O que é Colheita De Precisão

A Colheita de Precisão é uma etapa fundamental dentro do ciclo da Agricultura de Precisão (AP), caracterizada pelo uso de tecnologias embarcadas em colhedoras para monitorar e registrar, em tempo real, o desempenho produtivo da lavoura. Diferente da colheita convencional, que avalia a produtividade pela média geral do talhão ou da fazenda (sacas por hectare), a colheita de precisão georreferencia cada quilograma colhido. Isso permite ao produtor rural identificar a variabilidade espacial da produção, ou seja, entender exatamente quais metros quadrados da área entregaram altos rendimentos e quais apresentaram baixo desempenho.

No contexto do agronegócio brasileiro, onde as áreas de cultivo são extensas, essa prática é essencial para a gestão eficiente de culturas como soja, milho, cana-de-açúcar e algodão. O processo baseia-se na integração de receptores GNSS (GPS) com sensores específicos instalados na máquina, que medem o fluxo de massa ou volume de grãos, além da umidade. Esses dados brutos são armazenados e posteriormente processados para gerar os Mapas de Produtividade, que servem como um diagnóstico visual e numérico da safra que se encerra.

A importância prática da colheita de precisão reside na sua capacidade de transformar a colhedora em uma ferramenta de coleta de dados, e não apenas de extração de grãos. As informações geradas validam o manejo realizado durante a safra (adubação, controle de pragas, escolha de cultivares) e fornecem a base para o planejamento do próximo ciclo. É a partir desses dados que se torna possível aplicar insumos à taxa variável, corrigindo manchas de baixa fertilidade e otimizando o investimento em zonas de alto potencial produtivo.

Principais Características

  • Monitoramento de Produtividade: Utilização de sensores (gravimétricos, ópticos ou volumétricos) que medem a quantidade de produto colhido instantaneamente, como as placas de impacto em colhedoras de grãos.

  • Georreferenciamento de Dados: Uso de receptores GNSS para associar cada dado de produção a uma coordenada geográfica específica (latitude e longitude), permitindo a espacialização da informação.

  • Sensores de Umidade: Dispositivos que monitoram o teor de água nos grãos em tempo real, permitindo a correção matemática da produtividade para um padrão comercial (geralmente 13% para grãos), garantindo comparações justas.

  • Mapeamento da Variabilidade: Capacidade de identificar “manchas” dentro do talhão, revelando zonas homogêneas de alta, média ou baixa produtividade que não seriam visíveis na média geral.

  • Calibração de Equipamentos: Necessidade de ajustes precisos na máquina (largura da plataforma, atraso do fluxo de grãos, sensibilidade dos sensores) para garantir a veracidade dos dados coletados.

Importante Saber

  • Qualidade dos Dados: A precisão do mapa final depende diretamente da calibração da colhedora. Sensores sujos, falta de calibração ou falhas no GPS podem gerar mapas que não representam a realidade (“lixo entra, lixo sai”).

  • Limpeza de Dados (Pós-processamento): Os dados brutos coletados no campo raramente estão prontos para uso imediato. É necessário utilizar softwares específicos para filtrar erros, como pontos coletados durante manobras de cabeceira ou paradas da máquina.

  • Diagnóstico de Causas: O mapa de colheita aponta onde ocorreu o problema (baixa produtividade), mas não necessariamente o que causou. Ele deve ser cruzado com mapas de solo, compactação ou incidência de pragas para uma investigação agronômica completa.

  • Histórico de Produtividade: Para definir zonas de manejo confiáveis, recomenda-se analisar o histórico de mapas de colheita de pelo menos três safras, minimizando o efeito de variações climáticas pontuais de um ano específico.

  • Correlação com Biomassa: Em casos onde não há mapa de colheita disponível, mapas de biomassa (NDVI) obtidos por satélite ou drone próximo ao ponto de colheita podem servir como uma estimativa indireta da produtividade.

  • Impacto na Rentabilidade: A principal função da colheita de precisão é econômica; ao identificar áreas que sistematicamente dão prejuízo, o produtor pode decidir reduzir o investimento nesses locais ou investigar correções profundas no solo.

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