O que é Crestamento Bacteriano

O crestamento bacteriano é uma enfermidade fitossanitária frequente na cultura da soja, causada pela bactéria Pseudomonas savastanoi. Embora historicamente não seja classificada como a doença mais devastadora em termos de perdas econômicas massivas no Brasil — especialmente quando comparada a patógenos fúngicos agressivos como a ferrugem asiática —, sua presença é generalizada em praticamente todas as regiões produtoras do país. A doença manifesta-se em toda a parte aérea da planta, comprometendo folhas, hastes, pecíolos e, em estágios avançados, até mesmo as vagens, o que exige monitoramento constante por parte do produtor e do agrônomo.

A ocorrência dessa bacteriose está intimamente ligada às condições climáticas, sendo favorecida predominantemente em regiões ou microclimas de temperaturas amenas e alta umidade. A bactéria possui a capacidade de sobreviver de forma epifítica na superfície das folhas, aguardando o momento ideal para iniciar a infecção. Apesar de os danos no Brasil serem geralmente considerados baixos, dados de referência dos Estados Unidos indicam que, em condições ideais para o patógeno e sem o devido manejo, ataques severos podem comprometer até 40% da produção, o que justifica a atenção técnica para evitar que a doença se torne um fator limitante na lavoura.

O processo infeccioso depende da entrada da bactéria nos tecidos vegetais, o que ocorre através de aberturas naturais, como os estômatos, ou por ferimentos causados por insetos, granizo ou maquinário. Uma vez instalada, a doença provoca necrose nos tecidos foliares, reduzindo a área fotossintética ativa da planta. A identificação correta é crucial, pois os sintomas podem ser confundidos com outras moléstias ou fitotoxidez, levando a decisões de manejo equivocadas que não controlam o agente causal bacteriano.

Principais Características

  • Sintomatologia Inicial: As lesões começam como pequenas manchas com aspecto encharcado, tecnicamente denominadas anasarca, que apresentam uma aparência translúcida contra a luz.

  • Halo Amarelado: As manchas necróticas são frequentemente circundadas por um halo de coloração amarela (clorótico). A largura deste halo varia conforme a temperatura: é largo e evidente em temperaturas amenas, e estreito ou invisível em temperaturas altas.

  • Localização na Planta: Diferente de muitas doenças fúngicas que iniciam no baixeiro, os sintomas do crestamento bacteriano são mais facilmente visualizados no terço médio e superior da planta, afetando preferencialmente as folhas mais jovens.

  • Aparência das Folhas: Com a evolução da doença, os tecidos necrosados secam e se desprendem, conferindo às folhas um aspecto rasgado, dilacerado ou perfurado.

  • Sinais em Plantas Jovens: Em casos de infecção severa durante os estágios iniciais de desenvolvimento da cultura, pode ocorrer o enrugamento das folhas, sintoma que altera a morfologia foliar.

  • Presença de Exsudato: Em condições de alta umidade, é possível observar na face inferior da folha (abaxial) um exsudato bacteriano, que pode secar e formar uma película brilhante ou escamas sobre as lesões.

Importante Saber

  • Diagnóstico de Campo: Para diferenciar o crestamento de outras doenças, recomenda-se inspecionar a face inferior das folhas nas horas mais úmidas da manhã, buscando o brilho característico do exsudato bacteriano seco ou úmido.

  • Confirmação Laboratorial: Embora a diagnose visual seja confiável quando os sintomas são típicos, a certeza absoluta (100%) para diferenciação de outras manchas foliares só é obtida através de análise laboratorial do material vegetal.

  • Condições de Infecção: A presença de um filme de água na superfície da folha é um pré-requisito essencial para que a infecção ocorra; sem essa umidade livre, a bactéria tem dificuldade em penetrar os estômatos.

  • Diferenciação de Viroses: O sintoma de enrugamento foliar em plantas jovens, causado pelo crestamento severo, é frequentemente confundido com viroses (como o mosaico comum), exigindo olhar clínico apurado para não errar o diagnóstico.

  • Disseminação na Lavoura: A bactéria se espalha facilmente dentro da lavoura através de respingos de chuva e vento, mas também pode ser disseminada em dias secos quando o exsudato seco se fragmenta em escamas e é levado pelo ar.

  • Impacto da Temperatura: O monitoramento deve ser intensificado em períodos de temperaturas amenas, pois é quando os sintomas visuais (como o halo) são mais expressivos e a doença tende a evoluir com maior rapidez.

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