Artigos sobre Custo de Produção Cana de açúcar

O que é Custo De Produção Cana De Açúcar

O custo de produção da cana-de-açúcar representa o somatório de todos os recursos financeiros investidos para o estabelecimento, manutenção, colheita e transporte da cultura até a indústria. No contexto do agronegócio brasileiro, este indicador é dividido fundamentalmente em custos de formação do canavial (plantio), custos de tratos culturais da cana-soca (manutenção anual) e custos de Corte, Transbordo e Transporte (CTT). A gestão eficiente desses valores é determinante para a rentabilidade, visto que a cultura possui um ciclo longo, onde o investimento inicial no plantio é amortizado ao longo de cinco ou seis cortes.

Para a safra 2024/25, a análise do custo de produção ganha ainda mais relevância. Embora tenha ocorrido uma redução nos preços dos insumos (entre 15% e 20%) e um aumento de produtividade (TCH) na safra anterior, o cenário atual aponta para uma queda no valor do ATR (Açúcares Totais Recuperáveis). Isso significa que, mesmo gastando menos para produzir, a receita por tonelada pode ser menor, exigindo do produtor um controle financeiro rigoroso para proteger as margens de lucro.

Além dos insumos e operações de campo, o custo de produção também deve considerar fatores administrativos, arrendamento da terra (custo de oportunidade) e depreciação de maquinário. A variabilidade regional, como o déficit hídrico em São Paulo ou a expansão de áreas no Centro-Oeste e Nordeste, altera a composição desses custos, demandando estratégias personalizadas de manejo para cada realidade edafoclimática.

Principais Características

• Peso do CTT: As operações de Corte, Transbordo e Transporte representam historicamente a maior fatia dos custos operacionais, exigindo logística eficiente para evitar perdas de matéria-prima e gastos excessivos com diesel e manutenção.

• Amortização do Plantio: O alto investimento realizado na formação do canavial (preparo de solo, mudas, plantio) é diluído ao longo dos anos de vida útil da lavoura, impactando o custo final da tonelada em cada safra subsequente.

• Volatilidade dos Insumos: O custo é altamente sensível à variação cambial e ao mercado internacional, especialmente no que tange a fertilizantes e defensivos, que apresentaram queda recente, aliviando o caixa do produtor momentaneamente.

• Correlação com TCH: O custo unitário (R/tonelada) é inversamente proporcional à produtividade agrícola (Toneladas de Cana por Hectare); quanto maior a produtividade, menor tende a ser o custo fixo diluído por tonelada produzida.

• Influência Climática: Fatores como o déficit hídrico, previsto para regiões como o Sudeste, podem elevar os custos devido à necessidade de manejo mais intensivo ou irrigação, além de impactar o potencial produtivo.

Importante Saber

• Queda na Margem de Lucro: Para a safra 2024/25, a estimativa de redução no valor do ATR para cerca de R 1,10 exige que o produtor foque na eficiência operacional, pois a receita bruta por hectare tende a ser pressionada.

• Gestão de Insumos: Aproveitar momentos de baixa nos preços de fertilizantes e defensivos para realizar compras estratégicas ou travamento de custos é fundamental para garantir a rentabilidade do ciclo.

• Ponto de Renovação: Monitorar o custo de produção em relação à produtividade é essencial para decidir o momento exato de reformar o canavial; manter canaviais velhos e pouco produtivos pode elevar o custo médio da fazenda.

• Diferenças Regionais: Produtores no Nordeste e Centro-Oeste podem enfrentar estruturas de custos diferentes das do Sudeste devido à expansão de áreas e logística, exigindo planejamento adaptado à realidade local.

• Controle Administrativo: Em cenários de preços de venda (açúcar/etanol) mais baixos ou instáveis, a “gordura” para erros diminui, tornando indispensável o uso de ferramentas de gestão para rastrear cada centavo investido por hectare.