Artigos sobre Broca das Axilas

O que é Broca Das Axilas

A broca-das-axilas (Crocidosema aporema, anteriormente classificada como Epinotia aporema) é uma praga agrícola da ordem Lepidoptera, pertencente à família Tortricidae. Trata-se de um microlepidóptero, ou seja, uma pequena mariposa, cujas lagartas têm preferência alimentar por leguminosas, com destaque significativo para a cultura da soja no Brasil. Embora seja frequentemente classificada como uma praga secundária em comparação a outras lagartas desfolhadoras, sua ocorrência tem exigido atenção crescente, especialmente em regiões de clima mais frio ou temperado, onde encontra condições ideais para o desenvolvimento de múltiplas gerações ao longo da safra.

O nome popular “broca-das-axilas” deriva do comportamento peculiar e destrutivo de suas larvas. Após a eclosão, as lagartas penetram nas axilas das folhas, pecíolos e hastes da planta, construindo galerias internas. Esse hábito “broqueador” diferencia esta praga de outras lagartas que apenas consomem o limbo foliar externamente. Ao se alojarem no interior dos tecidos vegetais, elas ficam protegidas da ação de contato de muitos inseticidas e de inimigos naturais, o que pode dificultar o controle se o monitoramento não for realizado precocemente.

No contexto do agronegócio brasileiro, a importância econômica da broca-das-axilas está diretamente ligada aos danos estruturais que causa à planta de soja. O ataque severo durante a fase vegetativa pode comprometer a dominância apical, induzindo a planta a um superbrotamento lateral e redução de porte. Isso altera a arquitetura da lavoura e pode resultar em perdas significativas não apenas pela redução da área foliar, mas principalmente pelas complicações operacionais geradas no momento da colheita mecanizada.

Principais Características

• Morfologia do Adulto: Os adultos são mariposas pequenas (microlepidópteros) com cerca de 10 mm de comprimento e coloração pardo-escura ou acinzentada, sendo os machos geralmente mais escuros que as fêmeas.

• Fase Larval: As lagartas iniciam o ciclo com coloração branca e cabeça preta (cápsula cefálica), evoluindo para uma tonalidade amarelada ou rosada com cabeça marrom nos últimos ínstares, atingindo até 9 mm.

• Ciclo Biológico: O ciclo completo varia de 30 a 40 dias, dependendo da temperatura, permitindo a ocorrência de até sete gerações sobrepostas durante o período da safra (setembro a abril).

• Comportamento de Abrigo: As lagartas têm o hábito de unir os folíolos dos brotos novos com fios de seda, criando um abrigo fechado onde se alimentam antes de penetrar nas hastes.

• Local de Pupação: Diferente de muitas pragas que empupam na planta, a broca-das-axilas desce ao solo ao final da fase larval para se transformar em pupa, enterrando-se superficialmente.

Importante Saber

• Sintoma de “Cartucho”: Um dos primeiros sinais de infestação é a presença de folíolos novos unidos por teias de seda nos ponteiros da soja, impedindo a abertura normal das folhas e causando deformações rugosas.

• Dano Estrutural e Colheita: O ataque ao broto principal quebra a dominância apical da planta, estimulando a emissão de ramos laterais e reduzindo a altura da planta; isso baixa a altura de inserção das primeiras vagens, dificultando a colheita mecânica e aumentando as perdas na plataforma.

• Obstrução de Seiva: Ao broquear as axilas e hastes, a praga abre galerias que interrompem ou dificultam o fluxo de seiva elaborada, prejudicando a nutrição geral da planta e o enchimento de grãos.

• Monitoramento Específico: A amostragem deve focar na inspeção minuciosa dos brotos terminais (ponteiros), abrindo-se os folíolos unidos para verificar a presença de lagartas, visto que a contagem apenas visual externa pode subestimar a população.

• Janela de Controle: O controle químico é mais eficiente quando as lagartas estão nos primeiros estágios e ainda se alimentando nos brotos, antes de penetrarem nas hastes onde ficam protegidas.

• Impacto em Cultivares Tardias: Em variedades de ciclo mais longo, a praga pode persistir até a fase reprodutiva, chegando a atacar botões florais e vagens, o que agrava o prejuízo econômico direto.