O que é Braquiara

A Braquiara, termo popularmente utilizado para designar as gramíneas do gênero Brachiaria (atualmente reclassificadas botanicamente, em sua maioria, como Urochloa), representa o grupo de forrageiras mais importante para a pecuária brasileira. Originárias da África, essas plantas encontraram no clima tropical e nos solos do Brasil, especialmente no Cerrado, condições ideais para o seu desenvolvimento. Elas foram fundamentais para a expansão da fronteira agrícola e para a modernização da produção de carne e leite no país a partir da década de 1970, substituindo pastagens nativas de baixa produtividade.

No contexto agronômico atual, a Braquiara não serve apenas como alimento para o gado. Ela desempenha um papel crucial em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e no Sistema de Plantio Direto (SPD). Devido à sua capacidade de produzir grande volume de biomassa e ao seu sistema radicular agressivo, espécies como a Brachiaria ruziziensis são amplamente utilizadas como plantas de cobertura na entressafra de grãos (como soja e milho), protegendo o solo contra erosão, reciclando nutrientes e suprimindo plantas daninhas.

Existem diversas espécies e cultivares comerciais dentro deste gênero, sendo as mais conhecidas a Brachiaria brizantha (cultivares Marandu, Xaraés, Piatã), a Brachiaria decumbens e a Brachiaria humidicola. Cada uma possui aptidões específicas quanto à fertilidade do solo, resistência à seca e tolerância ao encharcamento, exigindo que o produtor rural faça uma escolha técnica baseada nas características edafoclimáticas de sua propriedade.

Principais Características

  • Alta Rusticidade e Adaptação: A maioria das espécies de Braquiara apresenta excelente adaptação a solos ácidos e com baixa fertilidade natural, características comuns em grandes áreas do território brasileiro, embora respondam vigorosamente à adubação e calagem.
  • Sistema Radicular Profundo: Possuem raízes volumosas e profundas que, além de conferirem tolerância a períodos de estiagem, auxiliam na descompactação do solo e na incorporação de matéria orgânica em camadas subsuperficiais.
  • Produção de Biomassa: Destacam-se pela elevada capacidade de produção de matéria seca por hectare, garantindo alta taxa de lotação animal quando manejadas corretamente, além de fornecerem palhada de qualidade para o plantio direto.
  • Hábito de Crescimento Variado: O gênero apresenta plantas com crescimento cespitoso (em touceiras, como a B. brizantha) e decumbente ou estolonífero (que se alastram pelo solo, como a B. decumbens e humidicola), permitindo diferentes estratégias de cobertura de solo.
  • Valor Nutricional: Embora varie entre as cultivares, geralmente oferecem bons níveis de proteína bruta e digestibilidade para bovinos de corte e leite, desde que o manejo de pastagem evite o “passar do ponto” (fibrosidade excessiva).

Importante Saber

  • Escolha da Cultivar Correta: Não existe uma “melhor” Braquiara universal. A B. brizantha cv. Marandu, por exemplo, é excelente em solos bem drenados, mas sofre com a “Síndrome da Morte Súbita” em áreas sujeitas a encharcamento, onde a B. humidicola seria mais indicada.
  • Manejo de Pragas (Cigarrinhas): As cigarrinhas-das-pastagens são a principal praga deste gênero. Enquanto a B. decumbens é altamente suscetível e pode ter a pastagem dizimada, cultivares como a Marandu apresentam resistência por antibiose, sendo cruciais em áreas com histórico da praga.
  • Fotossensibilização: A B. decumbens contém saponinas que podem causar fotossensibilização hepatógena (requeima) em bezerros, ovinos e equinos. O produtor deve evitar o uso exclusivo desta espécie para categorias animais mais sensíveis.
  • Manejo de Altura de Pastejo: O sucesso produtivo depende do respeito às alturas de entrada e saída dos animais. O superpastejo (pastagem rapada) degrada a planta e expõe o solo, enquanto o subpastejo (capim alto e passado) reduz o valor nutricional e desperdiça forragem.
  • Uso na Agricultura (Dessecação): Para produtores de grãos que usam a Braquiara (especialmente a ruziziensis) como cobertura, o manejo da dessecação deve ser planejado com antecedência para evitar a competição hídrica e o efeito alelopático sobre a cultura subsequente.
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