O que é Cigarrinha Da Pastagem

A cigarrinha-das-pastagens refere-se a um complexo de insetos-praga, pertencentes principalmente aos gêneros Deois, Zulia e Mahanarva, que representa um dos maiores desafios fitossanitários para a pecuária brasileira. Estes insetos atacam gramíneas forrageiras, com destaque para diversas espécies do gênero Brachiaria, causando danos severos que comprometem a disponibilidade e a qualidade do alimento ofertado ao gado. O ciclo de vida desta praga está intimamente ligado ao regime de chuvas, com a eclosão dos ovos ocorrendo massivamente logo após as primeiras precipitações da estação chuvosa, momento em que as pastagens estão em plena recuperação vegetativa.

O dano causado por este inseto ocorre em duas fases distintas de seu desenvolvimento. As ninfas alojam-se na base das plantas, protegidas por uma espuma branca característica (semelhante a cuspe), onde sugam a seiva e extraem nutrientes. Já os adultos alimentam-se das folhas e causam o prejuízo mais significativo através da injeção de toxinas salivares. Essas toxinas interferem na fisiologia da planta, provocando a morte dos tecidos foliares, um sintoma visualmente identificado como “queima das pastagens”, onde o capim torna-se amarelado e seco, perdendo drasticamente sua capacidade fotossintética e vigor.

No contexto prático do agronegócio, a infestação por cigarrinhas resulta em perdas econômicas diretas e indiretas. A pastagem atacada sofre redução acentuada de biomassa e perde valor nutricional, tornando-se fibrosa e menos palatável. Isso impacta diretamente o desempenho animal, reduzindo o ganho de peso e a taxa de lotação da fazenda (UA/ha). Historicamente, a alta suscetibilidade da Brachiaria decumbens a essa praga foi um dos principais motores para a adoção massiva da Brachiaria brizantha cv. Marandu no Brasil, devido à resistência desta última a certas espécies de cigarrinha.

Principais Características

  • Produção de Espuma: A característica mais visível na fase jovem (ninfa) é a produção de uma massa de espuma na base das touceiras, que serve de proteção contra desidratação e inimigos naturais.
  • Fitotoxemia: O principal dano é causado pela injeção de saliva tóxica pelos adultos, que gera estrias cloróticas (amarelas) que evoluem para o secamento total da folha.
  • Dependência de Umidade: O desenvolvimento da praga é favorecido por alta umidade relativa e temperaturas elevadas, típicas do verão brasileiro; na seca, os ovos entram em diapausa (dormência) no solo.
  • Redução do Sistema Radicular: O ataque contínuo enfraquece as raízes da forrageira, tornando a planta mais suscetível ao arranquio pelo gado e à competição com plantas daninhas.
  • Hábito Alimentar: São insetos sugadores que se alimentam da seiva do xilema das plantas hospedeiras.

Importante Saber

  • Resistência Varietal: A escolha da forrageira é a principal estratégia de controle. A Brachiaria brizantha cv. Marandu apresenta resistência por antibiose (dificulta a sobrevivência da ninfa), enquanto a Brachiaria decumbens cv. Basilisk é altamente suscetível.
  • Monitoramento: É essencial realizar o levantamento populacional no início das chuvas, contando o número de massas de espuma e adultos por metro quadrado para decidir o momento de intervir.
  • Controle Biológico: O uso do fungo Metarhizium anisopliae é uma prática consolidada e sustentável no Brasil para o controle de ninfas e adultos, devendo ser aplicado em condições de alta umidade.
  • Manejo da Altura do Pasto: Pastos muito altos e com acúmulo de palha morta criam um microclima úmido e sombreado na base da planta, favorecendo a sobrevivência das ninfas; o manejo correto da altura de pastejo auxilia no controle cultural.
  • Diversificação: Evitar o monocultivo de uma única espécie de Brachiaria na propriedade reduz o risco de perdas totais em anos de alta infestação, sendo recomendado o uso de diferentes gramíneas adaptadas.
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