Artigos sobre Canola Existe

O que é Canola Existe

A Canola (Brassica napus var. oleifera) é uma cultura oleaginosa de inverno pertencente à família das brássicas (crucíferas), desenvolvida através do melhoramento genético da colza convencional. No contexto do agronegócio brasileiro, especialmente na região Sul, ela se destaca como uma opção estratégica tanto para a produção comercial de grãos — visando a extração de óleo comestível de alta qualidade e produção de biodiesel — quanto para a composição de sistemas de rotação de culturas. Diferente de simples plantas de cobertura que não geram retorno financeiro direto, a canola oferece a dualidade de proteger o solo e gerar renda na entressafra.

Agronomicamente, a inserção da canola no sistema produtivo é valorizada por sua capacidade de diversificação biológica. Como a maioria das lavouras brasileiras alterna entre gramíneas (milho, trigo, aveia) e leguminosas (soja), a introdução de uma brássica quebra o ciclo de pragas e doenças específicas dessas famílias. Além disso, seu sistema radicular vigoroso e pivotante atua como um descompactador natural do solo, criando canais para a infiltração de água e para o aprofundamento das raízes da cultura sucessora, geralmente a soja ou o milho.

Principais Características

• Sistema Radicular Pivotante: Possui uma raiz principal agressiva que consegue penetrar camadas mais densas do solo, promovendo uma descompactação biológica (efeito “arado biológico”) e reciclando nutrientes lixiviados para camadas mais profundas.
• Família Botânica Diferenciada: Sendo uma brássica, ela não hospeda a maioria dos patógenos que atacam gramíneas e leguminosas, funcionando como uma ferramenta sanitária dentro do manejo integrado de doenças, como a podridão radicular.
• Alto Teor de Óleo: Os grãos de canola possuem entre 38% a 45% de óleo, sendo muito valorizados pela indústria alimentícia devido ao baixo teor de gordura saturada e pela indústria de biocombustíveis.
• Exigência Nutricional Específica: É uma cultura com alta demanda por Enxofre (S) e Nitrogênio (N), respondendo muito bem à adubação equilibrada e deixando residual de nutrientes mineralizados na palhada para a cultura seguinte.
• Ciclo de Inverno: No Brasil, adapta-se bem às condições climáticas da região Sul durante o inverno e, mais recentemente, tem sido testada em áreas de altitude do Cerrado com irrigação ou em janelas específicas de safrinha.

Importante Saber

• Ponto de Colheita Crítico: A colheita da canola exige monitoramento técnico preciso, pois as síliquas (vagens) amadurecem de forma desigual e possuem alta deiscência (abrem-se facilmente), o que pode causar grandes perdas de grãos se não houver o manejo correto, como a dessecação ou o corte-enleiramento prévio.
• Sensibilidade a Doenças Fúngicas: A cultura é suscetível ao Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum). Portanto, deve-se evitar o plantio em áreas com histórico recente dessa doença na soja ou feijão, pois a canola pode multiplicar o inóculo do fungo no solo.
• Benefício para a Soja: Estudos indicam que a soja plantada sobre a palhada de canola tende a apresentar maior produtividade em comparação à soja sobre palhada de trigo ou aveia, devido à melhoria física do solo e à quebra do ciclo de doenças de raiz.
• Cuidado com Herbicidas: A canola é sensível a resíduos de alguns herbicidas utilizados na cultura de verão anterior (efeito carryover), especialmente os inibidores da ALS (como sulfunilureias e imidazolinonas), exigindo planejamento do histórico da área.
• Controle de Pragas: A traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) é a principal praga da cultura e exige monitoramento constante desde o início do desenvolvimento vegetativo, pois pode causar desfolha severa e comprometer a produtividade.