Porta-Enxertos na Citricultura: Guia para Escolher a Base do Pomar
Porta-enxertos na citricultura: as mudas cítricas, a importância dos porta-enxertos e como eles influenciam no manejo do pomar.
1 artigo encontrado com a tag " Cultivo de Laranja"
O cultivo de laranja, ou citricultura, representa uma das atividades mais expressivas e tecnificadas do agronegócio brasileiro, mantendo o país na liderança mundial de produção e exportação de suco. Diferente de culturas anuais, a implantação de um laranjal é um investimento de longo prazo, onde as árvores permanecem produtivas no campo por um período médio de 15 a 20 anos. Esse horizonte temporal exige um planejamento agronômico rigoroso, pois decisões tomadas antes do plantio impactarão a rentabilidade por décadas.
A base técnica da citricultura moderna não reside no plantio direto de sementes, mas sim na técnica de enxertia. Uma muda de laranja comercial é, na verdade, uma planta composta por dois indivíduos distintos: a copa (enxerto), que determina a variedade da fruta e suas características comerciais, e o porta-enxerto (cavalo), que constitui o sistema radicular. O porta-enxerto funciona como o “chassi” da planta, sendo responsável pela absorção de água e nutrientes, além de conferir vigor e resistência a condições adversas. Portanto, o cultivo de laranja no Brasil é uma atividade que integra alta tecnologia genética, manejo fitossanitário constante e estratégias avançadas de nutrição para garantir a produtividade em diferentes condições edafoclimáticas.
Propagação por Enxertia: O método padrão utiliza a borbulhia (geralmente do tipo “T invertido”) para unir a variedade produtiva a um sistema radicular robusto, combinando as melhores características de ambas as partes.
Uso de Mudas Certificadas: Devido à pressão de doenças severas, a utilização de mudas produzidas em viveiros telados e sob rigorosa fiscalização sanitária é obrigatória em estados produtores como São Paulo e Rio Grande do Sul.
Influência do Porta-Enxerto: A escolha da raiz define o comportamento da planta, podendo alterar a qualidade do suco, o tamanho da fruta, a tolerância à seca e até a precocidade da entrada em produção.
Manejo de Longo Ciclo: Por ser uma cultura perene, o manejo do solo e das plantas deve visar a sustentabilidade a longo prazo, evitando a degradação física e química do terreno ao longo dos anos.
Diversidade Genética: O setor utiliza diversos tipos de porta-enxertos (como Limão Cravo, Citrumelo Swingle e Trifoliata) para adaptar o pomar a diferentes desafios, fugindo da monocultura genética que favorece pragas.
Resistência a Fatores Abióticos: A escolha do porta-enxerto deve ser guiada pelas limitações do ambiente. Em áreas de sequeiro (sem irrigação), deve-se priorizar raízes com maior tolerância ao déficit hídrico; já em solos salinos ou sujeitos a geadas, existem variedades específicas para mitigar esses danos.
Controle de Vigor e Adensamento: Porta-enxertos ananicantes (que reduzem o tamanho da planta) permitem o plantio de mais árvores por hectare (adensamento). Isso facilita a colheita manual e a eficiência das pulverizações, otimizando o uso da terra.
Defesa contra Doenças (Fatores Bióticos): Algumas doenças letais ou debilitantes, como a Gomose e a Tristeza dos Citros, podem ser manejadas preventivamente através da escolha de porta-enxertos geneticamente resistentes a esses patógenos.
Compatibilidade Enxerto-Porta-Enxerto: É crucial verificar se a variedade de laranja desejada (copa) é compatível com o porta-enxerto escolhido. Incompatibilidades podem gerar anelamento no tronco, fluxo de seiva deficiente e morte prematura da planta.
Origem e Rastreabilidade: O sucesso do cultivo começa na aquisição da muda. O produtor deve exigir documentação que comprove a origem genética e a sanidade do material, garantindo que o pomar não inicie já contaminado por pragas ou doenças sistêmicas.
Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Cultivo de Laranja