O que é Colheita De Soja E Milho

A colheita de soja e milho representa o ápice do ciclo produtivo das duas culturas mais expressivas do agronegócio brasileiro, sendo o momento em que todo o investimento em sementes, fertilizantes e manejo se converte em produto comercializável. No contexto nacional, essas operações estão intrinsecamente ligadas devido ao sistema de sucessão de culturas, onde a colheita da soja no verão libera a área para o plantio do milho segunda safra (safrinha). Essa dinâmica exige um planejamento logístico e operacional rigoroso, pois qualquer atraso na retirada da oleaginosa pode comprometer a janela ideal de semeadura do cereal subsequente, impactando o potencial produtivo de ambas as lavouras. Do ponto de vista da mecanização, a colheita de soja e milho destaca-se pela versatilidade das máquinas empregadas. A mesma colheitadeira (ou colhedora) é utilizada para ambas as culturas, o que otimiza o investimento em ativos fixos da propriedade. A diferenciação ocorre principalmente na troca da plataforma frontal (cabeçalho) e nos ajustes internos dos sistemas de trilha, separação e limpeza. Enquanto a soja exige plataformas de corte flexíveis que trabalham rentes ao solo para capturar as vagens mais baixas, o milho requer plataformas específicas com despigadores que recolhem apenas as espigas, deixando o talo no campo. A eficiência dessa operação não se resume apenas à velocidade de trabalho, mas também à qualidade do grão colhido e à preservação do solo. Máquinas modernas, sejam de rotor axial ou sistema convencional de cilindros, buscam entregar grãos limpos e com o mínimo de dano mecânico, ao mesmo tempo em que trituram e distribuem a palhada uniformemente sobre o terreno. Essa cobertura morta é fundamental para a manutenção do Sistema de Plantio Direto, protegendo o solo e retendo umidade para o próximo ciclo.

Principais Características

  • Intercambiabilidade de Plataformas: A característica central é a capacidade da unidade motriz operar com diferentes cabeçais. Para a soja, utilizam-se plataformas de corte rígidas ou flexíveis (incluindo tecnologias draper com esteiras de borracha); para o milho, utilizam-se plataformas com bicos divisores e rolos despigadores.

  • Ajustes do Sistema de Trilha: Embora a máquina seja a mesma, as configurações internas mudam drasticamente. A rotação do cilindro ou rotor e a abertura do côncavo devem ser reguladas especificamente para cada grão, considerando que o milho é mais sensível a quebras por impacto direto e a soja pode apresentar dificuldades de debulha se a umidade estiver alta.

  • Gerenciamento de Resíduos: As colheitadeiras possuem picadores e espalhadores de palha na traseira. Na soja, o objetivo é espalhar o material vegetativo de forma homogênea para cobrir o solo. No milho, o volume de biomassa é maior, exigindo picadores robustos para facilitar a decomposição e não atrapalhar o plantio subsequente.

  • Capacidade do Tanque Graneleiro: Devido às altas produtividades, especialmente no milho, a autonomia do tanque graneleiro é um fator crítico. Máquinas voltadas para essas culturas tendem a ter reservatórios grandes e tubos de descarga de alta vazão para minimizar o tempo de parada ou permitir a descarga em movimento.

  • Tecnologia Embarcada: Sensores de umidade e produtividade em tempo real são comuns, permitindo a geração de mapas de colheita. Esses dados são essenciais para a agricultura de precisão, identificando zonas de alta e baixa fertilidade para correções futuras.

Importante Saber

  • Monitoramento da Umidade: O ponto de colheita é determinante para a rentabilidade. Colher com umidade muito alta (acima de 15-16%) implica em custos elevados de secagem e descontos no armazém (tabela de classificação). Já a colheita excessivamente seca aumenta as perdas por deiscência (abertura natural das vagens na soja) ou tombamento de plantas no milho.

  • Regulagem para Redução de Perdas: A maior parte das perdas na soja ocorre na plataforma de corte (entre 80% a 85% das perdas totais), geralmente por velocidade excessiva ou altura de corte inadequada. No milho, as perdas podem ocorrer tanto na plataforma (espigas que caem) quanto no sistema de separação (grãos que saem com a palha). A calibração diária da máquina é obrigatória.

  • Velocidade de Deslocamento: A pressa é inimiga da eficiência. Operar a colheitadeira acima da velocidade recomendada para a capacidade de processamento da máquina resulta em sobrecarga das peneiras e aumento exponencial das perdas de grãos pelo saca-palhas ou rotor.

  • Compactação do Solo: O tráfego de máquinas pesadas, especialmente em condições de solo úmido (comum no final do verão na colheita da soja), pode causar compactação severa. O uso de pneus de alta flutuação, rodados duplos ou esteiras, além de evitar o tráfego desnecessário de transbordos dentro do talhão, são medidas preventivas importantes.

  • Prevenção de Incêndios: Na colheita do milho, especialmente na safrinha em períodos secos, o acúmulo de palha seca nas partes quentes do motor e o atrito das peças metálicas aumentam drasticamente o risco de incêndios. A limpeza frequente da máquina (sopragem) durante a operação é uma medida de segurança indispensável.

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