O que é Controle De Plantas Voluntárias

O Controle de Plantas Voluntárias, frequentemente chamadas de plantas tigueras ou guaxas, refere-se ao conjunto de estratégias de manejo adotadas para eliminar plantas de uma cultura anterior que germinam e se desenvolvem no meio da lavoura subsequente. No contexto do agronegócio brasileiro, onde o sistema de sucessão de culturas (como soja seguida de milho safrinha ou soja seguida de algodão) é amplamente praticado, esse fenômeno é uma ocorrência constante. O controle deixa de tratar a planta como uma cultura comercial e passa a encará-la como uma planta daninha de alto potencial competitivo, visto que ela disputará água, luz, nutrientes e espaço com a cultura recém-implantada.

A complexidade desse controle aumentou substancialmente com a popularização das culturas geneticamente modificadas (transgênicas). Quando a planta voluntária possui a mesma tecnologia de resistência a herbicidas que a cultura atual (por exemplo, milho RR nascendo em meio à soja RR), o uso do glifosato torna-se inócuo para o seu controle. Isso exige que o produtor e o agrônomo planejem aplicações específicas, geralmente utilizando herbicidas com mecanismos de ação distintos, como os graminicidas, para evitar que essas plantas causem prejuízos econômicos diretos na produtividade e indiretos ao servirem de ponte verde para pragas e doenças.

Principais Características

  • Origem nas perdas de colheita: O problema se origina fundamentalmente durante a colheita da safra anterior, onde grãos perdidos, espigas inteiras ou pedaços de espigas permanecem no solo, criando um banco de sementes indesejado.

  • Fluxos de germinação irregulares: Diferente de sementes individuais, as plantas originadas de espigas ou estruturas maiores podem germinar em múltiplos fluxos ao longo do tempo, dificultando o posicionamento de uma única aplicação de herbicida.

  • Vigor híbrido e competitividade: Por serem plantas melhoradas geneticamente, as voluntárias possuem alto vigor inicial e capacidade de competição superior à maioria das ervas daninhas comuns, causando sombreamento rápido sobre a cultura principal.

  • Resistência a herbicidas: A presença de traços de tolerância (como ao glifosato ou glufosinato de amônio) herdados da safra anterior limita as opções químicas de controle, exigindo o uso de produtos específicos como inibidores da ACCase.

  • Hospedeiro de pragas (Ponte Verde): As plantas voluntárias mantêm vivas populações de pragas específicas (como a cigarrinha-do-milho ou o bicudo-do-algodoeiro) na entressafra, permitindo que migrem para a nova lavoura assim que ela emerge.

Importante Saber

  • Momento ideal de aplicação: O controle químico é muito mais eficiente e econômico quando realizado nos estádios iniciais da planta voluntária (geralmente até V3 para milho); plantas em estádios avançados (V6-V8) tornam-se de difícil controle e podem exigir doses elevadas ou capina manual.

  • Uso de Graminicidas: No caso de milho tiguera em soja, o uso de graminicidas (como cletodim, haloxifope, fluazifope) é a estratégia padrão, mas é crucial atentar-se à dose correta e ao uso de adjuvantes recomendados para garantir a absorção.

  • Risco de Antagonismo: Deve-se ter cautela ao misturar graminicidas com outros herbicidas latifolicidas (como 2,4-D) no mesmo tanque, pois pode ocorrer antagonismo químico que reduz a eficácia do controle da planta voluntária.

  • Prevenção mecânica: A redução do problema começa na regulagem eficiente das colheitadeiras; quanto menor a perda de grãos e espigas na colheita, menor será a população de plantas voluntárias na safra seguinte.

  • Impacto severo na produtividade: Não subestime o dano; a presença de apenas uma planta de milho tiguera por metro quadrado pode reduzir a produtividade da soja em percentuais significativos (estudos apontam perdas acima de 15% a 20%), justificando o investimento no controle rigoroso.

💡 Conteúdo útil?

Compartilhe com sua rede

Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Controle de Plantas Voluntárias

Veja outros artigos sobre Controle de Plantas Voluntárias