O que é Cotação Do Feijão

A cotação do feijão refere-se ao valor de mercado atribuído à saca de 60 quilogramas do grão, servindo como o principal indicador econômico para a comercialização desta cultura no Brasil. Diferentemente de commodities como a soja e o milho, que possuem preços fortemente atrelados às bolsas internacionais e à variação do dólar, o preço do feijão é regido predominantemente pela dinâmica interna de oferta e demanda. Como o feijão é um alimento básico na dieta brasileira e perecível a longo prazo (perdendo qualidade visual e culinária com o armazenamento prolongado), suas cotações apresentam alta volatilidade, podendo variar significativamente em curtos períodos de tempo e entre diferentes praças de comercialização.

No contexto do agronegócio brasileiro, a formação desse preço é complexa devido à existência de três safras anuais distintas: a primeira safra (águas), a segunda safra (seca) e a terceira safra (inverno/irrigada). Essa distribuição visa garantir o abastecimento constante ao longo do ano, mas cria janelas de “entressafra” onde a escassez momentânea pode elevar os preços, como frequentemente observado nos meses de janeiro e fevereiro. A cotação não é uniforme em todo o território nacional; ela varia de acordo com a região produtora (como Paraná, Minas Gerais, Goiás e São Paulo), a variedade do grão (Carioca, Preto, Caupi) e, crucialmente, a qualidade visual do produto ofertado.

Principais Características

  • Dinâmica de Três Safras: A cotação é diretamente influenciada pelo calendário agrícola brasileiro. A entrada da colheita de cada uma das três safras (águas, seca e inverno) tende a pressionar os preços para baixo devido ao aumento da oferta, enquanto os períodos de transição (entressafra) geralmente sustentam valores mais altos.

  • Regionalização dos Preços: Não existe um preço único nacional. As cotações variam conforme a praça de referência (ex: Bolsinha em SP, praças no PR ou MG), influenciadas pelos custos logísticos de frete e pela demanda local de empacotadores e varejistas.

  • Influência da Variedade: O feijão Carioca e o feijão Preto possuem mercados distintos. O Carioca, sendo o mais consumido internamente, costuma ter maior volatilidade e prêmios por qualidade, enquanto o Preto pode ter preços mais estáveis, influenciados também pela possibilidade de importação de países vizinhos.

  • Sensibilidade Climática: Eventos como o El Niño ou La Niña têm impacto imediato nas cotações. O excesso de chuvas na colheita (que mancha o grão) ou a seca no plantio (que reduz a produtividade) são fatores que o mercado precifica rapidamente, gerando altas abruptas quando há risco de quebra de safra.

  • Padrão de Qualidade: A cotação base geralmente refere-se a um produto de boa qualidade (peneira alta, cor clara no caso do Carioca). Lotes com grãos manchados, úmidos ou com defeitos sofrem deságios severos no momento da negociação.

Importante Saber

  • Monitoramento da “Bolsinha”: Para o produtor, acompanhar a “Bolsinha” (mercado físico de referência em São Paulo) é essencial, pois ela atua como um termômetro para as negociações em outras regiões, indicando a tendência de alta ou baixa diária.

  • Janelas de Oportunidade: Historicamente, o início do ano (janeiro/fevereiro) costuma apresentar preços mais firmes devido à menor oferta remanescente da terceira safra e ao atraso ou início da colheita da primeira safra, configurando um momento estratégico para venda.

  • Relação Área x Preço: A redução da área plantada de feijão em favor de culturas como soja e milho tem ajustado a oferta nos últimos anos. Isso significa que, mesmo com produtividades normais, a menor área pode sustentar preços acima dos custos de produção, desde que o clima colabore.

  • Perecibilidade Comercial: Ao contrário de outros grãos, o feijão (especialmente o Carioca) escurece com o tempo, perdendo valor comercial. Portanto, a estratégia de “segurar” o produto esperando preços melhores deve considerar a velocidade de oxidação do grão e as condições de armazenamento.

  • Impacto da Inflação e Consumo: Como item essencial da cesta básica, preços excessivamente altos podem retrair levemente o consumo ou migrar a demanda para variedades mais baratas, criando um teto natural para as cotações antes que haja intervenção de mercado ou queda na demanda.

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