O que é Controle De Pragas Na Soja

O controle de pragas na soja refere-se ao conjunto de estratégias e táticas agronômicas adotadas para manter as populações de insetos e outros organismos nocivos abaixo do Nível de Dano Econômico (NDE). No contexto do agronegócio brasileiro, caracterizado por um clima tropical quente e úmido e sistemas de cultivo intensivo, a pressão de pragas é constante e elevada. Isso exige do produtor um manejo assertivo para evitar perdas significativas de produtividade, que podem ocorrer desde a fase de emergência das plântulas até o enchimento dos grãos.

A abordagem mais recomendada e eficiente atualmente é o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Diferente do controle convencional, que muitas vezes se baseia em aplicações calendarizadas de defensivos, o MIP fundamenta-se no monitoramento constante da lavoura e na integração de diferentes métodos de controle (químico, biológico, cultural e genético). O objetivo não é necessariamente eliminar todos os insetos da área, mas sim gerenciar suas populações para que não causem prejuízos financeiros superiores ao custo do controle, preservando a rentabilidade e a sustentabilidade do agroecossistema.

A implementação correta desse controle envolve o conhecimento profundo das espécies presentes na lavoura, diferenciando pragas-chave (como percevejos e lagartas desfolhadoras) de pragas secundárias e inimigos naturais. Além disso, considera o histórico da área e as condições climáticas para a tomada de decisão. O uso indiscriminado de pesticidas no passado gerou problemas de resistência e desequilíbrio ambiental, tornando o controle técnico e planejado uma necessidade vital para a longevidade da produção de soja no Brasil.

Principais Características

  • Monitoramento Constante: A base do controle eficiente é a inspeção regular da lavoura (semanalmente), utilizando ferramentas como o pano de batida para quantificar a densidade populacional de lagartas, percevejos e inimigos naturais, além de armadilhas para monitoramento de adultos.

  • Níveis de Ação Definidos: O controle só é acionado quando a população da praga atinge o Nível de Controle (NC), que é o ponto de alerta antes que a infestação cause prejuízo econômico real (Nível de Dano Econômico).

  • Diversidade de Pragas: O complexo de pragas na soja é amplo, variando conforme o estágio da cultura. Inclui pragas de solo e iniciais (como o cascudinho-da-soja e corós), desfolhadores (lagarta-da-soja, falsa-medideira) e sugadores de grãos (complexo de percevejos).

  • Integração de Métodos: O controle não depende apenas de inseticidas químicos. Envolve o uso de cultivares resistentes (transgênicos ou não), controle biológico (uso de predadores, parasitoides ou microrganismos) e práticas culturais (rotação de culturas e época de plantio).

  • Preservação de Inimigos Naturais: Uma característica fundamental do manejo moderno é a escolha de produtos seletivos que controlem a praga alvo, mas que tenham baixo impacto sobre insetos benéficos que ajudam a regular naturalmente a população de pragas.

Importante Saber

  • Identificação Correta é Crucial: Confundir pragas pode levar a falhas graves no controle. Por exemplo, o cascudinho-da-soja (Myochrous armatus) pode ser confundido com o torrãozinho (Aracanthus mourei), mas possuem comportamentos e cabeças diferentes, exigindo atenção aos detalhes para a escolha do manejo adequado.

  • Riscos da Aplicação Preventiva: Pulverizar inseticidas sem atingir o nível de controle (“cheirinho”) acelera a seleção de pragas resistentes, elimina inimigos naturais e aumenta desnecessariamente o custo de produção, podendo provocar a ressurgência de pragas em populações ainda maiores.

  • Fases Críticas da Cultura: A atenção deve ser redobrada em momentos específicos. No início do ciclo, pragas como o cascudinho podem reduzir o estande de plantas causando tombamento. Já na fase reprodutiva (R5-R7), os percevejos atacam diretamente os grãos, afetando a qualidade e o peso da colheita.

  • Rotação de Mecanismos de Ação: Para evitar a perda de eficiência das tecnologias (químicas ou biotecnológicas), é fundamental rotacionar os princípios ativos dos defensivos utilizados, impedindo que indivíduos resistentes dominem a população da praga na área.

  • Tecnologia como Aliada: O uso de softwares agrícolas para registrar o monitoramento georreferenciado permite criar um histórico da área, facilitando a visualização de reboleiras e a tomada de decisão baseada em dados concretos sobre a evolução da infestação.

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