Artigos sobre Como e Um Pe de Amendoim

O que é Como E Um Pe De Amendoim

Entender como é um pé de amendoim (Arachis hypogaea L.) vai muito além de reconhecer a planta visualmente; trata-se de compreender a morfologia e a fisiologia de uma leguminosa herbácea com características reprodutivas únicas. Diferente de muitas culturas graníferas, o amendoim possui a peculiaridade de florescer acima do solo e frutificar abaixo dele, um fenômeno botânico conhecido como geocarpia. A planta não é uma árvore, mas sim um arbusto pequeno ou uma planta rasteira, dependendo da variedade, atingindo geralmente entre 30 a 50 centímetros de altura.

No contexto do agronegócio brasileiro, especialmente nas grandes áreas de produção em São Paulo e na expansão para o Centro-Oeste, identificar corretamente o tipo de planta é crucial para o manejo. Existem dois grupos principais cultivados no Brasil: o tipo ereto (grupo Valência ou Tatu), que possui um ciclo mais curto e crescimento vertical, e o tipo rasteiro (grupo Virgínia ou Runner), que se espalha lateralmente cobrindo o solo e possui um ciclo mais longo. O tipo rasteiro é atualmente o mais utilizado na agricultura tecnificada e na rotação com cana-de-açúcar devido à sua alta produtividade e capacidade de mecanização.

A estrutura da planta é composta por uma raiz pivotante vigorosa, rica em nódulos de fixação biológica de nitrogênio, caules ramificados e folhas compostas. O entendimento dessa arquitetura vegetal é fundamental para o produtor, pois influencia diretamente o espaçamento de plantio, a eficiência da aplicação de defensivos e, principalmente, a operação de arranquio e inversão durante a colheita, garantindo que as vagens sejam expostas ao sol para secagem adequada.

Principais Características

• Hábito de Crescimento: Pode ser ereto (ramificação sequencial, porte vertical) ou rasteiro (ramificação alternada, prostrado ao solo), sendo o rasteiro predominante nas lavouras comerciais brasileiras de alta tecnologia.
• Folhas: As folhas são tetrafolioladas, ou seja, compostas por quatro folíolos de formato elíptico ou obovado, com coloração verde intensa, fundamentais para a fotossíntese e cobertura do solo.
• Flores: Apresenta flores pequenas, de coloração amarela ou alaranjada, que surgem nas axilas das folhas. A autopolinização ocorre com a flor ainda fechada ou logo após a abertura.
• Ginóforo (Esporão): Após a fecundação, a base do ovário se alonga formando o ginóforo, popularmente chamado de “esporão”, que cresce em direção ao solo, penetra na terra e dá origem à vagem subterrânea.
• Sistema Radicular: Possui raiz principal pivotante profunda e raízes laterais que formam simbiose com bactérias do gênero Bradyrhizobium, resultando em nódulos visíveis que fixam nitrogênio atmosférico.
• Fruto (Vagem): As vagens desenvolvem-se enterradas, contendo geralmente de dois a quatro grãos (sementes), protegidos por uma casca fibrosa e reticulada.

Importante Saber

• Influência do Solo: Devido à característica de frutificação subterrânea, o pé de amendoim exige solos leves, arenosos ou de textura média, bem drenados e friáveis, para facilitar a penetração do ginóforo e reduzir perdas no arranquio.
• Ciclo da Cultura: O tempo de desenvolvimento varia significativamente conforme a arquitetura da planta; cultivares eretas (Tatu) fecham o ciclo entre 90 a 110 dias, enquanto as rasteiras (Runner) exigem de 130 a 150 dias ou mais.
• Monitoramento de Pragas: A arquitetura da planta, especialmente nas variedades rasteiras que fecham as entrelinhas, cria um microclima úmido favorável a doenças fúngicas (como a mancha castanha e preta), exigindo monitoramento constante.
• Benefício na Rotação: O sistema radicular do amendoim é excelente para a estruturação do solo e aporte de nitrogênio, sendo ideal para sucessão com gramíneas como a cana-de-açúcar ou pastagens degradadas.
• Ponto de Colheita: A maturação não é visível externamente como em outras culturas; é necessário arrancar plantas amostrais e avaliar a coloração interna da casca da vagem (exocarpo) para determinar o momento exato da colheita.
• Sensibilidade ao Fotoperíodo: Embora a maioria das cultivares comerciais seja insensível ao fotoperíodo, a temperatura e a disponibilidade hídrica são fatores determinantes para o crescimento vegetativo e o enchimento dos grãos.