Mancha Púrpura na Soja (*Cercospora kikuchii*): Guia de Identificação e Manejo
Mancha púrpura na soja: saiba como identificar a doença, entenda os danos causados, como prevenir a lavoura e como fazer o controle tardio
1 artigo encontrado com a tag " Cercospora Kikuchii"
Cercospora kikuchii é um fungo fitopatogênico de grande relevância econômica para a sojicultura brasileira, sendo o agente causal da doença conhecida popularmente como mancha-púrpura da semente ou crestamento foliar de Cercospora. Classificado dentro do complexo de Doenças de Final de Ciclo (DFC), este patógeno possui a capacidade de infectar toda a parte aérea da planta, incluindo hastes, folhas e vagens, embora seus danos mais visíveis e comercialmente impactantes ocorram nos grãos e sementes. O fungo sobrevive em restos culturais da safra anterior e em sementes infectadas, o que facilita sua disseminação e persistência nas lavouras de um ano para o outro.
No contexto agronômico, a presença de Cercospora kikuchii é crítica pois a infecção pode ocorrer ainda no estádio vegetativo, permanecendo latente até que as condições climáticas e fisiológicas da planta favoreçam a expressão dos sintomas, geralmente na fase reprodutiva. Isso torna o manejo desafiador, pois quando os sintomas visuais de crestamento aparecem, o patógeno já pode estar estabelecido na cultura. Além de reduzir a área fotossintética da planta através da desfolha precoce, o fungo afeta diretamente a qualidade do produto final, depreciando o valor comercial dos grãos e reduzindo drasticamente o vigor e a germinação de lotes destinados à produção de sementes.
Sintomatologia nas sementes: Causa manchas de coloração púrpura ou arroxeada no tegumento dos grãos, variando de pequenas pontuações a manchas que cobrem toda a superfície, frequentemente acompanhadas de rachaduras na casca.
Crestamento foliar: Nas folhas, manifesta-se através de pontuações castanho-avermelhadas que evoluem para grandes manchas arroxeadas, conferindo à folha um aspecto rugoso e textura coriácea (semelhante a couro).
Sobrevivência e disseminação: O fungo é necrotrófico, sobrevivendo em restos culturais (palhada) e sendo transmitido via sementes infectadas, o que garante inóculo inicial para a safra seguinte.
Latência: Possui um período de infecção latente, colonizando a planta silenciosamente durante a fase vegetativa e expressando sintomas severos principalmente no enchimento de grãos (R5 em diante).
Condições favoráveis: O desenvolvimento do fungo é favorecido por temperaturas entre 23°C e 27°C e alta umidade relativa do ar, condições típicas de muitas regiões produtoras no Brasil.
Diferenciação de fitotoxidez: É crucial distinguir o crestamento foliar de sintomas de fitotoxidez por defensivos; enquanto a fitotoxidez mantém a folha lisa, a Cercospora kikuchii deixa a folha com aspecto enrugado e dobrado.
Janela de controle: Embora seja uma doença de final de ciclo, o controle químico eficiente deve ser preventivo, iniciando-se ainda no período vegetativo ou no pré-fechamento das entrelinhas, pois fungicidas têm dificuldade de atingir o baixeiro posteriormente.
Impacto no armazenamento: Grãos infectados por este fungo deterioram-se mais rapidamente no armazém e servem como porta de entrada para outros patógenos e pragas de armazenamento.
Redução de estande: O uso de sementes infectadas sem o devido tratamento pode causar a morte de plântulas logo após a emergência, comprometendo a população inicial da lavoura.
Perdas produtivas: Em cultivares suscetíveis e sob alta pressão da doença, a redução na produtividade pode chegar a 50%, somada à perda qualitativa que pode inviabilizar a comercialização para sementeiras.
Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Cercospora Kikuchii