Artigos sobre Calda de Pulverização

O que é Calda De Pulverização

A calda de pulverização é a mistura líquida final preparada no tanque do pulverizador, composta majoritariamente por um veículo (geralmente água), os produtos fitossanitários (defensivos agrícolas ou fertilizantes foliares) e, frequentemente, adjuvantes. No contexto do agronegócio brasileiro, onde a tecnologia de aplicação é decisiva para o manejo de grandes áreas e para o controle de pragas e doenças tropicais, a qualidade dessa calda é o fator determinante para o sucesso ou fracasso de uma operação agrícola. Ela atua como o meio de transporte que leva o ingrediente ativo do tanque até o alvo biológico, seja ele uma planta daninha, um inseto ou um fungo.

Engana-se quem pensa que a calda é apenas uma simples diluição. Trata-se de um sistema físico-químico complexo. As interações entre os diferentes produtos adicionados, a qualidade da água utilizada e as condições ambientais no momento do preparo podem alterar drasticamente a eficácia dos defensivos. Uma calda mal preparada pode resultar em precipitação de produtos (entupindo bicos e filtros), degradação precoce das moléculas ativas ou falta de aderência e espalhamento sobre as folhas, resultando em prejuízos econômicos e necessidade de reentrada na lavoura.

Principais Características

• Estabilidade Físico-Química: Uma calda ideal deve manter-se homogênea durante todo o tempo de aplicação, sem separação de fases ou formação de sedimentos que possam comprometer a dosagem correta ao longo da área aplicada.

• Tensão Superficial: Esta característica define a capacidade da gota de se espalhar sobre a folha. Caldas com alta tensão superficial tendem a formar gotas esféricas que escorrem ou ricocheteiam, enquanto caldas ajustadas (geralmente com surfactantes) cobrem maior área do alvo.

• Potencial Hidrogeniônico (pH): O pH da calda influencia diretamente a meia-vida e a estabilidade das moléculas dos defensivos. Alguns produtos sofrem hidrólise alcalina ou ácida se o pH da mistura não estiver na faixa ideal para aquele ingrediente ativo específico.

• Viscosidade e Tamanho de Gota: A composição da calda altera sua viscosidade, o que impacta o espectro de gotas gerado pelos bicos. Caldas mais viscosas tendem a gerar gotas maiores e mais pesadas, reduzindo o risco de deriva (movimento do produto para fora do alvo pela ação do vento).

• Compatibilidade de Mistura: Refere-se à capacidade de diferentes produtos (herbicidas, inseticidas, fungicidas e adubos) serem misturados no mesmo tanque sem reagirem negativamente entre si, evitando a formação de grumos, espumas excessivas ou inativação química.

Importante Saber

• Papel dos Adjuvantes: A utilização de adjuvantes é fundamental para corrigir deficiências da calda. Eles podem atuar como ativadores (melhorando a absorção e penetração) ou modificadores de calda (ajustando pH, reduzindo espuma, controlando deriva e melhorando a compatibilidade), garantindo que o produto atinja o alvo com eficiência.

• Qualidade da Água: A água utilizada no preparo deve ser limpa e analisada quanto à dureza e pH. Águas com excesso de sedimentos (barrentas) ou com alta concentração de sais (água dura) podem inativar certos herbicidas, como o glifosato, antes mesmo da aplicação.

• Ordem de Mistura: Existe uma sequência correta para adicionar os produtos no tanque (ex: água, reguladores de pH, pós molháveis, suspensões concentradas, concentrados emulsionáveis, adjuvantes). Inverter essa ordem pode causar o “talhamento” da calda, inviabilizando a aplicação.

• Agitação Constante: A calda deve ser mantida sob agitação contínua desde o momento do preparo até o fim da aplicação. A interrupção da agitação pode levar à decantação dos produtos sólidos, resultando em superdosagem no início e subdosagem no final do tanque.

• Tempo de Preparo e Uso: A calda de pulverização deve ser preparada para uso imediato. Deixar a mistura pronta de um dia para o outro (“calda dormida”) pode reduzir drasticamente a eficiência dos defensivos devido à degradação química e física dos componentes.