Artigos sobre da Onde Vem o Amendoim

O que é Da Onde Vem O Amendoim

O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma leguminosa oleaginosa originária da América do Sul. Estudos botânicos e arqueológicos indicam que o centro de origem primário desta cultura situa-se na região que abrange o sul da Bolívia e o noroeste da Argentina, estendendo-se para o Brasil, que é considerado um importante centro secundário de diversidade genética. No território brasileiro, diversas espécies silvestres do gênero Arachis são encontradas nativamente, o que reforça a importância do país na história evolutiva e na domesticação desta planta pelos povos indígenas muito antes da chegada dos colonizadores europeus.

No contexto do agronegócio brasileiro atual, entender a origem do amendoim vai além da botânica; envolve compreender sua cadeia produtiva consolidada. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais, com destaque absoluto para o estado de São Paulo, que concentra a maior parte da produção nacional. A cultura se estabeleceu como uma peça-chave nos sistemas de produção agrícola, especialmente em áreas de renovação de canaviais, onde o amendoim é cultivado nos intervalos de reforma da cana-de-açúcar, aproveitando a infraestrutura e beneficiando o solo.

Diferente de outras nozes e castanhas que crescem em árvores, o amendoim tem a peculiaridade de frutificar abaixo da superfície do solo, embora floresça acima dele. Esta característica biológica define todo o manejo da cultura, desde o preparo do solo até a colheita. A planta é valorizada tanto pela produção de grãos, destinados à indústria de alimentos (confeitaria e óleo), quanto pela qualidade de sua parte vegetativa, que pode ser utilizada na alimentação animal, demonstrando a versatilidade desta cultura de origem sul-americana.

Principais Características

• Geocarpia: Esta é a característica mais distinta da planta; após a polinização das flores (que ocorre na parte aérea), forma-se uma estrutura chamada ginóforo (ou “esporão”), que cresce em direção ao solo, penetra na terra e lá desenvolve o fruto (a vagem com os grãos).
• Hábito de Crescimento: As cultivares comerciais dividem-se principalmente em dois grupos: as de porte ereto (tipo Valência ou Spanish), com ciclo mais curto, e as de porte rasteiro (tipo Runner), que são as mais utilizadas na agricultura tecnificada brasileira devido à maior produtividade e facilidade de colheita mecanizada.
• Fixação Biológica de Nitrogênio: Como leguminosa, o amendoim realiza simbiose com bactérias do gênero Bradyrhizobium, capazes de fixar o nitrogênio atmosférico, reduzindo a necessidade de adubação nitrogenada mineral e deixando residual nutricional para a cultura sucessora.
• Sistema Radicular: Possui raiz pivotante profunda, o que confere certa tolerância a veranicos curtos, embora a planta seja exigente em água durante a fase de florescimento e enchimento de grãos.
• Ciclo da Cultura: O ciclo varia conforme a cultivar e as condições climáticas, situando-se geralmente entre 90 a 140 dias, sendo que as variedades rasteiras (Runners) tendem a ter ciclos mais longos (120 a 140 dias).

Importante Saber

• Risco de Aflatoxinas: O maior desafio fitossanitário e comercial do amendoim é a contaminação por fungos do gênero Aspergillus, produtores de aflatoxinas. O controle rigoroso da umidade na pós-colheita e secagem é crucial, pois altos níveis inviabilizam a comercialização e exportação.
• Preparo do Solo: Devido à frutificação subterrânea, o solo deve ser bem preparado, descompactado e livre de torrões ou restos culturais excessivos que possam impedir a penetração do ginóforo ou dificultar o arranquio das vagens.
• Processo de Colheita: A colheita mecanizada ocorre em duas etapas distintas: o arranquio e inversão (onde as plantas são expostas ao sol para secagem natural no campo) seguido pelo recolhimento e trilha, exigindo monitoramento climático preciso para evitar chuvas sobre as leiras.
• Rotação de Culturas: O amendoim é excelente para rotação, especialmente com gramíneas (como milho e cana-de-açúcar) e pastagens, pois ajuda a quebrar o ciclo de pragas e doenças específicas dessas culturas e melhora a estrutura e fertilidade do solo.
• Controle de Plantas Daninhas: A cultura é sensível à competição inicial (período crítico de interferência), exigindo um manejo eficiente de herbicidas, mas com cuidado redobrado na escolha dos produtos para evitar fitotoxicidade, especialmente em solos arenosos.