O que é Cultura Do Amendoim
A cultura do amendoim (Arachis hypogaea) refere-se ao sistema de produção agrícola de uma leguminosa oleaginosa de grande relevância econômica e agronômica para o Brasil. Diferente de outras culturas que possuem apenas importância alimentar direta, o amendoim no cenário brasileiro destaca-se por sua alta tecnificação e pelo papel estratégico na rotação de culturas, especialmente em áreas de renovação de canaviais no estado de São Paulo, que concentra a maior parte da produção nacional. O grão é valorizado tanto pelo alto teor de óleo e proteína para a indústria alimentícia quanto para a exportação, atendendo a rigorosos padrões de qualidade internacionais.
No contexto prático do campo, o cultivo do amendoim exige um manejo especializado, visto que a planta possui particularidades fisiológicas únicas, como a frutificação subterrânea. O Brasil avançou significativamente no desenvolvimento de cultivares adaptadas às condições tropicais, focando em variedades do tipo “Runner” (ramificadas e rasteiras), que oferecem alta produtividade e resistência a doenças. Além da produção de grãos, a cultura desempenha um serviço ecossistêmico vital ao fixar nitrogênio atmosférico no solo, reduzindo custos com fertilizantes para a cultura subsequente e melhorando a estrutura física da terra.
O sucesso da lavoura depende de um planejamento rigoroso que engloba desde a escolha da semente certificada até o processo de pós-colheita. A cadeia produtiva do amendoim brasileiro é reconhecida pela exigência de controle sanitário, visando eliminar riscos de contaminação fúngica. Portanto, entender essa cultura vai além do plantio; envolve a gestão integrada de pragas, o monitoramento climático e, crucialmente, o manejo correto da secagem dos grãos para garantir a segurança alimentar e a rentabilidade do produtor.
Principais Características
- Geocarpia (Frutificação Subterrânea): A característica mais distinta do amendoim é que, após a polinização das flores na parte aérea, a planta emite uma estrutura chamada ginóforo (ou “esporão”) que cresce em direção ao solo, onde a vagem se desenvolve e amadurece enterrada.
- Hábito de Crescimento: As cultivares comerciais mais utilizadas no Brasil pertencem ao grupo Runner, apresentando hábito de crescimento rasteiro, ciclo mais longo (entre 120 a 140 dias) e alta capacidade produtiva em comparação às variedades de porte ereto.
- Exigência Edáfica: A cultura prefere solos de textura média a arenosa, bem drenados e friáveis. Solos muito argilosos ou compactados dificultam a penetração do ginóforo e aumentam as perdas durante o arranquio mecanizado.
- Fixação Biológica de Nitrogênio: Como leguminosa, o amendoim realiza simbiose com bactérias do gênero Bradyrhizobium, capazes de fixar nitrogênio do ar, o que nutre a planta e deixa resíduos nitrogenados benéficos para o solo.
- Sensibilidade ao Fotoperíodo e Temperatura: É uma planta de clima tropical que demanda temperaturas elevadas (ótimas entre 25°C e 30°C) e alta luminosidade para maximizar a fotossíntese e o enchimento de grãos, sendo sensível a baixas temperaturas.
Importante Saber
- Controle de Aflatoxina: O maior desafio fitossanitário e comercial do amendoim é a contaminação por fungos do gênero Aspergillus, produtores de aflatoxina. O controle começa no campo, mas é crítico durante a secagem e armazenamento, exigindo monitoramento constante da umidade dos grãos.
- Colheita em Duas Etapas: O processo de colheita é mecanizado e dividido em duas fases distintas: o arranquio e inversão (onde as plantas são expostas ao sol para secagem natural das vagens) e, posteriormente, o recolhimento e trilha. O ponto de maturação correto é essencial para evitar perdas.
- Manejo de Doenças Foliares: A cultura é suscetível a doenças fúngicas severas, principalmente a Mancha Preta (Cercosporidium personatum) e a Mancha Castanha (Cercospora arachidicola), que causam desfolha precoce e exigem um programa rigoroso de fungicidas.
- Rotação com Cana-de-Açúcar: O amendoim é a principal cultura utilizada na reforma de canaviais. Além de gerar receita no período de entressafra da cana, ele melhora a qualidade do solo e quebra o ciclo de pragas específicas da monocultura da cana.
- Preparo do Solo: Devido à frutificação subterrânea, o preparo do solo deve garantir a ausência de camadas compactadas e torrões, facilitando tanto o aprofundamento das raízes quanto a penetração dos ginóforos e a operação de arranquio.
- Monitoramento de Pragas: Pragas como o tripes (vetor da virose vira-cabeça) e a lagarta-do-pescoço-vermelho demandam atenção redobrada, pois podem comprometer o estande de plantas e a qualidade final das vagens.