O que é Controle Da Buva

O controle da buva refere-se ao conjunto de estratégias agronômicas adotadas para manejar e suprimir a infestação de plantas daninhas do gênero Conyza (como Conyza bonariensis, C. canadensis e C. sumatrensis) em sistemas agrícolas. Historicamente considerada uma planta de fácil manejo, a buva tornou-se um dos maiores desafios fitossanitários do agronegócio brasileiro nas últimas décadas, principalmente devido à seleção de biótipos resistentes a herbicidas, com destaque para a resistência ao glifosato e, mais recentemente, a resistência múltipla a outros mecanismos de ação, como inibidores da ALS e do Fotossistema I.

No contexto brasileiro, o controle eficaz dessa invasora é crítico para a viabilidade econômica das lavouras, especialmente na cultura da soja. A buva é uma planta extremamente competitiva que disputa recursos essenciais — água, luz e nutrientes — com a cultura comercial. A falha no controle, permitindo a matocompetição, resulta em perdas severas de produtividade. Estudos indicam que a presença de apenas três plantas de buva por metro quadrado pode reduzir o rendimento da soja em até 4 sacas por hectare, o que representa um prejuízo financeiro significativo para o produtor.

Atualmente, o controle da buva não pode mais depender exclusivamente de uma única ferramenta química. O manejo moderno exige uma abordagem integrada (MIPD), combinando o uso rotacionado de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, controle cultural (como o uso de plantas de cobertura para suprimir a germinação) e o monitoramento constante das áreas. O objetivo deixou de ser apenas a eliminação da planta visível e passou a ser a redução do banco de sementes no solo e a prevenção da evolução da resistência.

Principais Características

  • Alta capacidade reprodutiva e dispersão: Uma única planta de buva pode produzir entre 100 mil e 200 mil sementes. Essas sementes são extremamente leves e possuem estruturas que facilitam o transporte pelo vento a longas distâncias, permitindo a reinfestação rápida de áreas vizinhas e dificultando o controle isolado em talhões específicos.

  • Ciclo e germinação: A buva apresenta sementes fotoblásticas positivas (precisam de luz para germinar) e não possuem dormência, germinando prontamente sob condições favoráveis (20°C a 25°C). No Brasil, os fluxos de emergência ocorrem predominantemente no outono e inverno, durante a entressafra das culturas de verão, o que exige atenção redobrada no manejo de entressafra.

  • Resistência a herbicidas: A característica mais marcante no cenário atual é a resistência consolidada. O Brasil registra casos de buva resistente ao glifosato desde 2005. Mais grave ainda é a ocorrência de resistência múltipla, onde populações de Conyza sumatrensis já não respondem a três mecanismos de ação distintos (inibidores da EPSPs, ALS e Fotossistema I/PPO), limitando as opções químicas disponíveis.

  • Rusticidade e porte: Pertencente à família Asteraceae, a buva é uma planta de crescimento ereto que pode atingir até 2,5 metros de altura. Ela possui alta tolerância a períodos de seca, o que lhe confere vantagem competitiva sobre as culturas comerciais em situações de estresse hídrico.

Importante Saber

  • Identificação correta é fundamental: Antes de definir a estratégia de controle, é crucial identificar a espécie e o estádio de desenvolvimento. O controle químico é significativamente mais eficiente em plantas jovens (estádio de roseta ou com até 10-15 cm de altura). Plantas perenizadas ou muito desenvolvidas tornam-se de difícil controle e exigem doses mais elevadas ou misturas de produtos, encarecendo o manejo.

  • Rotação de mecanismos de ação: Para evitar a seleção de novos biótipos resistentes e controlar os já existentes, é imperativo não utilizar repetidamente o mesmo herbicida. O planejamento deve incluir a rotação de princípios ativos (como auxinas sintéticas, inibidores da PPO, inibidores da glutamina sintetase, entre outros) recomendados para a cultura e a época de aplicação.

  • Manejo de entressafra e dessecação antecipada: O controle deve começar muito antes do plantio da soja. O manejo outonal e a dessecação antecipada (sistema “plante/aplique” deve ser evitado em áreas infestadas) são essenciais. O uso de cobertura vegetal (palhada) ajuda a reduzir a incidência de luz no solo, inibindo a germinação das sementes de buva.

  • Custo da ineficiência: O impacto econômico vai além da perda de produtividade. O custo de controle em áreas com buva resistente aumenta drasticamente devido à necessidade de herbicidas mais caros, maior número de entradas na lavoura e uso de misturas em tanque. Portanto, o investimento em prevenção e manejo integrado apresenta melhor retorno sobre o investimento do que o controle curativo tardio.

  • Monitoramento de escapes: Após as aplicações, é necessário monitorar a lavoura para identificar “escapes” (plantas que sobreviveram). Essas plantas não devem ser deixadas para produzir sementes, pois perpetuarão a genética de resistência na área. Em casos pontuais, a catação manual ou aplicação localizada pode ser necessária.

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