Artigos sobre Calagem do Solo

O que é Calagem Do Solo

A calagem do solo é uma prática de manejo fundamental na agricultura, especialmente em regiões tropicais como o Brasil, onde os solos tendem a ser naturalmente ácidos e pobres em bases. O processo consiste na aplicação de materiais corretivos, predominantemente o calcário, com o objetivo principal de neutralizar a acidez (elevar o pH) e eliminar a toxicidade do alumínio (Al³+), que é extremamente prejudicial ao desenvolvimento das raízes das plantas. Sem essa correção prévia, a eficiência dos fertilizantes aplicados posteriormente é drasticamente reduzida, comprometendo a rentabilidade da lavoura.

Além da correção química, a calagem atua como uma fonte vital de nutrientes, fornecendo Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) ao sistema solo-planta. A técnica melhora o ambiente radicular, permitindo que as raízes explorem um volume maior de solo em busca de água e nutrientes. Para ser realizada com precisão, a calagem exige um planejamento baseado em análise de solo, considerando fatores como o tipo de cultura, a textura do solo e o sistema de plantio adotado, sendo uma das etapas de melhor relação custo-benefício no preparo da área agrícola.

Principais Características

• Neutralização da acidez ativa e potencial do solo, elevando o pH para faixas ideais (geralmente entre 5,5 e 6,5) que favorecem a absorção de nutrientes.
• Precipitação e inativação do Alumínio tóxico, elemento que inibe o crescimento radicular e interfere na divisão celular das plantas.
• Aumento da Disponibilidade de Nutrientes, especialmente o Fósforo (P) e o Molibdênio (Mo), além de aumentar a eficiência da adubação potássica e nitrogenada.
• Fornecimento direto de macronutrientes secundários (Cálcio e Magnésio), cuja proporção varia conforme a origem geológica do corretivo (calcítico, magnesiano ou dolomítico).
• Melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo, favorecendo a agregação de partículas e a atividade microbiana responsável pela decomposição da matéria orgânica.

Importante Saber

• A aplicação deve ser realizada com antecedência mínima de 90 dias antes do plantio, pois o calcário possui baixa solubilidade e necessita de umidade e tempo para reagir quimicamente no solo.
• A dose a ser aplicada nunca deve ser estimada “no olho”; é imprescindível realizar uma análise de solo e utilizar métodos de cálculo agronômico (como Saturação por Bases ou Neutralização do Alumínio) para evitar subdosagem ou supercalagem.
• A escolha do tipo de calcário (Dolomítico, Magnesiano ou Calcítico) deve ser guiada pela necessidade de equilibrar a relação Ca:Mg no solo, e não apenas pelo preço do insumo.
• O PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) é o indicador de qualidade do calcário; quanto maior o PRNT, mais rápida será a reação e menor será a quantidade necessária do produto para atingir o mesmo efeito corretivo.
• No Sistema de Plantio Direto, onde não há revolvimento do solo, a calagem é feita em superfície; nesses casos, o uso de calcário com granulometria mais fina (como o filler) ou a construção de perfil de solo ao longo dos anos é essencial para que a correção desça no perfil.
• O excesso de calagem (supercalagem) pode ser prejudicial, pois eleva demais o pH e pode tornar indisponíveis micronutrientes metálicos como Ferro, Manganês, Zinco e Cobre, causando deficiências nas plantas.