O que é Como Tratar Fungo Branco Nas Plantas
O tratamento do fungo branco, cientificamente conhecido como Sclerotinia sclerotiorum, refere-se ao conjunto de estratégias de Manejo Integrado de Doenças (MID) aplicadas para controlar uma das enfermidades mais severas da agricultura brasileira. Esta doença afeta drasticamente culturas de alto valor econômico, como soja, feijão, algodão, girassol e diversas hortaliças. O termo “tratar”, neste contexto agronômico, vai muito além da aplicação curativa de fungicidas; envolve um planejamento preventivo robusto, visto que o patógeno possui estruturas de resistência (escleródios) que podem sobreviver no solo por até uma década, tornando a erradicação extremamente difícil uma vez que a área esteja infestada.
No cenário agrícola nacional, o manejo do mofo-branco é crítico em regiões de altitude elevada, clima ameno e alta pluviosidade, ou em lavouras irrigadas e com alta densidade de plantio. O fungo ataca as plantas principalmente durante o florescimento, formando um micélio branco com aspecto cotonoso que apodrece hastes e vagens, interrompendo o fluxo de seiva e causando a morte da planta. O tratamento eficaz exige a combinação de controle químico, biológico e cultural para reduzir o “banco de escleródios” no solo e proteger a produtividade da safra, evitando perdas que podem chegar a 100% em casos severos sem controle.
Principais Características
- Agente Causal Persistente: O fungo Sclerotinia sclerotiorum produz escleródios, estruturas negras e rígidas (semelhantes a fezes de rato) que resistem a condições adversas no solo por vários anos.
- Sintomatologia Visual: A doença é facilmente identificada pelo crescimento de uma massa branca e algodonosa (micélio) nas hastes, pecíolos e vagens, seguida pelo surgimento dos escleródios externos ou internos.
- Condições Microclimáticas: O desenvolvimento é favorecido por alta umidade relativa do ar, temperaturas amenas (entre 18°C e 23°C) e longos períodos de molhamento foliar, comuns em lavouras com dossel fechado.
- Amplo Espectro de Hospedeiros: É um patógeno polífago, atacando mais de 400 espécies de plantas dicotiledôneas, o que inclui a maioria das culturas comerciais (exceto gramíneas) e muitas plantas daninhas.
- Disseminação: Ocorre via sementes contaminadas (misturadas com escleródios), trânsito de máquinas agrícolas com solo infestado e, a curtas distâncias, pela liberação de ascósporos (esporos aéreos).
Importante Saber
- Janela de Aplicação: O controle químico é mais eficiente quando realizado de forma preventiva, iniciando-se na pré-florada ou plena floração (estádio R1 na soja), pois as flores senescentes são a principal porta de entrada para o fungo.
- Controle Biológico: A utilização de fungos antagonistas, como o Trichoderma spp., é uma ferramenta vital para degradar os escleródios presentes no solo e reduzir o inóculo inicial para as safras seguintes.
- Rotação de Culturas: O plantio de gramíneas (milho, trigo, braquiária) é essencial, pois estas plantas não hospedam o fungo e a palhada formada cria uma barreira física que impede a liberação dos esporos do solo para a parte aérea da cultura sucessora.
- Qualidade das Sementes: O uso de sementes certificadas e tratadas é a primeira linha de defesa para evitar a introdução do patógeno em áreas isentas, visto que os escleródios podem ser transportados junto aos grãos.
- Manejo Cultural: Práticas como aumentar o espaçamento entre linhas e evitar populações excessivas de plantas ajudam a permitir a entrada de luz e ar no dossel, reduzindo o microclima úmido favorável à doença.