Artigos sobre Classificação da Soja

O que é Classificação Da Soja

A classificação da soja é um procedimento técnico e normativo realizado na etapa de pós-colheita, fundamental para determinar a qualidade física dos grãos e o seu valor final de mercado. No Brasil, esse processo é regido principalmente pela Instrução Normativa (IN) nº 11, de 2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que estabelece os padrões oficiais para a comercialização, dividindo o produto em grupos conforme os limites de tolerância para defeitos.

Na prática, a classificação ocorre quando a carga chega à unidade de recebimento, seja em uma trading, cooperativa ou indústria processadora. O objetivo é verificar se o lote atende aos parâmetros contratados de pureza, umidade e integridade dos grãos. É com base nessa análise que são calculados eventuais descontos sobre o peso da carga, caso os índices de impurezas, umidade ou grãos avariados ultrapassem os limites estabelecidos (geralmente 1% para impurezas e 14% para umidade). Portanto, trata-se de uma etapa decisiva para a rentabilidade do produtor, impactando diretamente a receita líquida da safra.

Principais Características

• Base Normativa (IN 11/2007): A classificação segue critérios oficiais que tipificam a soja em Grupos I e II, definindo limites máximos para grãos avariados (queimados, ardidos, mofados), esverdeados, quebrados e impurezas.

• Processo de Amostragem (Calagem): A confiabilidade da classificação depende da coleta de subamostras representativas em diversos pontos do caminhão ou lote, garantindo que a porção analisada reflita a realidade de toda a carga.

• Homogeneização e Quarteamento: Após a coleta, a amostra passa por um processo de mistura e redução (quarteamento) até se obter uma amostra de trabalho (geralmente 250g) para análise laboratorial detalhada.

• Padrão de Umidade: Embora a IN 11 recomende 14% como teto, este índice é adotado como padrão comercial rígido pelo mercado; valores acima disso geram descontos de peso para cobrir a perda de massa de água e custos de secagem.

• Análise de Impurezas: Utilizam-se peneiras com crivos específicos (3 mm e 9 mm) para separar matérias estranhas; o mercado tolera até 1% de impurezas sem aplicar descontos.

• Identificação de Avarias: A análise visual separa e quantifica grãos com defeitos graves (como ardidos e queimados) e leves, que depreciam a qualidade do produto final (óleo e farelo).

Importante Saber

• Prevalência do Contrato: Embora a IN 11 seja a norma oficial, empresas e tradings podem estabelecer critérios próprios de classificação, desde que estes estejam claros no contrato de compra e venda assinado pelo produtor.

• Impacto Financeiro dos Descontos: Entregar soja fora do padrão (ex: 16% de umidade ou 3% de impurezas) resulta em descontos na balança que reduzem o peso líquido pago, afetando diretamente a margem de lucro.

• Direito de Acompanhamento: O produtor ou seu representante tem o direito de acompanhar o processo de classificação no momento da entrega para garantir a transparência da amostragem e dos resultados.

• Grãos Esverdeados: A presença de soja esverdeada é um dos principais fatores de desclassificação e desconto, pois indica problemas na maturação ou colheita antecipada, afetando a qualidade do óleo extraído.

• Gestão Pós-Colheita: O conhecimento sobre classificação permite ao produtor tomar decisões melhores sobre a regulagem das colheitadeiras e o uso de estruturas de pré-limpeza e secagem na fazenda para evitar penalizações.