O que é Classificação De Grãos

A classificação de grãos é o procedimento técnico e normativo fundamental no agronegócio brasileiro, utilizado para determinar a qualidade física e sanitária de um lote agrícola. Este processo ocorre geralmente na etapa de recepção da safra em unidades de beneficiamento, armazéns ou portos, e tem como objetivo enquadrar o produto em padrões oficiais estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). É através da classificação que se define se a produção atende aos requisitos básicos para ser comercializada como uma commodity padrão ou se sofrerá descontos por não conformidade.

No contexto prático, a classificação serve como a “régua” do mercado. Ela avalia se o produto colhido possui as características necessárias para o consumo humano, animal ou industrial, baseando-se em critérios rigorosos de tolerância para defeitos. Para o produtor rural, esta etapa é decisiva para a rentabilidade, pois a presença de grãos avariados, impurezas ou umidade acima do permitido resulta em descontos técnicos no momento da venda, reduzindo o valor líquido recebido pela saca. Além disso, a classificação correta é vital para a segurança alimentar, impedindo que grãos contaminados por micotoxinas entrem na cadeia produtiva.

Principais Características

  • Padronização Oficial: A classificação segue normas rígidas, como a Instrução Normativa nº 11/2007 para a soja e a IN nº 60/2011 para o milho, que definem os limites máximos tolerados para cada tipo de defeito ou impureza.

  • Análise de Umidade: Um dos principais parâmetros avaliados, sendo que o padrão de mercado geralmente exige um teto de 14% de umidade; níveis superiores exigem secagem artificial, gerando custos e quebra de peso para o produtor.

  • Identificação de Avarias: O processo quantifica visualmente e fisicamente os grãos danificados, separando-os em categorias como ardidos, fermentados, queimados, mofados, quebrados ou picados por insetos.

  • Impurezas e Matérias Estranhas: Avalia a porcentagem de detritos que não são grãos (como pedras, torrões de terra, partes da planta ou outros vegetais) presentes na carga, impactando diretamente o peso líquido do lote.

  • Dependência da Amostragem: A precisão da classificação depende inteiramente de uma amostragem representativa; erros na coleta da amostra podem distorcer o resultado final, mascarando problemas ou penalizando indevidamente um lote sadio.

Importante Saber

  • Impacto Financeiro dos Descontos: Entender a classificação é crucial para o bolso do produtor, pois defeitos como grãos ardidos ou excesso de umidade geram descontos progressivos na tabela de recebimento das tradings e cooperativas.

  • Diferença entre Ardidos e Fermentados: Na cultura do milho e da soja, é vital distinguir grãos ardidos (totalmente escurecidos/queimados, frequentemente ligados a micotoxinas) de grãos apenas fermentados, pois a legislação e as penalidades variam conforme a gravidade e a coloração do dano.

  • Irreversibilidade da Qualidade: A classificação reflete a condição final do grão; após a colheita, não é possível melhorar a qualidade intrínseca do produto, apenas conservá-la através de boas práticas de armazenamento e aeração.

  • Rigor na Amostragem: Para evitar prejuízos injustos, o produtor deve acompanhar o processo de amostragem, garantindo que a coleta seja feita em diversos pontos do caminhão e não apenas nas bordas ou na superfície, onde as condições podem diferir do restante da carga.

  • Risco de Micotoxinas: A presença elevada de grãos ardidos e mofados na classificação é um forte indicativo de contaminação por micotoxinas, o que pode inviabilizar o lote para consumo animal e humano, restringindo severamente seu mercado.

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