O que é Braquiaria Ruziziensis
A Braquiaria ruziziensis (atualmente classificada cientificamente como Urochloa ruziziensis) é uma gramínea forrageira de origem africana amplamente utilizada no agronegócio brasileiro. Diferente de outras braquiárias focadas exclusivamente na formação de pastagens perenes, a Ruziziensis ganhou enorme destaque no sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e no Sistema de Plantio Direto (SPD). Sua popularidade deve-se à sua versatilidade, funcionando tanto como alimento de alta qualidade para o gado quanto como planta de cobertura para a formação de palhada.
No contexto produtivo do Brasil, ela é frequentemente utilizada na entressafra (safrinha), muitas vezes consorciada com o milho ou semeada logo após a colheita da soja. O objetivo principal de muitos produtores ao escolher esta variedade é a melhoria das condições físicas e biológicas do solo. Seu sistema radicular vigoroso ajuda a descompactar o solo, criando macroporos que facilitam a infiltração de água e o desenvolvimento das raízes da cultura subsequente, geralmente a soja.
Além dos benefícios agronômicos para o solo, a Ruziziensis é estratégica para o manejo operacional da fazenda. Ela possui uma característica fundamental para a sucessão de culturas: a facilidade de dessecação. Ao contrário da Braquiaria brizantha (como o cultivar Marandu), que pode formar touceiras difíceis de eliminar e causar competição com a lavoura seguinte, a Ruziziensis morre uniformemente com o uso de herbicidas comuns, garantindo um plantio limpo e uma cobertura de solo eficiente para a safra de verão.
Principais Características
- Alta Palatabilidade e Digestibilidade: Entre as braquiárias, é considerada uma das mais palatáveis, sendo muito bem aceita pelos animais e proporcionando bons ganhos de peso, o que a torna excelente para o pastejo de inverno ou engorda rápida.
- Facilidade de Dessecação: Apresenta alta sensibilidade ao glifosato e outros herbicidas de manejo, permitindo um controle total e rápido antes do plantio da cultura principal, sem riscos elevados de rebrota indesejada (tiguera).
- Exigência em Fertilidade: Requer solos de média a alta fertilidade para expressar seu potencial produtivo, sendo menos rústica e menos tolerante a solos pobres e ácidos do que a Braquiaria decumbens.
- Sensibilidade a Pragas: É suscetível ao ataque de cigarrinhas-das-pastagens (Deois e Notozulia), o que exige monitoramento constante, especialmente se o objetivo for a formação de pasto por períodos prolongados.
- Cobertura de Solo Uniforme: Possui crescimento decumbente (alastra-se pelo chão), o que favorece o fechamento rápido da área, suprimindo plantas daninhas e protegendo o solo contra erosão e radiação solar direta.
Importante Saber
- Manejo de Nematoides: É fundamental ter cautela em áreas com histórico de nematoides. Embora a Ruziziensis reduza a população do Nematoide de Cisto (Heterodera glycines), ela é multiplicadora do Nematoide das Lesões (Pratylenchus brachyurus) e do Rotylenchulus reniformis. O uso deve ser planejado conforme a análise nematológica do talhão.
- Sobressemeadura no Milho: É a espécie mais indicada para o consórcio com milho safrinha (sistema Santa Fé), pois compete menos com o cereal por luz e água do que outras forrageiras, garantindo a produtividade do grão e a formação de pasto/palha posterior.
- Baixa Tolerância à Seca: Comparada à B. brizantha, a Ruziziensis tem menor tolerância ao estresse hídrico severo. Em regiões com período seco muito prolongado ou solos arenosos, ela pode não sobreviver até o final da entressafra se não houver manejo adequado.
- Produção de Sementes: A produção de sementes desta espécie no Brasil enfrentou desafios tecnológicos no passado, mas hoje há oferta estável. Contudo, o produtor deve sempre exigir sementes com alto Valor Cultural (VC) para evitar falhas no estande, já que a germinação pode ser irregular se a semente for de baixa qualidade.
- Reciclagem de Nutrientes: A palhada da Ruziziensis é rica em potássio e nitrogênio. Ao se decompor, ela libera esses nutrientes para a cultura sucessora, o que pode resultar em economia de fertilizantes e maior produtividade na soja plantada na sequência.