Pragas de Armazenamento: Como Identificar e Controlar Após a Colheita
Pragas de armazenamento: Identifique os insetos, saiba como preveni-los e conheça os manejos químico e físico para evitar perdas após a colheita.
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O controle de pragas em grãos refere-se ao conjunto de estratégias e práticas de manejo adotadas para proteger a produção agrícola durante a fase de pós-colheita e armazenamento. No contexto do agronegócio brasileiro, onde o clima tropical favorece a rápida proliferação de insetos, esta etapa é crítica para garantir que o investimento realizado na lavoura não seja perdido nos silos e armazéns. Estima-se que perdas quantitativas e qualitativas possam atingir até 10% da produção nacional devido ao ataque de insetos-praga, fungos e roedores durante a estocagem.
O processo baseia-se nos princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que não se limita apenas à aplicação de inseticidas, mas envolve um sistema coordenado de higienização, monitoramento constante e controle ambiental. O objetivo principal é evitar a perda de massa dos grãos, a redução do valor nutricional e a contaminação por fragmentos de insetos ou micotoxinas. A presença de pragas pode desvalorizar comercialmente o produto, inviabilizar o uso de sementes para safras futuras devido à perda do poder germinativo e causar a rejeição de cargas inteiras pela indústria alimentícia ou por mercados exportadores exigentes.
As principais ameaças biológicas combatidas neste processo são insetos das ordens Coleoptera (besouros como carunchos e gorgulhos) e Lepidoptera (traças). O controle efetivo exige a identificação correta das espécies, pois o comportamento varia entre pragas que perfuram e se alojam dentro do grão e aquelas que se alimentam externamente ou de resíduos. A eficácia do controle depende diretamente da preparação da unidade armazenadora antes do recebimento da safra, garantindo que o ambiente esteja livre de focos de infestação residual.
Classificação das pragas em dois grupos funcionais: pragas primárias, que atacam grãos inteiros e sadios (podendo ser internas ou externas), e pragas secundárias, que são oportunistas e se alimentam de grãos já danificados ou quebrados.
Adoção rigorosa da limpeza e higienização (sanificação) das unidades armazenadoras e equipamentos antes da colheita, eliminando resíduos da safra anterior que servem de abrigo para insetos.
Utilização do expurgo ou fumigação como principal método curativo, que consiste na aplicação de gás inseticida em ambiente hermético para eliminar todas as fases de vida dos insetos (ovo, larva, pupa e adulto).
Monitoramento contínuo da temperatura e umidade da massa de grãos, visto que o calor e a umidade excessiva aceleram o ciclo reprodutivo das pragas e favorecem o desenvolvimento de fungos.
Identificação específica de espécies-chave no Brasil, como o Rhyzopertha dominica (gorgulho-dos-cereais) e o Sitophilus zeamais (gorgulho-do-milho), que possuem alto potencial destrutivo.
A presença de pragas secundárias, como o besouro castanho (Tribolium castaneum), serve como um bioindicador de que já existe uma infestação primária em andamento ou que os grãos sofreram danos físicos severos.
Algumas infestações, especialmente as de gorgulhos (Sitophilus spp.), podem ter início ainda no campo (infestação cruzada), sendo transportadas para dentro do armazém pela colheitadeira, o que exige vigilância desde a recepção da carga.
Para produtores de sementes, o controle deve ser de tolerância zero, pois o ataque de pragas primárias internas destrói o embrião, comprometendo irreversivelmente a germinação e o vigor para a próxima safra.
O controle químico deve ser rotacionado e aplicado tecnicamente para evitar a seleção de populações de insetos resistentes aos princípios ativos utilizados na fumigação e no tratamento preventivo.
A tecnologia de termometria e aeração é uma aliada indispensável ao controle químico, pois permite manter a massa de grãos em temperaturas que inibem a atividade metabólica dos insetos.
A capacitação da equipe operacional é fundamental, pois a falha na identificação de uma praga ou na vedação correta de um silo durante o expurgo pode resultar na ineficácia total do tratamento.
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