Mancha Aureolada no Café: Guia Completo para Identificar e Controlar a Doença
Mancha aureolada: o que é, como identificar, quais sintomas, métodos de controle, diferença entre cercosporiose e phoma e mais.
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A Cercosporiose e a Phoma representam duas das enfermidades fúngicas mais recorrentes e economicamente impactantes na cafeicultura brasileira. Embora sejam causadas por patógenos distintos — o fungo Cercospora coffeicola e o gênero Phoma spp., respectivamente —, elas são frequentemente abordadas em conjunto no contexto de diagnóstico de campo. Isso ocorre porque seus sintomas podem ser confundidos entre si e, principalmente, com outras patologias graves, como a Mancha Aureolada (bacteriose). A correta identificação é o pilar para evitar a aplicação desnecessária de defensivos e garantir a sanidade da lavoura.
A Cercosporiose, popularmente conhecida como “mancha de olho pardo”, é uma doença associada não apenas à presença do fungo, mas também ao desequilíbrio nutricional e estresse hídrico da planta. Ela afeta folhas e frutos em diversos estágios de maturação, depreciando a qualidade da bebida e causando queda prematura. Já a Mancha de Phoma é uma doença típica de regiões de altitude elevada, com temperaturas amenas e alta umidade, sendo devastadora para a produção por atacar diretamente as brotações novas, botões florais e chumbinhos.
No cenário agronômico do Brasil, especialmente em estados produtores como Minas Gerais, São Paulo e Paraná, saber diferenciar essas doenças é vital. Enquanto a Cercosporiose sinaliza muitas vezes um manejo nutricional deficiente ou excesso de insolação, a Phoma exige atenção redobrada em períodos de frentes frias e ventos fortes. O diagnóstico preciso permite ao produtor adotar estratégias de controle cultural e químico específicas para cada alvo, protegendo o potencial produtivo do cafezal.
Sintomatologia da Cercosporiose: Nas folhas, apresenta lesões circulares com um centro cinza-claro e bordas marrom-escuras, frequentemente circundadas por um halo amarelado. Nos frutos, causa manchas deprimidas e escuras que aderem a casca à semente.
Sintomatologia da Phoma: Caracteriza-se por lesões escuras e irregulares, geralmente iniciadas nas bordas das folhas novas, causando deformações e necrose. Nos ramos, provoca a seca da ponta para a base (die-back).
Condições Predisponentes: A Cercosporiose é favorecida por alta insolação, solos arenosos e deficiência de Nitrogênio e Potássio. A Phoma desenvolve-se melhor em temperaturas baixas, alta umidade e presença de ventos frios que causam microferimentos na planta.
Órgãos Afetados: Enquanto a Cercosporiose tem grande impacto na qualidade dos frutos e desfolha, a Phoma é crítica por atacar as rosetas, botões florais e chumbinhos, comprometendo diretamente a carga pendente da safra seguinte.
Diferenciação da Mancha Aureolada: Diferente da bacteriose, a Cercosporiose não causa a seca agressiva de ramos inteiros. Já a Phoma, embora seque ramos, o faz de forma menos agressiva e rápida que a Mancha Aureolada, concentrando-se mais nas extremidades.
Diagnóstico Diferencial: A confusão mais comum ocorre devido ao halo amarelado presente tanto na Cercosporiose quanto na Mancha Aureolada. O ponto chave de distinção é o centro da lesão: cinza na Cercosporiose e necrótico/marrom na bacteriose.
Impacto na Qualidade da Bebida: A Cercosporiose nos frutos acelera a maturação de forma desuniforme e dificulta o descascamento, resultando em grãos defeituosos que prejudicam a classificação final do café.
Manejo Cultural: Para Phoma, a implantação de quebra-ventos é uma medida essencial para reduzir a entrada do patógeno. Para Cercosporiose, a correção da adubação e o manejo da irrigação são fundamentais para reduzir a suscetibilidade da planta.
Momento de Controle: O monitoramento da Phoma deve ser intensificado nas pré e pós-floradas, especialmente após chuvas de granizo ou ventos fortes. O controle da Cercosporiose deve ser constante, com atenção especial no período de granação dos frutos (janeiro a março).
Risco de Resistência: O uso indiscriminado de fungicidas sem a rotação de princípios ativos pode levar à resistência dos fungos. A identificação correta evita o uso de produtos ineficazes para o alvo errado (ex: aplicar fungicida para tratar uma bacteriose).
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