O que é Comidas Transgenicas
No contexto do agronegócio, o termo “comidas transgênicas” refere-se a alimentos derivados de culturas agrícolas geneticamente modificadas (OGMs). Essas plantas tiveram seu material genético alterado em laboratório pela inserção de genes de outras espécies, visando conferir características agronômicas específicas que não ocorreriam naturalmente ou que demorariam muito para serem obtidas via melhoramento convencional. No Brasil, as principais culturas transgênicas que servem de base para a alimentação humana e animal são a soja, o milho e o algodão.
A relação direta entre essas culturas e o manejo agrícola está na tecnologia desenvolvida para facilitar a produção. A característica mais comum inserida nessas plantas é a tolerância a herbicidas, especificamente ao glifosato. Isso permite que o produtor rural aplique este defensivo agrícola em pós-emergência, ou seja, quando a cultura já está nascida e desenvolvida, para controlar plantas daninhas sem causar fitotoxidez ou morte à lavoura comercial. Sem essa modificação genética, a aplicação de um herbicida não seletivo como o glifosato sobre a cultura resultaria na perda da produção.
Além da tolerância a herbicidas, muitas dessas culturas também possuem genes que conferem resistência a insetos-praga (tecnologia Bt), reduzindo a necessidade de aplicação de inseticidas. Portanto, quando falamos em comidas transgênicas sob a ótica agronômica, estamos tratando de uma ferramenta tecnológica essencial para o sistema de plantio direto e para a viabilidade econômica das grandes commodities brasileiras, regulamentada rigorosamente pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Principais Características
- Tolerância a Herbicidas: A característica mais marcante é a capacidade da planta de metabolizar ou não ser afetada por herbicidas de amplo espectro, como o glifosato, facilitando o manejo de ervas daninhas.
- Resistência a Insetos: Muitas variedades possuem genes de bactérias (Bacillus thuringiensis) que produzem proteínas tóxicas para lagartas específicas, protegendo a planta desde a germinação.
- Identificação Obrigatória: No Brasil, produtos destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGMs devem apresentar o símbolo “T” em um triângulo amarelo no rótulo.
- Equivalência Substancial: Estudos indicam que, nutricionalmente, os alimentos transgênicos aprovados são equivalentes aos seus pares convencionais, mantendo a mesma composição de macro e micronutrientes.
- Alta Adoção no Brasil: A grande maioria da área plantada de soja e milho no país utiliza sementes transgênicas devido à eficiência operacional e redução de custos no controle de pragas e daninhas.
Importante Saber
- Manejo de Resistência de Plantas Daninhas: O uso contínuo de culturas transgênicas tolerantes ao glifosato, associado à aplicação repetida do mesmo herbicida, pode selecionar plantas daninhas resistentes, exigindo rotação de princípios ativos.
- Área de Refúgio: Para culturas com resistência a insetos (Bt), é obrigatório o plantio de uma porcentagem da área com sementes convencionais (refúgio) para evitar que as pragas desenvolvam resistência à tecnologia.
- Segurança Alimentar e Ambiental: Todas as variedades transgênicas passam por rigorosos testes de biossegurança antes da liberação comercial para garantir que não causem danos à saúde humana, animal ou ao meio ambiente.
- Segregação de Produção: Para produtores que visam nichos de mercado “Non-GMO” (não transgênicos), é necessário um controle rigoroso para evitar a contaminação cruzada durante o plantio, colheita, transporte e armazenamento.
- Impacto no Custo de Produção: Embora a semente transgênica tenha um custo mais elevado devido aos royalties da tecnologia, a economia gerada na redução de pulverizações e a segurança na colheita geralmente compensam o investimento.