Tudo sobre Controle De Ácaros

O que é Controle De Ácaros

O Controle de Ácaros refere-se ao conjunto de estratégias e práticas agronômicas adotadas para monitorar, identificar e reduzir as populações de ácaros-praga em culturas agrícolas a níveis que não causem prejuízos econômicos. No contexto do agronegócio brasileiro, esta prática tornou-se fundamental, pois os ácaros, que historicamente eram considerados pragas secundárias em culturas como a soja, têm assumido o status de pragas primárias. Isso ocorre frequentemente devido a desequilíbrios ecológicos, uso intensivo de defensivos não seletivos e, principalmente, condições climáticas favoráveis, como os veranicos e altas temperaturas.

Diferente do manejo de insetos, o controle de ácaros exige uma abordagem específica, visto que são aracnídeos com biologia e comportamento distintos. O manejo eficiente envolve a identificação correta da espécie — seja o ácaro-rajado (Tetranychus urticae) em culturas de verão ou o ácaro-azul (Penthaleus major) em pastagens de inverno — e a compreensão do seu ciclo de vida rápido. O controle não se resume apenas à aplicação de acaricidas, mas integra o monitoramento constante de reboleiras, a preservação de inimigos naturais e a escolha de cultivares, visando proteger o potencial fotossintético das plantas e evitar a desfolha precoce.

Principais Características

Ciclo Reprodutivo Acelerado: Os ácaros possuem um ciclo de vida extremamente curto, variando de 7 a 20 dias dependendo da temperatura, o que permite que suas populações cresçam exponencialmente em curto espaço de tempo, exigindo intervenções rápidas.
Dependência Climática: A maioria das espécies, como o ácaro-rajado e o ácaro-verde, é favorecida por clima quente e seco (baixa umidade), enquanto o ácaro-azul prefere temperaturas amenas (8°C a 15°C) típicas do inverno no Sul do Brasil.
Hábito Alimentar Destrutivo: Alimentam-se perfurando as células do mesofilo foliar para sugar o conteúdo celular, resultando em manchas cloróticas (amareladas ou bronzeadas), redução da taxa fotossintética e, em casos severos, necrose e queda das folhas.
Formação de Teias: Espécies como o ácaro-rajado produzem teias que servem de proteção contra predadores e defensivos agrícolas, além de criar um microclima favorável para a colônia, dificultando a penetração de produtos químicos.
Dispersão pelo Vento: A disseminação na lavoura ocorre principalmente pelo vento, onde as fêmeas se deixam levar para colonizar novas áreas, mas também pode ocorrer pelo trânsito de máquinas e pessoas ou caminhamento entre folhas entrelaçadas.

Importante Saber

Monitoramento de Reboleiras: A infestação geralmente começa em manchas ou “reboleiras”. O monitoramento deve ser focado nessas áreas iniciais e na face inferior das folhas, onde a maioria dos ácaros se aloja, utilizando lupas de bolso para visualização.
Diferenciação de Espécies: É crucial distinguir entre as espécies (rajado, verde, vermelho, branco ou azul), pois o comportamento, a região da planta atacada e a suscetibilidade aos produtos de controle podem variar significativamente.
Momento de Controle: Não se deve esperar a formação visível de teias para iniciar o controle, pois nesse estágio a população já está muito alta e a teia atua como barreira física, reduzindo a eficiência das pulverizações.
Impacto na Produtividade: Em culturas como a soja, o ataque severo pode causar perdas superiores a 400 kg por hectare, comprometendo o enchimento de grãos e antecipando o ciclo da cultura de forma prejudicial.
Rotação de Mecanismos de Ação: Devido ao ciclo curto e alta taxa de reprodução, os ácaros desenvolvem resistência a defensivos rapidamente. É essencial rotacionar os princípios ativos dos acaricidas para manter a eficácia do manejo a longo prazo.