O que é Cotação Do Arroz

A cotação do arroz refere-se ao valor de mercado atribuído à saca do grão, padronizada comercialmente em 50 kg no Brasil, em um determinado momento. Este indicador econômico é o principal termômetro para a comercialização da safra, refletindo a interação dinâmica entre a oferta (produção nacional e estoques) e a demanda (consumo interno e exportações). No agronegócio brasileiro, a formação desse preço é fortemente influenciada pelo desempenho das lavouras na região Sul, especificamente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que juntos respondem por cerca de 80% da produção nacional, majoritariamente em sistema irrigado.

O acompanhamento da cotação é uma atividade gerencial indispensável para o produtor rural, pois define a rentabilidade da operação. O preço não é estático e sofre oscilações diárias baseadas em fatores macroeconômicos e climáticos. Por exemplo, previsões de safras recordes, como a estimada pela Conab para o ciclo 2024/25 (12,1 milhões de toneladas), tendem a pressionar as cotações para baixo devido ao aumento da oferta. Por outro lado, quebras de safra ou problemas climáticos, como excesso de chuvas no período de colheita, restringem a disponibilidade do produto e elevam os preços pagos ao produtor.

Além do cenário doméstico, a cotação do arroz no Brasil possui correlação com o mercado internacional, embora em menor escala se comparado à soja ou milho. O Brasil é o maior produtor fora da Ásia e, quando o câmbio está favorável ou a demanda externa de países como Venezuela, Peru e EUA aumenta, a paridade de exportação pode sustentar ou elevar os preços internos. Portanto, a cotação é um índice complexo que sintetiza desde a meteorologia no Sul do Brasil até a logística de exportação global.

Principais Características

  • Alta Volatilidade Climática: O preço é extremamente sensível às condições meteorológicas no Rio Grande do Sul; eventos como enchentes ou secas severas causam variações abruptas nas cotações devido ao risco de desabastecimento ou perdas de qualidade.

  • Sazonalidade Marcada: Historicamente, as cotações tendem a ser menores durante o pico da colheita (maior oferta disponível) e se valorizam na entressafra, exigindo estratégia de armazenamento por parte do produtor.

  • Influência do Sistema de Cultivo: A predominância do arroz irrigado (alto custo e alta produtividade) no Sul baliza o preço nacional, diferenciando-se da dinâmica de preços do arroz de sequeiro cultivado em outras regiões.

  • Correlação com Estoques de Passagem: O volume de grãos armazenados de um ano para o outro (estoques de passagem) é determinante; estoques baixos no início do ano comercial geralmente sustentam preços iniciais mais altos.

  • Impacto da Paridade de Exportação: O volume exportado (cerca de 1,8 a 2 milhões de toneladas anuais) serve como uma válvula de escape para o excedente interno, ajudando a regular a cotação doméstica.

Importante Saber

  • Monitoramento de Projeções Oficiais: É crucial acompanhar os levantamentos da Conab e da Epagri sobre intenção de plantio e estimativa de colheita, pois dados de superprodução (como o aumento de área em 2025) sinalizam tendências de baixa nos preços.

  • Cálculo de Rentabilidade: O produtor não deve olhar apenas para o valor bruto da saca; é necessário confrontar a cotação atual com o Custo Operacional Total (COT) para saber se o preço de venda cobre as despesas e gera lucro real.

  • Janela de Comercialização: Entender os ciclos de alta e baixa permite planejar a venda escalonada da safra, evitando despejar todo o produto no mercado quando as cotações estão pressionadas pelo excesso de oferta.

  • Qualidade do Grão: A cotação de referência geralmente se aplica a um padrão específico de rendimento de inteiros; lotes com qualidade inferior sofrem deságios significativos no momento da negociação.

  • Contexto Mercosul: Além da produção nacional, o fluxo de importação de arroz de países vizinhos do Mercosul (como Paraguai e Uruguai) pode impactar a disponibilidade interna e frear altas excessivas de preço.

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