O que é Commodity To Commodity

O conceito de “Commodity To Commodity” (ou C2C) no agronegócio refere-se à dinâmica comercial e analítica onde uma commodity agrícola atua como a unidade de referência de valor para a transação ou comparação com outra commodity ou insumo. No contexto prático brasileiro, isso é frequentemente traduzido pela “Relação de Troca” e pelas operações de Barter. Em vez de focar exclusivamente no valor monetário (Reais ou Dólares), o produtor avalia o seu poder de compra baseando-se na quantidade física do seu produto (sacas de milho, por exemplo) necessária para adquirir um determinado bem ou serviço.

Essa abordagem é fundamental para a gestão de riscos e custos de produção. Como o mercado de commodities é altamente volátil e influenciado pelo câmbio, analisar o cenário sob a ótica de “produto por produto” oferece uma visão mais realista da rentabilidade do que apenas observar a cotação nominal. Por exemplo, mesmo que o preço do milho esteja historicamente alto em reais, se o custo dos fertilizantes (outra commodity global) subir na mesma proporção ou mais, o poder de compra do produtor diminui.

Portanto, Commodity To Commodity engloba tanto as transações físicas de troca (entregar grãos em troca de sementes e defensivos) quanto a análise de paridade entre mercados (ex: relação boi/milho, onde se calcula quantas arrobas de boi são necessárias para comprar um volume de milho para ração). É uma ferramenta essencial para o planejamento de safra e tomada de decisão sobre o momento ideal de travar custos ou realizar vendas.

Principais Características

  • Desmonetização da Referência: O foco sai do valor financeiro (R) para o volume físico (sacas/toneladas), permitindo uma compreensão clara do custo real de produção independentemente da inflação ou variação cambial momentânea.
  • Mitigação de Risco Cambial (Hedge Natural): Ao fixar custos em sacas de produto, o produtor se protege parcialmente das oscilações do dólar, uma vez que tanto a commodity produzida quanto muitos insumos são precificados na moeda americana.
  • Sazonalidade da Relação de Troca: A paridade entre commodities não é estática; ela varia conforme a oferta e demanda global de cada produto, criando janelas de oportunidade onde o insumo fica “mais barato” em relação ao grão.
  • Correlação de Mercados: Existe uma forte interdependência entre diferentes commodities (ex: petróleo influenciando fertilizantes e combustíveis, que por sua vez influenciam o custo do milho), exigindo monitoramento conjunto.
  • Instrumento de Financiamento: No Brasil, a troca física (Barter) funciona como um mecanismo vital de financiamento da safra, permitindo acesso a tecnologia sem desembolso imediato de caixa.

Importante Saber

  • Monitore a Média Histórica: Para saber se uma relação de troca é vantajosa, é crucial comparar o cenário atual com a média dos últimos 3 ou 5 anos. Se hoje você precisa de menos sacas para comprar uma tonelada de adubo do que a média histórica, é um indicativo de compra favorável.
  • Atenção ao Local de Entrega (Basis): A cotação de referência (como a da B3 ou Chicago) pode diferir do preço no mercado físico local devido ao frete e prêmios. O cálculo C2C deve sempre considerar o preço “posto na fazenda” ou no armazém local para ser preciso.
  • Relação Boi/Milho e Suíno/Milho: Para pecuaristas e suinocultores, o milho é um insumo, não o produto final. Nesses casos, o conceito C2C é vital para determinar a viabilidade do confinamento, analisando se o preço da carne cobre o custo da ração.
  • Liquidez e Travamento: Operações atreladas a commodities exigem compromisso de entrega física. É fundamental não comprometer uma porcentagem excessiva da produção estimada, considerando os riscos climáticos que podem afetar a produtividade final.
  • Qualidade e Padronização: Em trocas físicas, a commodity entregue deve atender a padrões rígidos de classificação (umidade, impurezas, avariados). Descontos técnicos na entrega podem alterar a relação de troca final planejada, reduzindo a margem de lucro.
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