O que é Custo De Produção Do Feijão

O custo de produção do feijão é um indicador gerencial fundamental que engloba a soma de todos os recursos financeiros investidos para o planejamento, implantação, condução e colheita da cultura. No contexto do agronegócio brasileiro, onde o país figura entre os cinco maiores produtores mundiais, o domínio sobre esses números é o que difere uma safra rentável de um prejuízo operacional. Devido ao ciclo relativamente curto do feijão e sua alta sensibilidade a estresses bióticos e abióticos, a cultura exige um manejo intensivo que impacta diretamente o fluxo de caixa do produtor.

Este cálculo não se resume apenas ao desembolso imediato na compra de insumos. Ele deve considerar despesas variáveis (sementes, fertilizantes, defensivos, combustíveis) e custos fixos ou indiretos (depreciação de maquinário, mão de obra permanente, impostos e custo de oportunidade da terra). O objetivo principal de apurar o custo de produção é determinar o “ponto de equilíbrio” da lavoura, ou seja, quantas sacas por hectare são necessárias para cobrir as despesas, permitindo ao agricultor tomar decisões estratégicas sobre o nível tecnológico a ser adotado e o momento ideal de comercialização.

Principais Características

  • Alta Representatividade dos Insumos: Uma parcela significativa do custo de produção do feijão está atrelada à aquisição de insumos como fertilizantes e defensivos agrícolas. Como muitos desses produtos têm preços influenciados pela cotação do dólar, o custo final por hectare pode sofrer variações bruscas dependendo do cenário econômico no momento da compra.

  • Necessidade de Controle Fitossanitário Rigoroso: O feijão é uma cultura sensível à competição com plantas daninhas e ao ataque de pragas e doenças. Isso exige um investimento considerável em herbicidas, fungicidas e inseticidas, além de adjuvantes para garantir a eficiência das aplicações, compondo uma fatia relevante do orçamento operacional.

  • Variação por Nível Tecnológico: O custo varia drasticamente conforme o sistema de produção. Lavouras de alta tecnologia, que utilizam sementes certificadas, irrigação (comum na safra de inverno) e agricultura de precisão, possuem custos operacionais mais elevados, porém tendem a oferecer maior estabilidade produtiva em comparação a sistemas de baixa tecnologia ou de subsistência.

  • Rateio de Custos de Correção de Solo: Diferente de insumos aplicados anualmente, investimentos em corretivos como calcário e gesso possuem efeito residual prolongado. Caracteristicamente, o custo desses produtos não deve ser atribuído integralmente a uma única safra, mas sim rateado entre os ciclos produtivos que se beneficiarão da melhoria química do solo.

  • Impacto das Sementes: A escolha entre sementes certificadas (com alto vigor e pureza) e sementes salvas (produção própria) altera a estrutura de custos. Embora a semente salva pareça mais barata inicialmente, ela possui custos implícitos de beneficiamento, armazenamento e riscos sanitários que devem ser contabilizados.

Importante Saber

  • Cálculo de Insumos por Hectare: Para obter um valor preciso, o produtor deve multiplicar o preço unitário do insumo (R/kg ou R/L) pela dose exata aplicada por hectare. Erros nessa etapa, como ignorar a quantidade real utilizada ou as perdas na aplicação, podem subestimar o custo total e comprometer a análise de lucro.

  • Legislação de Sementes Salvas: Ao optar por utilizar sementes próprias para reduzir custos, é crucial estar atento às normas do Ministério da Agricultura (MAPA). Existem regras específicas para a reserva de material de propagação, e o descumprimento pode gerar multas que superam a economia planejada, além de riscos agronômicos.

  • Depreciação e Manutenção: Um erro comum é ignorar o desgaste das máquinas e implementos. O custo-hora do trator e dos implementos utilizados no preparo, plantio e pulverização deve ser incluído na conta. Ignorar a depreciação cria uma falsa sensação de lucro no curto prazo, mas descapitaliza o produtor no momento da renovação da frota.

  • Planejamento Baseado em Receita Esperada: O cálculo do custo de produção deve ser feito antes mesmo do plantio. Ao comparar o custo estimado com a expectativa de receita (produtividade esperada x preço de venda futuro), o agrônomo ou produtor pode decidir se a safra é viável ou se é necessário ajustar o pacote tecnológico para garantir margem de lucro.

  • Ferramentas de Gestão: Devido à complexidade e quantidade de variáveis (múltiplas aplicações de defensivos, diferentes fontes de adubação), o uso de softwares agrícolas ou planilhas detalhadas é superior às anotações em caderno, pois permitem simulações de cenários e evitam erros matemáticos no fechamento da safra.

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