O que é Cana Soca

A cana soca, tecnicamente conhecida como soqueira, refere-se aos ciclos vegetativos e produtivos da cana-de-açúcar que ocorrem após o primeiro corte (colheita) da cana-planta. Enquanto a cana-planta representa a instalação da lavoura, a cana soca constitui a fase de rebrota dos rizomas subterrâneos que permanecem no solo. No contexto do agronegócio brasileiro, esta etapa é fundamental para a viabilidade econômica do canavial, uma vez que o custo de plantio é diluído ao longo dos vários cortes que a soqueira proporciona, geralmente variando entre quatro a seis ciclos produtivos antes da necessidade de reforma da área.

O manejo da cana soca difere substancialmente do manejo de plantio, pois a cultura já possui um sistema radicular estabelecido, embora este precise de estímulos para manter a eficiência na absorção de água e nutrientes. A produtividade da soqueira tende a decrescer naturalmente ao longo dos cortes devido ao desgaste fisiológico da planta, compactação do solo pelo tráfego de máquinas e incidência de pragas e doenças acumuladas. Portanto, as estratégias agronômicas nesta fase visam mitigar essa queda de rendimento e prolongar a vida útil do canavial com rentabilidade.

Principais Características

  • Alta Resposta ao Nitrogênio: Diferente da cana-planta, que possui baixa resposta à adubação nitrogenada, a cana soca exige doses mais elevadas de Nitrogênio (N) para sustentar o crescimento vegetativo e a produtividade, sendo a dose ajustada conforme a meta de produção (toneladas por hectare).

  • Menor Exigência de Fósforo: Como a adubação fosfatada pesada é realizada geralmente no sulco de plantio (fosfatagem corretiva e de manutenção), a soqueira requer doses menores de Fósforo, servindo apenas para reposição e manutenção dos níveis no solo.

  • Sistema Radicular Estabelecido: As raízes já ocupam o perfil do solo, o que altera a dinâmica de absorção de nutrientes e água em comparação com uma planta jovem, exigindo manejo específico para evitar a degradação física do solo e danos às touceiras.

  • Presença de Palhada: Em sistemas de colheita mecanizada sem queima (cana crua), a cana soca desenvolve-se sob uma camada de resíduos vegetais (palhada), que influencia a temperatura do solo, a retenção de umidade e a dinâmica de pragas como a cigarrinha-das-raízes.

  • Decaimento Produtivo: É uma característica fisiológica natural que a produtividade da soqueira seja inferior à da cana-planta e diminua progressivamente a cada corte subsequente, exigindo monitoramento para definir o ponto econômico de renovação.

Importante Saber

  • Cálculo de Adubação Específico: O planejamento nutricional deve considerar a extração e exportação de nutrientes baseada na produtividade esperada para aquele corte específico; errar a dose de Nitrogênio ou Potássio pode comprometer tanto o volume de cana quanto a qualidade do açúcar (ATR).

  • Controle de Tráfego: O pisoteio das linhas de cana por colhedoras e transbordos é uma das principais causas de morte das soqueiras e falhas na rebrota; o uso de piloto automático e bitolas ajustadas é crucial para preservar o estande de plantas.

  • Manejo de Pragas de Solo: A cana soca é particularmente vulnerável a pragas que atacam o sistema radicular e a base da touceira, como o Sphenophorus levis e a cigarrinha, que encontram abrigo na palhada e podem reduzir drasticamente a longevidade do canavial.

  • Aplicação de Vinhaça: A fertirrigação com vinhaça é uma prática comum e altamente benéfica em cana soca, fornecendo Potássio e matéria orgânica, mas deve ser manejada com critérios técnicos para evitar desequilíbrios nutricionais ou lixiviação.

  • Ponto de Renovação: O produtor deve monitorar o custo de produção versus a produtividade da soqueira; quando a produtividade cai a ponto de as margens de lucro serem inferiores ao custo de oportunidade de reformar a área, é o momento de encerrar o ciclo daquela soqueira.

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