O que é Crestamento Foliar Soja

O Crestamento Foliar da Soja, causado predominantemente pelo fungo Cercospora kikuchii, é uma das enfermidades mais recorrentes nas lavouras brasileiras, integrando o chamado complexo de Doenças de Final de Ciclo (DFC). Esta patologia caracteriza-se pela infecção generalizada da parte aérea da planta, resultando em lesões foliares que evoluem para necroses extensas. Embora a infecção possa ocorrer nos estádios vegetativos iniciais, o fungo costuma permanecer em período de latência, manifestando sintomas visíveis e agressivos principalmente durante a fase reprodutiva da cultura (R3 a R6), momento crítico para a definição da produtividade.

No contexto do agronegócio brasileiro, o crestamento foliar assume grande importância econômica devido à sua ampla disseminação e capacidade de sobrevivência em restos culturais, favorecida pelo sistema de plantio direto. A doença não afeta apenas a folhagem; o patógeno é também o agente causal da “Mancha Púrpura” nas sementes. Isso significa que o impacto é duplo: há redução de rendimento devido à perda de área fotossintética e desfolha prematura, e há depreciação da qualidade do grão e do vigor da semente, o que é particularmente crítico para produtores de sementes.

A epidemiologia da doença está estritamente ligada às condições climáticas tropicais. Temperaturas entre 23°C e 27°C, associadas a períodos de alta umidade relativa ou molhamento foliar prolongado, criam o ambiente ideal para a esporulação e infecção. Como o fungo é necrotrófico, ele se beneficia de tecidos em senescência ou estresse, colonizando rapidamente as folhas superiores no final do ciclo e acelerando a maturação da lavoura de forma desuniforme e prejudicial.

Principais Características

  • Sintomatologia Foliar: Inicia-se com pontuações castanho-avermelhadas que coalescem, formando grandes manchas necróticas de coloração violácea ou bronzeada, dando à folha um aspecto de couro (coriáceo) e rugoso.
  • Mancha Púrpura na Semente: O fungo infecta a vagem e atinge o tegumento do grão, causando manchas irregulares de cor púrpura, que não afetam o interior dos cotilédones, mas reduzem o valor comercial e o poder germinativo.
  • Desfolha Prematura: O ataque severo causa a queda antecipada das folhas, encurtando o ciclo de enchimento de grãos e reduzindo o peso final de mil sementes (PMS).
  • Sobrevivência no Inóculo: O patógeno sobrevive de uma safra para outra em sementes infectadas e, principalmente, nos restos culturais da soja, servindo de fonte de inóculo primário.
  • Latência: Uma característica marcante é o longo período latente; a infecção ocorre cedo, mas os sintomas típicos de “queima” ou crestamento só aparecem no enchimento de grãos.

Importante Saber

  • Manejo Químico Preventivo: Devido ao período de latência, as aplicações de fungicidas devem ser preventivas, iniciadas ainda no estádio vegetativo ou no pré-fechamento das entrelinhas, visando reduzir a carga de inóculo antes da expressão dos sintomas.
  • Tratamento de Sementes: O uso de sementes certificadas e tratadas com fungicidas específicos é a primeira linha de defesa, pois evita a introdução do patógeno em áreas isentas e protege a plântula na fase inicial.
  • Rotação de Culturas: A rotação com espécies não hospedeiras (como o milho e gramíneas forrageiras) é fundamental para quebrar o ciclo do fungo e reduzir a quantidade de inóculo presente na palhada.
  • Diagnóstico Diferencial: É crucial não confundir o crestamento foliar com fitotoxidez causada por herbicidas ou com a “queima solar” (sun scald), que podem apresentar sintomas visuais semelhantes de bronzeamento foliar.
  • Resistência Genética: Embora existam cultivares com diferentes níveis de tolerância, a resistência completa é rara; portanto, o controle genético deve ser sempre somado ao controle químico e cultural.
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