Podridão Parda da Haste: Identificação e Manejo na Soja
Podridão parda da haste da soja: entenda o impacto da doença, as condições favoráveis para sua ocorrência e como controlá-la efetivamente
1 artigo encontrado com a tag " Cultivares Resistentes"
Cultivares resistentes são variedades de plantas desenvolvidas por meio de melhoramento genético — seja convencional ou via biotecnologia — que possuem a capacidade intrínseca de restringir o crescimento e o desenvolvimento de determinadas pragas ou patógenos, ou de suportar estresses ambientais melhor do que outras variedades da mesma espécie. No contexto da agricultura tropical brasileira, onde a pressão de doenças fúngicas, nematoides e insetos é constante e intensa, o uso dessas cultivares representa a base do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP/MID). Elas funcionam como uma barreira biológica, reduzindo a necessidade de intervenções químicas e protegendo o potencial produtivo da lavoura.
A importância prática dessas cultivares é evidenciada principalmente no controle de doenças de difícil manejo químico, como as doenças vasculares e de solo. Um exemplo claro, citado nos artigos de referência, é o controle da Podridão Parda da Haste na soja. Como o fungo causador (Cadophora gregata) se aloja no interior do sistema vascular da planta e sobrevive no solo, a aplicação de fungicidas foliares tem eficácia muito limitada. Nesse cenário, a escolha de uma cultivar geneticamente resistente é, muitas vezes, a única estratégia eficiente para evitar perdas severas de produtividade, que podem chegar a 25% em materiais suscetíveis.
Além de proteger a safra atual, o uso de cultivares resistentes desempenha um papel fundamental na sanidade do solo a longo prazo. Ao impedir a multiplicação desenfreada do patógeno na planta hospedeira, essas variedades ajudam a reduzir a quantidade de inóculo (esporos, ovos de nematoides, etc.) presente na área para as safras seguintes. Portanto, não se trata apenas de uma escolha de semente, mas de uma ferramenta de gestão de risco e sustentabilidade do sistema produtivo.
Mecanismo de Defesa Ativo: A resistência não é passiva; a planta resistente ativa reações bioquímicas ou estruturais quando atacada, impedindo que o fungo ou praga se estabeleça ou se reproduza com sucesso.
Especificidade de Raças: Muitas cultivares são resistentes apenas a raças específicas de um patógeno. No caso da Podridão Parda da Haste, por exemplo, existem os tipos A (desfolha) e B (apenas sintomas vasculares), e a resistência da cultivar deve ser compatível com a raça predominante na lavoura.
Redução da Taxa de Reprodução: Uma característica central é a capacidade de diminuir drasticamente a multiplicação do agente causador, o que diferencia uma planta resistente de uma planta apenas tolerante (que produz bem mesmo doente, mas multiplica o patógeno).
Variabilidade de Níveis: A resistência pode ser completa (imunidade, embora rara) ou parcial. Na resistência parcial, a planta pode apresentar sintomas leves, mas o dano econômico é significativamente mitigado em comparação a uma variedade suscetível.
Interação Genótipo-Ambiente: A expressão da resistência pode ser influenciada pelo ambiente. Em condições extremas de clima favorável à doença, até mesmo cultivares resistentes podem apresentar sintomas, embora em menor grau de severidade.
Necessidade de Rotação de Cultivares: O uso contínuo da mesma cultivar resistente (ou do mesmo gene de resistência) em grandes áreas pode exercer pressão de seleção sobre o patógeno, levando ao surgimento de novas raças capazes de “quebrar” essa resistência.
Diagnóstico Correto da Área: Antes de escolher a semente, é crucial saber qual patógeno e qual raça estão presentes no talhão. Para doenças como a Podridão Parda ou cisto da soja, a análise de solo e o histórico da área são determinantes para a escolha da tecnologia correta.
Não Dispensa o Monitoramento: Plantar uma cultivar resistente não significa abandonar o monitoramento. É essencial acompanhar a lavoura para verificar se a resistência está funcionando e para controlar outras doenças secundárias que podem surgir.
Diferença entre Resistência e Tolerância: É vital distinguir os termos. Uma planta tolerante sofre a doença mas não perde muita produtividade, porém deixa muito inóculo no solo para o próximo ano. Já a resistente foca em impedir o desenvolvimento da doença, protegendo o sistema produtivo.
Planejamento Integrado: A genética é uma ferramenta poderosa, mas não deve atuar sozinha. A rotação de culturas (com plantas não hospedeiras), o tratamento de sementes e a manutenção da fertilidade do solo são complementos obrigatórios para garantir a longevidade da tecnologia de resistência.
Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Cultivares Resistentes