de-açúcar no Brasil. Diferente de pragas aéreas, este besouro possui um hábito subterrâneo predominante, onde suas larvas se alojam e se alimentam dos rizomas (caules subterrâneos) e da base dos colmos. Sua presença é particularmente preocupante em regiões tradicionais de cultivo, como o estado de São Paulo, mas tem se expandido para outras áreas produtoras, exigindo vigilância constante.

No contexto do agronegócio brasileiro, o Bicudo-da-cana é um fator determinante para a degradação precoce dos canaviais. O ataque do inseto compromete diretamente o sistema radicular e a base da planta, o que resulta em falhas na brotação e redução drástica do estande (número de plantas por metro). Consequentemente, a praga acelera a necessidade de reforma da área, reduzindo a longevidade do canavial e diminuindo o número de cortes economicamente viáveis, o que impacta significativamente a rentabilidade do produtor.

Principais Características

• Hábito Subterrâneo: As larvas, fase mais destrutiva da praga, desenvolvem-se no interior dos rizomas, protegidas do contato direto com inseticidas aplicados superficialmente e dificultando a visualização do ataque inicial.

• Danos Estruturais: A alimentação das larvas cria galerias na base da planta, causando o sintoma de “touceiras ocas”, o que enfraquece a estrutura da cana e impede o fluxo adequado de água e nutrientes.

• Sintomas Visuais: As plantas infestadas apresentam amarelecimento progressivo e secamento das folhas, muitas vezes confundido com estresse hídrico ou deficiência nutricional, evoluindo para a morte da touceira.

• Baixa Mobilidade: O inseto adulto caminha pelo solo e voa pouco; sua disseminação para novas áreas ocorre principalmente através do transporte de mudas infestadas ou maquinário agrícola contaminado.

• Persistência no Solo: O inseto pode sobreviver em restos culturais (soqueiras velhas) após a colheita, mantendo-se na área para atacar o próximo ciclo de plantio se não houver manejo adequado.

Importante Saber

• Prevenção é a Chave: O uso de mudas sadias e isentas da praga (preferencialmente de viveiros certificados ou Mudas Pré-Brotadas

• MPB) é a medida mais eficaz para evitar a introdução do bicudo em áreas limpas.

• Destruição de Soqueiras: Na renovação do canavial, a eliminação mecânica e química das soqueiras antigas é obrigatória para remover os abrigos e reduzir a população da praga antes do novo plantio.

• Controle Químico Localizado: Devido ao hábito da praga, a aplicação de inseticidas deve ser feita de forma preventiva e localizada diretamente no sulco de plantio ou sobre a soqueira, garantindo que o produto atinja a região do rizoma.

• Rotação de Culturas: Em áreas com histórico de alta infestação, recomenda-se realizar a rotação com culturas como soja ou amendoim durante a reforma, o que ajuda a quebrar o ciclo biológico do inseto.

• Monitoramento Específico: A identificação da praga exige a abertura de touceiras suspeitas para verificar a presença de larvas e galerias nos rizomas, não bastando apenas a observação visual da parte aérea.