Clima no Campo: Previsão para o 1º Trimestre de 2020 e Ferramentas Essenciais
Condições climáticas para o 1º trimestre de 2020: Tendências para cada região e alternativas para minimizar riscos de perdas da produção.
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A chuva na colheita refere-se à ocorrência de precipitação pluviométrica durante o estágio de maturação fisiológica e colheita das culturas agrícolas. No contexto do agronegócio brasileiro, este é um dos momentos mais críticos do ciclo produtivo, pois a água, que foi essencial durante o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, torna-se um fator de risco severo quando o grão já está pronto para ser retirado do campo. O fenômeno é particularmente comum e preocupante em regiões como o Centro-Oeste e o MATOPIBA, onde a colheita da safra de verão (geralmente soja) ocorre entre janeiro e março, meses que ainda apresentam altos índices pluviométricos.
Quando a chuva incide sobre uma lavoura pronta para colher, ela interrompe o processo natural de perda de umidade dos grãos. Fisiologicamente, o grão seco que é reidratado sofre expansão e contração dos tecidos, o que pode causar rupturas no tegumento e expor o endosperma a patógenos. Além dos danos biológicos diretos ao produto, a chuva na colheita impõe barreiras operacionais significativas, impedindo o tráfego de maquinário pesado e exigindo janelas climáticas muito curtas para a operação das colheitadeiras.
O impacto econômico deste evento é direto e multifacetado. Ele afeta a classificação do produto final nos armazéns, gerando descontos por umidade excessiva e avariados, aumenta os custos operacionais com secagem artificial e pode comprometer a logística da propriedade. Em casos severos, a persistência da umidade associada a altas temperaturas pode levar ao fenômeno da “soja louca” ou ao brotamento dos grãos ainda na vagem, resultando em perda total ou parcial da qualidade comercial da produção.
Elevação da Umidade dos Grãos: A característica mais imediata é o aumento do teor de água no grão acima dos padrões comerciais (geralmente 13% ou 14%), exigindo processos de secagem artificial pós-colheita.
Deterioração da Qualidade (Grãos Ardidos): A umidade favorece a fermentação e o desenvolvimento de fungos, resultando em grãos “ardidos” ou mofados, que sofrem penalizações severas na comercialização.
Brotamento na Vagem: Em culturas como a soja e o trigo, a combinação de chuva e calor pode quebrar a dormência da semente, fazendo com que ela germine antes mesmo da colheita.
Impedimento de Tráfego (Atoleiros): O excesso de água satura o solo, reduzindo a sustentação e causando o atolamento de colheitadeiras e caminhões, além de compactar o solo para a safra seguinte.
Deiscência de Vagens: A alternância entre umedecimento e secagem pode fazer com que as vagens se abram espontaneamente (deiscência), derrubando os grãos no solo e causando perdas quantitativas.
Impacto na “Safrinha”: O atraso na colheita devido às chuvas reduz a janela ideal de plantio para a segunda safra (milho safrinha), expondo a cultura subsequente a riscos climáticos futuros.
Custos de Secagem e Descontos: O produtor deve calcular que entregar grãos úmidos implica em taxas de secagem e descontos de peso na tabela de classificação das tradings e cooperativas.
Monitoramento Climático: O uso de ferramentas de previsão meteorológica de curto prazo é vital para planejar a logística de colheita e aproveitar as janelas de estiagem (“veranicos”) para operar as máquinas.
Regulagem de Máquinas: Colher com umidade elevada exige ajustes específicos na trilha e separação da colheitadeira para evitar danos mecânicos e embuchamentos.
Planejamento de Variedades: Para mitigar riscos, recomenda-se o escalonamento do plantio com cultivares de diferentes ciclos de maturação, evitando que toda a área fique pronta para colher simultaneamente sob risco de chuva.
Danos por Compactação: O tráfego de máquinas pesadas em solo úmido causa compactação profunda, o que exigirá intervenções mecânicas (escarificação ou subsolagem) para recuperar a estrutura do solo posteriormente.
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